Tenho escrito sobre o tema, de tempos a tempos, quando as sirenes das estatísticas da natalidade tocam alto (ler mais, por exemplo, aqui e aqui). Por isso, as minhas desculpas aos leitores por mais esta teimosia.
As notícias hoje divulgadas sobre a natalidade registada nos primeiros nove meses de 2009 em Portugal são preocupantes e as perspectivas para os anos mais próximos também não são as melhores.
As notícias não são novas, não surpreendem. Também não é novidade que não estamos a levar o problema a sério. Não tem que ser uma fatalidade, mas se nada fizermos para contrariar esta tendência vamos agravar o empobrecimento demográfico e dentro em pouco seremos um país velho sem futuro…
O problema da natalidade está ao nível de outros problemas estruturais que deixamos arrastar e que teimamos em não resolver. Porquê? Porque não têm solução? Não pode ser...
As notícias hoje divulgadas sobre a natalidade registada nos primeiros nove meses de 2009 em Portugal são preocupantes e as perspectivas para os anos mais próximos também não são as melhores.
As notícias não são novas, não surpreendem. Também não é novidade que não estamos a levar o problema a sério. Não tem que ser uma fatalidade, mas se nada fizermos para contrariar esta tendência vamos agravar o empobrecimento demográfico e dentro em pouco seremos um país velho sem futuro…
O problema da natalidade está ao nível de outros problemas estruturais que deixamos arrastar e que teimamos em não resolver. Porquê? Porque não têm solução? Não pode ser...
Cara Margarida Aguiar
ResponderEliminarNão devia pedir desculpa porque o assunto é muito, melhor, demasiado importante para ser ignorado.
É inaudito que estejamos a assobiar para o lado sobre este assunto e sem que nenhum dos partidos políticos tratem do assunto.
Parece que as questões "fracturantes" facturam mais e têm mais retorno.
Mais do que a dívida, importante, será por esta irresponsabilidade que seremmos julgados e severamente julgados pelas gerações futuras.
Já agora, será que não compreenderam (os responsáveis políticos) que a taxa de natalidade é um dos elementos que pesa no momento de uma empresa investir em Portugal?
Cumprimentos e parabéns pelo post
joão
Todos os estudos demonstram que os elevados níveis de qualificação académica e profissional os maiores responsáveis pela crise demográfica europeia, já que os europeus estudam mais anos e adiam consequentemente o estabelecimento de famílias. Perdem assim entre cinco a dez anos de fecundidade e isto tem um impacto estatístico muito significativo. Outros factores existem, contudo, como o aumento da taxa de empregabilidade feminina.
ResponderEliminarSolução: Deseducar e desempregar ou recorrer à imigração.
Wegie
ResponderEliminarOs asiáticos possuem a mesma qualificação e gastam quase o mesmo tempo em qualificação profissional.
É verdade que existe menos "empregabilidade" feminina.
Não creio que a solução seja deseducar.
Basta agir pela via fiscal: introduzir um factor que permita que casais/pais com três/quatro filhos possam deduzir à colecta 10%por cada filho até um limite de 35%da colecta.
Os efeitos seriam muito rápidos.
Cumprimentos
joão
Cara Dra. Margarida Aguiar:
ResponderEliminarNunca é demais falar sobre os inconvenientes da baixa taxa de natalidade, tanto mais que parece não haver soluções à vista, aqui, e em diversos países até mais desenvolvidos.
Há explicações sociológicas profundas para melhor se compreenderem as causas deste abaixamento continuado, mas há também motivos simples, como o económico, que levam muitos casais a não desejarem filhos.
Ainda ontem trouxe aqui ao meu bairro um amigo que procura casa, um T3, têm dois filhos vivem num T2, e a casa advinha-se já insuficiente. Ele é um quadro médio e ela, coitada, apesar de licenciada não tem vencimento compatível. O facto é que eles gostaram do T3, mas feitas as contas, a creche, a renda e demais despesas adjacentes, tornam a decisão penosa.
Para terminar, parece-me que vão ser os imigrantes (as segundas gerações), a influenciar positivamente a TN.
