Segundo o Público, a Geração Social-Democrata de 70, um grupo de três dezenas de militantes do PSD entre os 30 e os 40 anos, reunida em Fátima, apresentou-se à Nação. Tem como lema a necessidade de fazer um "corte geracional com os rostos e as soluções já testadas do passado" e decidiu apoiar Pedro Passos Coelho.
Já um ou dois anos antes das últimas Eleições Presidenciais, um outro Grupo de uma outra geração sustentava a candidatura de Santana Lopes também na base da necessidade de um “corte geracional”.
Acontece que alguns, talvez muitos, dos rostos destas duas gerações já estão por demais gastos e conhecidos. Sempre militaram na política, sempre tiveram os mesmos gestos, os mesmos tiques, as mesmas palavras, os mesmos actos. Sempre tiveram os seus grupos e grupinhos, sempre apoiaram e desapoiaram líderes, conforme as conveniências e os interesses de momento. Sem qualquer desprimor para a palavra, são velhos na política, não constituem qualquer corte, são mera continuidade na continuidade.
Porque o “corte” não se faz assim de maneira tão simplex, mudando de uma geração para outra.
Ideias novas e arrojadas não dependem das gerações: há velhos com ideias muito novas e força para as concretizar e novos que já nasceram velhos.
E não vejo como um candidato, seja ele qual for, possa vislumbrar qualquer valor acrescentado em ser apoiado por uma geração. Isso só lhe retira valor.
Já um ou dois anos antes das últimas Eleições Presidenciais, um outro Grupo de uma outra geração sustentava a candidatura de Santana Lopes também na base da necessidade de um “corte geracional”.
Acontece que alguns, talvez muitos, dos rostos destas duas gerações já estão por demais gastos e conhecidos. Sempre militaram na política, sempre tiveram os mesmos gestos, os mesmos tiques, as mesmas palavras, os mesmos actos. Sempre tiveram os seus grupos e grupinhos, sempre apoiaram e desapoiaram líderes, conforme as conveniências e os interesses de momento. Sem qualquer desprimor para a palavra, são velhos na política, não constituem qualquer corte, são mera continuidade na continuidade.
Porque o “corte” não se faz assim de maneira tão simplex, mudando de uma geração para outra.
Ideias novas e arrojadas não dependem das gerações: há velhos com ideias muito novas e força para as concretizar e novos que já nasceram velhos.
E não vejo como um candidato, seja ele qual for, possa vislumbrar qualquer valor acrescentado em ser apoiado por uma geração. Isso só lhe retira valor.
A não ser que o corporativismo geracional já tivesse chegado à política e o candidato não o seja para todas as idades, mas apenas para servir a sua geração.
Dr. Ferreira de Almeida
ResponderEliminarNão posso nem devo imiscuir-me na vida interna de qualquer Partido Político.
Mas essa corporação que deseja o tal "corte geracional" terá escolhido Fátima por acaso ou na suposição de que Nossa Senhora os ilumine?
Caro António Transtagano:
ResponderEliminarO texto não tem a ver com vida partidária, mas com determinado tipo de visão que pensa ( na realidade nem pensará...) que o corte de gerações é um bem em si.
Recuso-me a acreditar numa luta de gerações, ou na bondade intrínseca de uma geração.
Quanto a Nossa Senhora, ela gosta de todas as gerações e decerto não toma partido por nenhuma...
Mesmo que seja a insigne geração de 70!...
A escolha de Fátima pode estar relacionada com uma questão geográfica. Como se sabe, em fátima estamos práticamente no centro geográfico do país, além da espiritualidade que se vive em toda a zona poder ser inspiratória.
ResponderEliminarMas seja como for, a política do país está muito necessitada de arejamento. Não sou de opinião que os "velhos" percam a utilidade. No entanto o acumular de bafio no labirinto dos "corredores da política" está a deixar aparecer consecutivas ordes de traças que esburacam o tecido político.
Que venham, que venham... e que façam. Precisamos de quem faça sobre aquilo que aprenderam a fazer com aqueles que fizeram antes. Ah... e que saibam escutar. É importante que o saibam fazer.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarA expressão "corte geracional" é um óptimo sound bit, espero que o PSD não opte por enfrentar os socialistas com mais um boneco de plástico a debitar sound bits, porque para isso basta manter o actual status quo!
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarNo elenco dos mitos nacionais faltaram-lhe os seguintes:
a) A "juventude" renova e remoça as organizações e, também a política.
