quinta-feira, 1 de outubro de 2009

3º Mito: A tragédia das falências

Continuo a série Mitos e Obstáculos que impedem o nosso desenvolvimento e a que aludi em post anterior.
Em Portugal, as empresas nascem, vivem, crescem, mas, contra a lei natural, raramente morrem. Como não desaparecem, vegetam.
O número de empresas envolvidas anualmente em processo de falência é da ordem dos dois, três milhares, inferior a 1% do universo das empresas.
Esta percentagem compara com taxas superiores a 8 % no Reino Unido, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Finlândia, ou ligeiramente inferiores a 8% na Espanha e Itália (dados de há 4 anos).
Para tal concorreu o tradicional proteccionismo estatal às empresas económica ou financeiramente falidas, alicerçado em procedimentos falimentares morosos e inadequados.
Uma falência retardada não salva o bem social composto pelas instalações, que vão caindo aos poucos, pelos equipamentos, que são roubados ou se tornam inúteis, pelos clientes, fornecedores e trabalhadores.
A General Motors decidiu em Junho apresentar-se à falência, em Nova York. Passado pouco mais de um mês, o Tribunal aprovou o plano de falência. Claro que saíram prejudicados os accionistas e muitos créditos foram reduzidos. Mas a actividade continua e o emprego foi assegurado.
Em Portugal, os processos de falência demoram anos, mesmo considerando a diminuta dimensão das nossas empresas.
Uma falência oportuna é a melhor forma de punir a má gestão, de aproveitar o que resta dos activos empresariais permitindo a sua aquisição por terceiros e assim salvaguardar os interesses e direitos de clientes, fornecedores e trabalhadores.
Ao contrário do mito há muito instalado em Portugal.

1 comentário:

  1. É verdade, a falência em Portugal é um estigma, como é qualquer falhanço. Noutros países da Europa também era normal perder o emprego e arranjar outro, também por isso a crise foi traumática, as pessoas sentiram-se profundamente enganadas qunado perderam o emprego e não encontravam outra oportunidade. Entre nós é tudo definitivo porque não se aceitam socialmente as consequências do risco e poucos estão dispostos a dar segunda oportunidade. Empresa para a vida, ou mesmo para gerações, emprego para a vida, montes de dificuldades e de justificações para conseguir uma mudança. E, o entanto, fomos um povo de aventureiros...e ainda somos, a avaliar pelo número de jovens que aproveitam todos os pretextos para meter pés a caminho do desconhecido.Que diabo terá este rectângulo?

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