Não vejo como pudesse esperar-se o aumento da natalidade quando somos positivamente massacrados com a crise, os horrores da crise, a falta de perspectivas, a falta de esperança no futuro, a ameaça dos juros das casas a crescer, as exigências brutais na educação de uma criança, a separação dos casais, a necessidade de trabalharem os dois, cada vez mais, com cada vez menos, a falta de quem fique em casa a tomar conta dos meninos, etc. E se a existência de creches pode ajudar, a verdade é que um filho não se cuida com creches ou nas creches, é preciso depois levá-lo à escola ou deixá-lo lá até à noite, tratar das compras, da limpeza e arrumação da casa, haver dinheiro para as crianças terem mil e uma actividades como os outros, mais tarde irem para a universidade, para os Erasmos, enfim, não é só ter onde os deixar quando são bebes. Como fazer isso tudo multiplicado por dois ou três, ou quatro, como tantos pais gostariam? Um filho é hoje um luxo e uma enorme responsabilidade, não há dia em que não se acrescente mais um dever, mais um cuidado, mais uma culpa em caso de qualquer coisa correr mal. Ter filhos tornou-se, bem ou mal, num acto heróico, é natural que não haja assim tantos heróis.E a nossa sociedade não valoriza heróis e muito menos esses, não é só apoios sociais e fiscais, é também o respeito nos empregos, a inter ajuda, o espaço para a família que é tantas e tantas vezes considerado subalternizado em relação a outras actividades. Constituir uma família é infinitamente mais do que ter filhos e, felizmente, as pessoas ainda sabem isso. Por muito que se queira dizer o contrário.
ResponderEliminarCara Margarida Corrêa de Aguiar,
ResponderEliminarEu julgo que as novas gerações estarão mais conscientes deste problema, visto ser leccionado e discutido nos programas escolares ( eu já dei isso como matéria no básico e secundário).
Pergunto se não seria uma medida com mais sucesso garantir o ensino totalmente gratuito do berçário até ao 12º, do que oferecer uns cheques que são gastos em pouco tempo??
Na feira-livre do capaz
ResponderEliminarCorrem pregões e pragas,
Ralhos encrespados, pelo ar
“Vende-se menina e rapaz”
Para encher de gente as praças
E pôr este país, de novo a andar
Na feira-livre a insensatez
Acotovela o brado, o fado,
o frio, o fogo e a paixão
Esmorece o desejo, na pequenez
de um colectivo meio atordoado
Que andrajos, arrasta pelo chão
Na feira-livre da esperança
Cerram-se dentes, sobem-se mangas
Lavra-se a terra, fazem-se filhos
Sustem-se de todos a temperança
Talham-se vestes, rasgam-se as tangas
Abrem-se de novo, futuros trilhos
Na feira-livre da verdade…
Olham-se os olhos com amor
Oferece-se carinho e bondade
Enfrenta-se o futuro, sem temor
Bartol "O Meu":
;))
João:
ResponderEliminarAsiáticos? Quais asiáticos? Singapura?Laos? Cambodja?China?India?Etc?
Grande confusão que vai nessa cabeça!
Wegie
ResponderEliminarNão percebi a pergunta:
é para indicar se alguns dos países mencionados não se localiza na Ásia?,
ou será
é para confirmar que são todos países do continente asiático?
Cumprimentos
joão
Vejo que o Wegie, depois de uma saudável ausência deste espaço, volta a atacar no seu habitual estilo.
ResponderEliminarPeço ao Joao e aos restantes comentadores o favor de não lhe dar troco porque a experiência com Wegie leva-nos a concluir que se trata de alguém que para aqui vem provocar gratuitamente.
Peço-lhe desculpa, caro Dr. José Mário mas, pessoalmente gostaria de perceber, assumido clara e inequivocamente pelo caro Wegi, se o propósito dele ao comentar é efectivamente o de discordar com um ímpeto, que deixa nos restantes leitores a sensação de alguma agressividade verbal, ou se é a sua forma de se exprimir, a qual já foi veementemente repudiada tanto pelos autores, como pelos comentadores.
ResponderEliminarÉ evidente que a permissividade de comentários e a sua forma neste blog, apesar de não conhecer espartilhos, rege-se sobretudo pela lei do bom senso e da cordialidade, contudo, gostaria de dar ao caro Wegi o benefício da dúvida.
