domingo, 8 de novembro de 2009

5 Operários portugueses morrem em Andorra - a nossa homenagem

1. Em trágico acidente ocorrido ontem na construção de um túnel, em Andorra, 5 Operários portugueses perderam a vida.
2. Segundo comentários que ouvi de pessoa entrevistada no local do acidente, parece que as tarefas mais duras e arriscadas destas obras são destinadas a operários portugueses, ficando para os espanhóis a parte mais “suave”.
3. A emigração, tal como nos anos 60, volta a ser a única saída para muitos milhares de portugueses a quem as falsas promessas de modernidade e crescimento económico vão atirando para o desemprego porque já não conseguem, de forma nenhuma, em nenhum sector, encontrar trabalho em Portugal.
4. E tal como nos anos 60, os portugueses desfavorecidos ou esquecidos pelo regime, que não têm trabalho nos sectores protegidos da economia – Estado Central, Regional e Autárquico, mais a imensa corte de empresas públicas, regionais e municipais que foram criando ao longo dos últimos anos, empresas de sectores mais ou menos monopolistas – são obrigados a trabalhar no exterior em condições por vezes humilhantes.
5. São conhecidos casos de quase escravatura em trabalhos agrícolas, que têm sido noticiados a cada passo, tanto no Reino Unido como em Espanha, são os acidentes mortais como este que põem a nu as dificílimas condições em que trabalham estes nossos desafortunados compatriotas.
6. Por cá, como o 4R tem denunciado e continuará a denunciar enquanto tivermos forças para tal, continua a venda de ilusões, embrulhada numa promessa incumprível de “crescimento” e de “modernidade” – objectivos de puro marketing político, de resto prosseguidos por políticas perfeitamente inadequadas que agravam rapidamente a já pesada dependência externa e conduzem ao desemprego e ao imparável empobrecimento do País.
7. Li na edição de 3 do corrente do Financial Times um interessante artigo de Edmund Phelps, prémio Nobel da economia de 2006, especialista na análise do impacto das expectativas no desenvolvimento dos ciclos económicos, no qual a determinada altura, referindo-se às falsas convicções Keynesianas que passam por muitas cabeças, afirma que “ To pump up consumer or government demand would force interest rates up and asset prices down, possibly by enough to destroy more jobs than are created”.
8. Uma política económica que aposta em investimentos mal pensados, altamente consumidores de capital, sem qualquer garantia de retorno a médio ou longo prazo terá como efeito – já tem aliás – agravar os problemas estruturais da economia portuguesa, designadamente o desemprego, arrastando cada vez mais portugueses para um beco sem outra saída a não ser a da emigração.
9. Lembrei-me de tudo isto quando ontem e hoje acompanhava, com tristeza, as notícias do acidente em Andorra. Deixo aqui a nossa singela e sentida homenagem aos Trabalhadores portugueses falecidos em Andorra.

28 comentários:

  1. Uma tragédia, na verdade! Junto-me a vós nesta homenagem.
    Ainda hoje ouvimos estórias sobre as condições de trabalho vividas pelos portugueses emigrantes nos anos 50 e 60. Passados mais de 50 anos ainda há casos de verdadeira exploração de emigrantes portugueses ( como muito bem diz) muitos deles ilegais!!!!!.... Parece que o país estagnou... ficou suspenso no espaço!!!

    Portugal é, actualmente, um país multicultural... e também se ouvem casos de exploração de imigrantes chegados ao nosso país dos vários cantos do mundo. Há que proteger o nosso cantinho... há que proteger os nossos e “não fazer aos outros o que não queremos que nos façam a nós”. A sensação que tenho é que há um alheamento profundo no que concerne estas questões de emigração/imigração. Estarei errada na minha simples análise? Em momentos de absoluta frustração, como simples cidadã que sou, apenas consigo ver o futuro por um prisma muito, muito negativo. As dificuldades económicas do país aumentam, a criminalidade aumenta, o desemprego aumenta, a corrupção aumenta (e eu a pensar que só nos outros países é que isto acontecia..).. tudo o que é negativo aumenta. Por favor, necessito urgentemente de ouvir algo positivo: o que tem melhorado em Portugal nos últimos tempos? Nem que seja no aspecto gastronómico... : - ) Preciso de vislumbrar uma réstia de luz no fim do túnel para continuar a ter esperança...