A ideia tem mais de 60 anos e foi, incialmente utilizada pelo Prof. Marcelo Caetano para "criticar" o Prof Salazar na década de 40 do século passado.
b)O país não está mais novo, antes pelo contrário, no entanto, equacionamos políticas e estratégias, como tivéssemos um saldo geracional positivo, quando é negativo. Alimentamos o mito que a geração seguinte é melhor e vai solucionar os problemas, quando não vamos ter gente suficiente para alimentar os que ficam.
c) Só em Portugal se considera como possível ser político sem um tirocínio em qualquer partido. Na prática andamos á procura do óptimo e do seu contrário e acabamos por ficar com o menos bom e o menos mau. Não é possível estar na política sem o apoio de um partido e para se ter esse apoio há que ter realizado o tirocínio.
d) Como os seus mitos demonstraram, não temos ideias novas desde há mais de trinta anos; há vinte que seguimos uma política suicida e validada repetidamente ao longo dos mesmos. Os partidos são (como disse o Prof Daniel Bessa) empresas com alvará para fazer política, não são organizações de renovação de ideias e de propostas.
Dito isto, os "jovens" de Fátima apenas declararam a sua juventude biológica e reforçaram a incapacidade intelectual, mas isso não é novidade, houve uma associação meritória e "jovem" que, antes, fez o mesmo e, curiosamente já se dissolveu, chamava-se, pasme-se, "Compromisso Portugal"???!!!!
Cumprimentos
joão
Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarObrigado pelo seu post (09:30). Mil desculpas por ter referido o nome do Dr. Ferreira de Almeida em vez do seu! As minhas desculpas, pois, para ambos!
Quem é que hoje, caro Bartolomeu, não sabe "escutar"? Não é este o verbo mais badalado nos últimos tempos?
ResponderEliminarNenhum problema, caro A. Transtagano.
ResponderEliminarO argumento não foi só utilizado pelo Professor Marcello Caetano em relação a Salazar, como recorda João. Foi mais recentemente usado por outro Professor Marcelo para justificar o descarte de Jorge Miranda para Provedor de Justiça...
Caro Drº Pinho Cardão:
ResponderEliminarÉ curioso, ainda ontem enquanto almoçava com um jovem de 34 anos veio a propósito trocarmos ideias sobre o chamado choque de gerações, e se seria razoável a um jovem desta idade invocar, mesmo a brincar, que existe um corte cultural, uma quebra, entre ele e a geração dos seus pais.
Depois de o questionar sobre música, sobre as novas tecnologias, sobre cidadania, sobre cultura etc., e de lhe ter dito que tudo isso passou-se em simultâneo nas duas gerações, e ambos tivemos que nos actualizar, acabámos por concordar que de facto o ritmo de progresso e desenvolvimento nas últimas décadas, a todos os níveis, foi de tal ordem acelerado que, em rigor, não podemos dizer que haja grandes diferenças entre uns e outros. Já no que concerne às gerações anteriores, dos nossos avós, não podemos falar de igual modo, o progresso corria demasiado lento…
Por tudo isto não faz sentido vir agora uma rapaziada que se julga cheia de vigor intelectual, invocar um fosso geracional porque, simplesmente não existe.
É bem verdade, Dr. Ferreira de Almeida!(12:06)
ResponderEliminarCaro Bartolomeu:
ResponderEliminarNovos, velhos, meia idade, tanto faz, desde que que as ideias sejam boas, tenham vontade e queiram prestar serviço público e não servir-de dele.
Caro Fartinho:
Definiu bem, sound bit; com isso, faz-se barulho, mas ninguém toma atenção.
Caro João:
Desvanecido por se lembrar dos "meus" mitos. E posso-lhe juntar mais os que acrescentou.
De facto, a afirmação de se ter nascido em 40, 50, 60, ou 70, ou 80, só por si, é um conjunto absolutamente vazio.
Caro ATranstagano:
Aqui no 4R, autores e comentadores, é tudo gente bem disposta, ninguém se zanga, mesmo quando, por vezes, saudavelmente divergimos...
Caro jotaC:
Claro que há gente há muito tempo na política, nos sindicatos, nas diversas organizações, que já não traz nada de novo nem de bom, mas não arreda pé, não dá lugar a outros, novos ou velhos, mas melhores. Aí, sim, é que deve estar a luta.
Caro Ferreira de Almeida:
Se foi esse oargumento, não colhe. O actual Provedor é da mesma geração de Jorge Miranda. Penso eu de que...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarQuando me falam em "cortes geracionais" lembro-me logo do clube do Cascão e do Cebolinha que punham uma tabuleta "menina não entra" e depois ficavam sem saber ao que brincar enquanto a Mónica e as amigas se divertiam sem eles.Se em vez de andarem a fazer grupinhos uns contra os outros dessem mais atenção ao que se passa no País...
ResponderEliminar...
ResponderEliminar:)))
Suzana Toscano disse...
ResponderEliminarQuando me falam em "cortes geracionais" lembro-me logo do clube do Cascão e do Cebolinha (...)"
Como a compreeendo... Imagine só que, pela minha parte, quando leio certos comentários me recordo logo da "Mafaldinha" e da "Susaninha". E das diferenças entre elas...
E, para que conste, nasci em 1961; logo, não pertenço à geração de 70. Nem a qualquer grupo geracional, sublinho-o.
Cumprimentos,
António Borges Balão