Naturalmente que compreendo e aceito a sua observação, meu caro Bartolomeu. Mas creio que temos dado bastas provas de apreço pela discussão participada, franca e aberta. Nada temos contra a vivacidade - pelo contrário - do contraditório. Nem contra as formas individuais de expressão desde que contidas adentro das fronteiras do respeito por todos, sem excepção. Mas também estou certo que o meu caro Bartolomeu aceitará que os Autores desejem que este espaço seja diferente de muitos que existem por aí na blogosfera, que servem de catalizadores de raivas e ódios, não poupando nada nem ninguém. Com criaturas que para aqui vêm somente expandir frustações, seremos sempre intolerantes. Porque se assim não for, é o respeito por nós próprios que se perde.
ResponderEliminarNa verdade, caro Dr. José Mário, está a causar-me bastante estranheza o facto da insistência do comentador Wegie de não abandonar o "modelo" de prelecção que utiliza, apesar de todas as manifestações de desagrado que lhe foram dirigidas.
ResponderEliminarE causa-me estranheza, sobretudo porque o discurso do comentador, não revela uma evidente falha mental, tão pouco ausência de formação. Por isso, coloco a hipotese de ser este o seu modo de expressão, o que não lhe confere de qualquer modo o direito de destilar os azedumes que o caracterizam, tal como o caro Dr. José Mario Assinala e com que concordo em absoluto.
Por isso, manifestei o meu interesse pessoal em conhecer directamente do Wegie os motivos que o levam a assumir tal atitude.
Caro João:
ResponderEliminarAs populações dos países asiáticos referidos "possuem a mesma qualificação e gastam quase o mesmo tempo em qualificação profissional" do que os europeus?
Ou confundem-se todos porque são "amarelos"?
Wengie
ResponderEliminarRegisto com agrado que acertei nas duas perguntas que colocou: todos os países referidos localizam-se na Ásia.
Agradeço o empenho e a resposta pronta
Cumprimentos
joão
João.
ResponderEliminarEnfim não queres responder, solicito que compares a TBN do Cambodja com Singapura e depois as qualificações e empregabilidade. Quando tiveres tempo...
Depois talvez não sejas tão rápido no gatilho a fazer comparações "globais".
Wegie
ResponderEliminarMuito Obrigado
Não conhecia esse Atlas Geográfico.
Vou consultá-lo e, como suponho ser muito bom, irei comprá-lo
Cumprimentos
joão
Caros Comentadores
ResponderEliminarTodos sabemos que a crise da natalidade veio com o desenvolvimento económico, induzida por alterações importantes no funcionamento das economias e na organização das sociedades e pela mudança de papéis na família e de comportamentos e de valores que marcam a vida das novas gerações.
Se acrescentarmos a esta realidade as dificuldades económicas que estamos a atravessar em Portugal, que a Suzana e o nosso Caro jotaC muito bem lembram, compreendemos que as pessoas não possam ter filhos e tenham medo de ter mais filhos.
Às dificuldades económicas conjunturais, que teimam em se fixar, junta-se a falta de expectativas positivas quanto à evolução da economia e o medo de que a situação se possa agravar.
Mas porque justamente são estas as realidades que temos na frente, seria necessário que o desenvolvimento económico se preocupasse com questões relacionadas com a família e a organização do trabalho, o que não é necessariamente incompatível.
Uma política de natalidade terá que estar, a meu ver, muito virada para questões que se prendem com a repartição do tempo entre a família e o trabalho, com o acesso facilitado aos infantários e às escolas e aos cuidados de saúde ao longo da vida da criança (custos, localização, proximidade, horários, fiscalidade, etc.), aspecto sublinhado pelo nosso Caro andretavaresmoreira, e com o acesso a novas formas de trabalho (organização, flexibilização de horários, etc.).
Uma política de natalidade também tem que estar alinhada com muitas outras políticas, designadamente com a política fiscal que o nosso Caro joao assinalou, e com políticas de desenvolvimento regional que destaco pelo seu potencial.