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  2. Presto também a minha sincera homenagem àqueles que perderam a vida no acidente de trabalho em Andorra, associando a minha mágoa à das respectivas famílias.

    Acrescento, porém, que até com a desgraça e infelicidade alheia se pode fazer política! E a culpa é, uma vez mais, das políticas seguidas pelos governos, que seguem as políticas erradas. Talvez que possam não ser as mais certas mas daí a fazer o "link", vai um passo muito grande: o que separa a realidade da virtualidade. Também eu poderei dizer: o causador daquelas tragédias foram os progenitores das vítimas. Não fosse o nascimento e eles não teriam tido aquele destino nem sequer emigrado...

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  3. Bela síntese a sua caro António Transtagno, "o causador daquelas tragédias foram os progenitores das vítimas...". Eu também acho que a culpa foi dos progenitores das vítimas, mas não foi pelos seus nascimentos, foi por terem ficado neste país miserável, com a mania das grandezas,com um povo tão passivo e tão "estupidamente" crente nos desígnios divinos, que fica à espera de melhores dias, sem pensar que o amanhã pertence a todos e a cada um, na medida em que nos empenharmos para o melhorar, com uma atitude activa e revolucionária, que começa no seio familiar e se propaga em ondas para todos os meios de influência de cada um de nós... Mas isso não nos ensinam nas escolas... Nas escolas só nos ensinam matérias, muitas delas sem qualquer valor prático para as nossa vidas...A par dessas matérias deviam ensinar-nos e incentivar-nos a "TER ATITUDE" a tomarmos as rédeas dos nossos destinos individuais e colectivos... APRENDER A SER e não simplesmente aprender a fazer...

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  5. Caro Paulo
    Leio sempre os seus comentários com atenção, daí a minha curiosidade: a que banalidade se refere?

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  7. Obrigada, caro Paulo.

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  8. O novo regime contributivo para a Segurança Social vem obrigar a incluir na base para cálculo da contribuição encargos até agora irrelevantes para aquele efeito (utilização de automóvel da empresa, p.ex.); e o salário mínimo parece que vai subir com descaso da taxa de inflação. É justo? É - no papel. Na realidade, mais umas quantas empresas que estão à beira do abismo darão um passo em frente. Que a Esquerda dê tiros nos pés não deve surpreender: uma parte não quer gerir o capitalismo, quer uma sociedade alternativa; e a parte restante tem uma confiança tocante nas virtudes salvíficas do Decreto-Lei para modificar a realidade. O que a mim sempre me espantou e espanta (e disso me lembrei um pouco a despropósito do seu, como habitual, pertinente texto) é que uma parte considerável da Direita (suponho mesmo que a maior parte) acha que a destruição de empresas pouco performantes e que por isso pagam mal aos seus trabalhadores induz o nascimento de outras mais eficientes. Os trabalhadores que morreram não deveriam servir de pretexto para um meu desabafo, disso peço desculpa.
    Cordiais cumps.

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  9. Cara Fenix
    Concordo consigo quando afirma que na escola não ensinam valores práticos para a vida. Há muita “palha” pelo meio como se dizia nos meus tempos de estudante.

    Em relação ao povo português não creio que seja “estúpido”; não creio que nenhum povo seja estúpido. Talvez mal informado, pouco participante. Mas também vejo e conheço algumas pessoas que, como se diz de forma coloquial, “só têm garganta”; falam, criticam mas não passam dali; não passam da palavra para a acção. E quando chega a altura de exercerem o seu direito de voto... bem... por vezes não têm muito por onde escolher!

    Se todos nós fizermos a nossa parte, se cada um de nós nos empenharmos com dedicação no que quer que seja, ajudaremos qualquer país a progredir. Ficarmos de braços cruzados e esperar que o Divino nos ajude... pois....

