O Muro da Vergonha caiu há 20 anos. Há 20 anos parece que foi ontem e, no entanto, já há uma geração que não se lembra da realidade que o muro simbolizava e que vivia paredes meias com uma Europa de progresso e de União.
O muro foi construído de um dia para o outro, em 1961, as pessoas acordaram de manhã e estavam separadas do outro lado da rua, das famílias, dos amigos, do seu espaço de todos os dias e não acreditavam que fosse possível. Foi, e assim ficaram 28 anos, com as vidas de uns e de outros não apenas separadas mas incomunicáveis, o peso do betão, das armas e da brutalidade de um regime a ditar as novas regras a cumprir.
Hoje, vê-se um repórter a perguntar a um cidadão de Berlim:
- Onde é que estava o muro? – e ele a apontar a linha agora invisível, apagada no chão, mas ainda bem viva na memória dos que esbarravam nela todos os dias e que agora se desdobram em testemunhos que parecem mentira aos ouvidos dos que querem acreditar que hoje isso não seria possível.
É preciso comemorar a queda do Muro de Berlim e ouvir, mil e uma vezes, as histórias da História, o fim da 2ª Guerra, os acordos políticos, a propriedade dos povos como se fossem coutadas, o terror que se impôs até ao absurdo, tão bem retratado no filme A Vida dos Outros, por exemplo, para que não se esqueça de que foi ontem, ali mesmo ao nosso lado.
Há tempos, quando falei para Londres, comemoravam a data do grande bombardeamento alemão sobre Londres, em Maio de 1940, e por toda a cidade simulavam as explosões das bombas, provocando aleatoriamente o ruído e os relâmpagos que apavoraram e mataram os londrinos de então. O efeito, relatado por uma jovem, era aterrorizador e, segundo ela, valia mais do que milhares de livros e dezenas de filmes porque os fez sentir na pele, mesmo sendo simulado, o terror do que se passou.
Li no Público de hoje que as comemorações da queda do Muro de Berlim incluem a “reconstrução" do muro em dominós gigantes, pintados por crianças, de modo a que todos possam ver, à frente dos seus olhos, o efeito tremendo de não conseguirem ver ou passar para o lado de lá. Com a vantagem de ter o simbolismo de ser algo que se pode construir mas também que será possível destruir, desde que se dê um abanão numa peça.
Este muro já caiu, há 20 anos. Mas quantos muros construímos depois desse, em betão ou em matérias invisíveis mas igualmente resistentes, igualmente brutais, simbolizando as dificuldades e os ódios que os determinam e para que ainda não encontrámos sabedoria e palavras para derrubar, antes que fosse tarde?
O muro foi construído de um dia para o outro, em 1961, as pessoas acordaram de manhã e estavam separadas do outro lado da rua, das famílias, dos amigos, do seu espaço de todos os dias e não acreditavam que fosse possível. Foi, e assim ficaram 28 anos, com as vidas de uns e de outros não apenas separadas mas incomunicáveis, o peso do betão, das armas e da brutalidade de um regime a ditar as novas regras a cumprir.
Hoje, vê-se um repórter a perguntar a um cidadão de Berlim:
- Onde é que estava o muro? – e ele a apontar a linha agora invisível, apagada no chão, mas ainda bem viva na memória dos que esbarravam nela todos os dias e que agora se desdobram em testemunhos que parecem mentira aos ouvidos dos que querem acreditar que hoje isso não seria possível.
É preciso comemorar a queda do Muro de Berlim e ouvir, mil e uma vezes, as histórias da História, o fim da 2ª Guerra, os acordos políticos, a propriedade dos povos como se fossem coutadas, o terror que se impôs até ao absurdo, tão bem retratado no filme A Vida dos Outros, por exemplo, para que não se esqueça de que foi ontem, ali mesmo ao nosso lado.
Há tempos, quando falei para Londres, comemoravam a data do grande bombardeamento alemão sobre Londres, em Maio de 1940, e por toda a cidade simulavam as explosões das bombas, provocando aleatoriamente o ruído e os relâmpagos que apavoraram e mataram os londrinos de então. O efeito, relatado por uma jovem, era aterrorizador e, segundo ela, valia mais do que milhares de livros e dezenas de filmes porque os fez sentir na pele, mesmo sendo simulado, o terror do que se passou.
Li no Público de hoje que as comemorações da queda do Muro de Berlim incluem a “reconstrução" do muro em dominós gigantes, pintados por crianças, de modo a que todos possam ver, à frente dos seus olhos, o efeito tremendo de não conseguirem ver ou passar para o lado de lá. Com a vantagem de ter o simbolismo de ser algo que se pode construir mas também que será possível destruir, desde que se dê um abanão numa peça.
Este muro já caiu, há 20 anos. Mas quantos muros construímos depois desse, em betão ou em matérias invisíveis mas igualmente resistentes, igualmente brutais, simbolizando as dificuldades e os ódios que os determinam e para que ainda não encontrámos sabedoria e palavras para derrubar, antes que fosse tarde?
«O Partido Comunista Português considera que 20 anos após a queda do Muro de Berlim “o mundo está hoje mais injusto, mais desigual, mais perigoso e menos democrático” e que aumentou a “opressão e exploração dos povos – a começar por muitos dos ex-países socialistas, com a regressão de direitos laborais, a privatização de funções do Estado, com a ofensiva contra direitos e liberdades historicamente alcançados”.»
ResponderEliminarE, porque apelar à violência é crime, mais não digo.
Caro tonibler, há muros que levam muito tempo a cair, os de betão tavez sejam os mais fáceis!