Terá que ser a própria sociedade a determinar qual o caminho que quer seguir, assumindo os benefícios de defender medidas como aquelas acima exemplificadas, fazendo as necessárias opções, incluindo no plano fiscal. Afinal estamos a falar de solidariedade e esta constrói-se fazendo escolhas e opções. É por isso que o tema pertence a todos.
Parabéns Caro Bartolomeu pela sua bonita poesia. Gostaria que o seu último verso pudesse ser sempre verdade…
Cara Margarida envio este comentário considerando a sua posição na ERSE e a propósito de políticas natalistas:
ResponderEliminarEm 2010, apesar do recuo no índice de preços no consumidor, segundo proposta apresentada ontem pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) ao Conselho Tarifário, as tarifas eléctricas em 2010 deverão aumentar 2,9 por cento no continente e 2,7 e 2,8 por cento respectivamente nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Apesar de estar em causa um gasto fixo de famílias, muitas delas em dificuldades motivadas pelo desemprego, que não vão ver os seus rendimentos aumentados no ano que vem e apesar de estar em causa a competitividade da economia portuguesa, há uma renda auferida pelos privados proprietários do sector que, dado o poder que detêm sobre o poder político, para além de garantida, tem que aumentar todos os anos. E a EDP tem lucros diários superiores a 4 milhões de euros.
Só se soubéssemos quantos habitantes haveria de ter o nosso país nos próximos 10, 20, 30, etc, anos, com possibilidade de viverem em conformidade com a declaração universal dos direitos do homem, é que podíamos estar a dizer se a natalidade actual está bem ou está mal. Como eu não sei nem sei se alguém sabe, calo-me.
ResponderEliminarMargarida:
ResponderEliminarO tema é mesmo relevante e justifica que aqui muitas vezes seja abordado. Felicito-a por trazê-lo de novo a reflexão.
Temos aqui colocado, em diferentes momentos, a questão da implosão demográfica verificada em Portugal e em geral na Europa (com uma ou outra excepção). Estou de acordo com a opinião de muitos segundo a qual o fenómeno se deve a factores materiais. Mas tem também, em especial se olhado á escala europeia, profundas e decisivas causas culturais, resultantes de uma alteração do conceito e do valor da família. Tema que nos levaria muito longe...
Noutra perspectiva, não sei se a questão da explosão populacional a nível global não será um problema maior do que o empobrecimento demográfico à escala local.
Há uns posts atrás o Professor Massano Cardoso estimulou-nos para a reflexão sobre as consequências para o planeta do crescimento populacional, chamando a atenção para o esgotamento de recursos a prazo. E, de facto, assusta pensar que só em meio século a população do mundo triplicou! A Terra não se multiplicou...
Estou consciente de que é natural e inevitável que olhemos primeiro para a nossa casa antes de atender aos problemas do nosso bairro ou da nossa cidade. E deve ser assim salvo quando nos apercebamos que os problemas do bairro e da cidade nos entram pela casa adentro, se não no imediato, mais tarde ou mais cedo. Nessa medida, a sentida escassez de recursos naturais em particular de fontes de energia e o elevado custo da produção energética, a poluição e o fundamento causal que nela radica do emprobrecimento da biosfera das alterações climáticas e as suas brutais consequências, a fome e a pobreza que alastram mesmo em países considerados desenvolvidos, virão a ter para nós efeitos muito mais impactantes - mesmo que a prazo -, do que o envelhecimento da nossa população, situação, apesar de tudo, reversível.
Por isso, tenho muitas dúvidas sobre o tema, a despeito de reconhecer que a recuperação demográfica em Portugal, se viesse a acontecer, seria irrelevante no agravamento da pegada esológica a nível global.
Sei uma coisa. Que o assunto é sério e deve constituir preocupação permanente dos poderes e objecto de políticas públicas que o tenham em conta.
E já agora, não deve servir de pretexto a demagogias fáceis, feitas de argumentos a roçar o absurdo como o que Wegie aqui mais uma vez deixou, chamando a colação a ERSE. Como creio que todos já se aperceberam, Wegie está muitoo atento ao que aqui se escreve não para argumentar, mas para exclusivamente provocar os autores. Mas porque às vezes o absurdo impressiona, quebrando por uma vez a promessa de não comentar absurdos, aqui fica a nota.
Contra factos não há argumentos!
ResponderEliminar