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  10. Estes casos dramáticos expõem com tida a crueza uma realidade que todos conhecemos mas que é mais fácil ignorar, até ao dia em que nos bate à porta, como aconteceu a esses emigrantes e suas famílias e a nós todos que vimos as imagens e ouvimos os relatos de arrepiar. Concordo com a análise tão sentida do Tavares Moreira e junto-me à sua homenagem, há realidades que valem por mil discursos.Quando nos iludimos sobre o real, o real vinga-se, como li há pouco num livro qualquer.
    Cara Catarina, leio sempre com muito interesse os seus comentários tão oportunos, simples e inteligentes. Mas deixe-me corresponder ao seu pedido, se houve coisas boas que aconteceram nos últimos anos. Aconteceram, claro, se comparar como era o sistema de saúde há 30 anos, ou o número de escolas acessíveis a todos, ou o número de jovens que puderam tirar um curso superior, ou as acessiblidades (que, é bom lembrar, há 15 anos eram muito contestadas como sendo a "política do betão"!!), evoluimos muito, e para melhor. A questão é que tinhamos direito a ter uma expectativa de continuar a progredir, para isso trabalhámos e nos esforçámos, para isso demos aos nossos fihos as condições para serem melhores que nós, e agora assistimos a uma derrocada que nos paralisa, enquanto não nos revolta. Já passeou pelas aldeias e vilas portugueses? Os restos das casinhas antigas, tão típicas, mostram bem em que condições deploráveis se vivia há apenas uma geração. Em contrapartida, os campos estão ao abandono, a solidão pesa mais que muitas doenças, muitos dos que teriam direito a uma velhoce tranquila dependem da assistência social. Progredimos muito, é bom não esquecer, o que significa que fomos capazes. Hoje, sentimos com agudeza a perspectiva de retorno à pobreza, talvez porque a considerámos vencida e não há maior desgraça na infelicidade do que a de já ter sido feliz...

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  11. Cara Suzana Toscano
    É exactamente esse o meu estado de alma, nesta fase da minha vida, "a perspectiva do retorno à pobreza..."Trabalhei durante 30 anos com descontos sobre um ordenado razoável, pois apanhei alguns anos de "vacas gordas"... Depois fui dispensada por reestruturação da empresa na qual trabalhava (era administrativa), com a idade já só consegui um emprego de copeira num hotel (a contrato) depois diagnosticaram-me cancro da mama em Junho deste ano. Fui operada, vou fazer quimioterapia e a Segurança Social para a qual descontei uma vida, vem pagar-me, pasmem... 179 Euros mensais de subsídio de doença, pois existe uma fórmula mirabolante de cálculo para esse subsídio que no meu caso (tenho apenas um contrato de 6 meses)resultou nessa importância...

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  12. Obrigada cara Suzana. Reconheço a evolução de que fala. Amedronta-me a “derrocada” a que se refere. E temo pelo futuro dos nossos filhos. Os portugueses tiveram que emigrar no passado... e gerações depois continuam a ter que procurar uma vida melhor noutro país... nem sempre com os melhores resultados como se vê!

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  13. Nem vou acrescentar nada de substancial ao post que é claríssimo, só vou contrariar um pouco a Catarina quando diz que o povo português não é estúpido. É tão estúpido que estes 5 morrem por causa dessa estupidez, porque tudo isto foi escolhido, não foi imposto. E se puderem matar mais uns quantos para continuarem a viver na ilusão da vida fácil, matam muitos mais.

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  14. Caro Tonibler! Minha nossa!....
    Eu sempre tive uma aberração pela palavra “estúpido” e suas derivadas, em qualquer grau: comparativo, superlativo, absoluto sintético ou analítico e por aí fora...

    Desconheço as condições sócio-económicas dos emigrantes falecidos. Posso apenas formar uma hipótese... sem uma grande margem de erro. Porém... mesmo que as intenções de ir para o estrangeiro (suponho que Portugal ainda não faz parte de Espanha... como alguém, segundo parece, sugeriu um dia...) fossem motivadas pela chamada “ganância” , eu nunca adjectivaria essa decisão dessa forma. Mas claro, eu sou eu, e o Tonibler é o Tonibler!

    É evidente que sou “bias”! Tenho família espalhada por todos os continentes, há várias gerações e pelo que me consta, estão inseridos em vários estratos sócio-económicos.

