A gamela

"Estou disposta a perder a gamela de Bruxelas..."
Elisa Ferreira, euro-deputada e candidata virtual à Câmara do Porto

De cabeça baixa, os porcos precipitavam-se para a gamela, no chão do curral, quando lhes era levada a “lavagem”, o alimento composto de couves e restos de vegetais cozidos na panela grande dos porcos.
Já as vacas comiam de cabeça levantada, que a manjedoura estava colocada na parede, a meia altura.
Também o modo de vida atesta a diferente dignidade dos animais: os porcos, sem queda para trabalhar, passando o tempo a fossar o chão e comendo de cabeça submissa os restos que lhes caíam na gamela e as vacas, fornecedoras de leite e mouras de trabalho nos campos , mas de cabeça levantada, até na refeição.
Elisa Ferreira, fez-me lembrar este quadro que ainda vai perdurando em muitas aldeias e na minha aldeia beirã.
E, recordando esses tempos, nunca vi um porco deixar a gamela, fosse ela de madeira ou de pedra. E, se podia, ainda ia atacar a gamela do lado.
Porco é porco para todo o sempre. E em todo o lugar da terra.