ResponderEliminarHoje vi uma fotografia espantosa: no momento da construção do muro, ainda com pouca altura,um casal a colocar os filhos pequenos em cima da parede já existente para se despedirem dos avós que ficaram do outro lado...
ResponderEliminarPrezada Suzana Toscano e demais Confrades,
ResponderEliminarQue bom seria se o nosso Nobel da Literatura dedicasse alguma da sua energia militante contra a Bíblia, a Igreja, a Católica, claro, e também contra o Judaísmo e contra Israel, obviamente, para,com a que lhe sobrasse, reflectir no significado da queda deste muro, ocorrida há 20 anos.
Curiosamente, os nossos compatriotas do PCP embirram com estas comemorações, vendo nelas apenas pretextos para exercícios de anti-comunismo, do primário, secundário e até universitário.
Nas suas cabeças, permanecem infelizmente bem levantados os muros mais resistentes, que são aqueles erguidos pela força da ideologia sobrevivente, aquela que não cedeu : em Cuba, na Coreia do Norte, no Vietname, nem na espantosa China em que surgiu enxertada num galopante Capitalismo selvagem, que estranhamente parece colher simpatias entre os gurus do neoliberalismo.
Saramago tarda em oferecer-nos a reflexão da sua longa e equivocada aventura comunista.
Em vez disso, persiste na sua imaginada exegese, largamente estéril, inútil, porque atrasada no tempo, na forma e no conteúdo, de mais de uma centúria, como bem lhe lembrou o abrasivo V. P. Valente.
Fez bem, prezada Suzana, em deixar aqui um registo evocativo da importante efeméride que hoje se cumpre, que abriu horizontes fechados durante décadas a fio para milhões de europeus, apesar de todas as dificuldades, algumas inesperadas, que tiveram e têm ainda de enfrentar.
Mas quando se recupera a dignidade, recupera-se o principal...
Boa noite e bom início de semana à confraria da 4R aqui reunida.
PS : Não vi artigos sobre a Face Oculta. Não haverá excesso de pudor legalista ? Lembremo-nos de que o ex-candidato e agora Deputado do PE, Vital Moreira, designava os episódios do BPN de roubalheira pura e simples, ao mesmo tempo que os encaminhava para a roda da família social-democrática. Pois, nem oito, nem oitenta...
Prezada Suzana Toscano e demais Confrades,
ResponderEliminarQue bom seria se o nosso Nobel da Literatura dedicasse alguma da sua energia militante contra a Bíblia, a Igreja, a Católica, claro, e também contra o Judaísmo e contra Israel, obviamente, para,com a que lhe sobrasse, reflectir no significado da queda deste muro, ocorrida há 20 anos.
Curiosamente, os nossos compatriotas do PCP embirram com estas comemorações, vendo nelas apenas pretextos para exercícios de anti-comunismo, do primário, secundário e até universitário.
Nas suas cabeças, permanecem infelizmente bem levantados os muros mais resistentes, que são aqueles erguidos pela força da ideologia sobrevivente, aquela que não cedeu : em Cuba, na Coreia do Norte, no Vietname, nem na espantosa China em que surgiu enxertada num galopante Capitalismo selvagem, que estranhamente parece colher simpatias entre os gurus do neoliberalismo.
Saramago tarda em oferecer-nos a reflexão da sua longa e equivocada aventura comunista.
Em vez disso, persiste na sua imaginada exegese, largamente estéril, inútil, porque atrasada no tempo, na forma e no conteúdo, de mais de uma centúria, como bem lhe lembrou o abrasivo V. P. Valente.
Fez bem, prezada Suzana, em deixar aqui um registo evocativo da importante efeméride que hoje se cumpre, que abriu horizontes fechados durante décadas a fio para milhões de europeus, apesar de todas as dificuldades, algumas inesperadas, que tiveram e têm ainda de enfrentar.
Mas quando se recupera a dignidade, recupera-se o principal...
Boa noite e bom início de semana à confraria da 4R aqui reunida.
PS : Não vi artigos sobre a Face Oculta. Não haverá excesso de pudor legalista ? Lembremo-nos de que o ex-candidato e agora Deputado do PE, Vital Moreira, designava os episódios do BPN de roubalheira pura e simples, ao mesmo tempo que os encaminhava para a roda da família social-democrática. Pois, nem oito, nem oitenta...
Dois mundos separados
ResponderEliminarpor um muro vergonhoso,
os orientais encarcerados
a um regime manhoso.
Um muro cimentado
limitando a liberdade,
um povo libertado
para bem da civilidade.
Também vi, Pinho Cardão, é uma fotografia impressionante, com o muto ainda a meio e as crianças içadas nos braços dos pais para serem vistas do outro lado, a pura imegem do desespero e da impotência.
ResponderEliminarCaro António Viriato, bem aparecido seja pelo 4r! Deixe lá o Saramago falar do que ele quiser, já diz o Evangelho que há quem veja o argueiro no olho alheio e não veja a trave no seu, o que seria do mundo se pensassemos todos da mesma maneira? O que interessa é que o muro caíu, o que interessa é que os que não aceitaram contunar barrados pelo muro lutaram contra ele e ganharam. Levou, porém, 28 anos, e levará muitos mais até que cedam todos os muros que esse deixou crescer, por isso é importante que se celebre, que se lembre, que se veja e oiça quem viveu essa dura realidade. E tem havido porgramas fantásticos sobre esse mundo oculto, passados estes anos todos e tenho a sensação de que unca tinha ouvido falar tanto nesse tempo histórico.
Errata: "muro", "continuar", "programas", "nunca"... Sorry, publiquei antes de ler.
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