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  15. Cara Fenix, o seu testemunho é terrível e mostra mais uma face muito cruel da realidade e de que, uma vez mais, só temos a verdadeira dimensão quando nos bate à porta.Desejo-lhe sinceramente que tenha força e coragem para vencer esse mau momento da sua vida para apreciar em pleno os bons momentos que certamente terá à sua frente nesta fase da vida. E que possa vir aqui, muito em breve, dar notícia de que, apesar de todas as dificuldades, os progressos da medicina são capazes de suprir os retrocessos da economia e que a sua cura seja plena. Até lá, contamos consigo nesta tertúlia e, se a ajudarmos a distrair um pouco, já nos sentiremos muito gratos por essa oportunidade. Um grande abraço e rápidas melhoras!

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  16. Catarina,

    Não é a estupidez de quem vai. Esses vão porque têm que ir. É a nossa que cá ficamos, a votar 99% pela vida fácil.

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  17. Mas que vida fácil, caro Tonibler? Então Portugal não “anda pela ruas da amargura”? Ou está-se a referir aos desempregados que estão a viver às custas de quem quer que seja, sem qualquer tentativa de conseguir novo emprego e burrifando-se para a situação? Não estou a compreender muito bem ou mesmo nada. Ou estará a aludir ao facto de os emigrantes serem muito mais trabalhadores no estrangeiro do que em Portugal e, consequente, terem uma vida talvez mais “difícil” , na medida em que trabalharão mais afincadamente para o progresso do país de acolhimento?

    Os que ficam não têm o tal espírito aventureiro característico dos lusitanos; as terras estranhas não os cativam ou então, cientes da possível exploração de outros, preferem ficar no seu canto sem considerarem o facilitismo mas sim o “apertar o cinto”! São opções que as pessoas têm que fazer. Emigrar não é fácil!

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  18. Devo acrescentar que quando digo que emigrar não é fácil, me refiro a determinados grupos: os menos literados, os que não dominam outras línguas, os que não estão habituados a viajar. Não estou a falar daquelas pessoas formadas, constante viajantes sempre a conhecer novas paragens, poliglotas...ou os nossos filhos que estudam e passeiam pelo estrangeiro e que não terão muita dificuldade de adaptação.

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  19. Dra. Suzana Toscano

    Tonibler (22:28) zangado com o mundo, especialmente com os portugueses e com ele próprio...

    "Nem vou acrescentar nada ao post (do Dr. Tavares Moreira) que é claríssimo, só vou contrariar um pouco a Catarina quando diz que o povo português não é estúpido. É tão estúpido que estes 5 morrem por causa dessa estupidez, porque tudo isto foi escolhido, não foi imposto. E se puderem matar mais uns quantos para continuarem a viver na ilusão da vida fácil, matam muito mais"!

    Eis um comentador do 4R no auge da cordura, amabilidade, cordialidade e sociabilidade!

    Um peso e duas medidas, Dra. Suzana Toscano? Não, a balança do 4R e o "orgasmo" de Tonibler por via da excitação e exaltação com o povo português

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  20. Caro Tonibler,

    É para mim absolutamente evidente que o Senhor não precisa de defensor oficioso, sobretudo quando se trata de uma farpa tão desajeitada que pretendem dirigir-lhe...
    Mas tendo sido eu o autor deste Post e merecendo meus Posts habitualmente o favor da sua atenção, entendi que devia, quanto mais não fosse por uma questão de urbanidade e de companheirismo, dizer-lhe que repudio em absoluto o baixíssimo comentário que lhe foi direccionado e que tem, a final, um fundamental efeito: (des) qualificar o autor.

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  21. A solidariedade fica sempre bem entre companheiros.
    Quanto a urbanidade, francamente, acho que não se poderia descer mais baixo! Estão bem um para o outro.

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  24. Caro Paulo,

    Talvez tenha razão, não me apercebi dessa sibilina interpretação...o candidato estará construindo seu curriculum para "lá" chegar...deve mesmo ter razão.

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  26. Estalou-lhes o verniz!

    O 4R à deriva, descendendo ao grau zero da má educação!

    Entretanto, vou pagando as reformazitas do BP...

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  27. Caro Tavares Moreira,

    Agradeço a solidariedade.

    Caro Transtagano,

    Sempre embirrei com andar à trolha em casa dos outros. Não gosto. E como não gosto não faço. Adeus.

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  28. Tonibler

    Se é a casa dos outros, não parece!
    Até ao meu regresso.

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