quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Keynes e o eléctrico da Praia das Maçãs


Nos tempos da Grande Depressão de 1929 a 1933, Keynes ensinava que era virtuosa a intervenção do Estado na dinamização do emprego e da economia, mesmo que os funcionários fossem pagos para, consecutivamente, abrir e tapar o mesmo buraco.
Era facto que, na altura, a Despesa Pública seria inferior a 10% do PIB.
Lembrei-me desta doutrina de Keynes quando vi hoje, mais uma vez, porventura pela trigésima ou quadragésima vez, este ano, uma brigada a reparar a linha do eléctrico de Sintra para a Praia das Maçãs. Palpita-me mesmo que a brigada estaciona por lá todos os dias.
É verdade que o eléctrico funciona só em dias de grande festa que, por junto, são dois ou três no ano. O préstimo essencial do eléctrico não é transportar gente, é justificar os permanentes arranjos da linha.
O eléctrico da Praia das Maçãs, melhor, a linha Sintra-Praia das Maçãs, é o buraco de Keynes!...

6 comentários:

  1. Su predizente da Câmbra fosse o Soure Inzaltino, já tinha mandado botar lá um teleférico super-hiper-mega-ultra dinâmico... conversíbel dalta belocidade... com élarons hiper denâmecos, que cando lá fosse o setáfe gonvernamental inauguerar a "coisa", ao chigar lá baxo ó pé das pesxinas rodasse as terbinas e zuuuuca galgasse o oiceano e só aterrasse no Brásiu... Riu de Janeiro, ná faveuá da Rosinha... légáuuu...

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  2. Pequena estória, do tempo do antigo regime e da tropa.
    Modo de determinado comandante ter a tropa ocupada, evitando os malefícios da ociosidade:
    Cavar buracos no solo e voltar a preeche-los com a terra retirada.
    Não poderão, os estádios do Euro 2004, entrar nesta categoria de buracos?
    E alguns dos que estão projectados pelo regime vigente?
    Bmonteiro

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  3. Não é o buraco de Keynes, não, Pinho Cardão.

    É a incompetência aliada à irresponsabilidade.

    O eléctrico chamado das Maçãs começou a ser recuperado, depois de longos anos de hibernação, ainda durante a presidência da câmara antes da actual. Já lá vão muitos anos. Gastaram ali uns milhões na via, na catenária, e nas carruagens. Quando reiniciaram as viagens, esporádicas, verificaram que não havia condições de segurança, pelo que o comboio passou a percorrer menos de um terço do caminho.

    Entretanto, não satisfeitos com o investimento desastroso, resolveram comprar e adaptar a museu do eléctrico uma vivenda que está instalada junto ao início do percurso, em Sintra.

    Para guardar o "museu" que tem um fura-bilhetes, um boné de guarda-freio, e mais duas ou três coisas do tempo em que o eléctrico funcionava bem entre Sintra e a Praia das Maçãs, há dois seguranças, privados.

    Estaremos de acordo que este é apenas um exemplo do desaforo com que os autarcas dispõem dos dinheiros públicos.

    Não estamos de acordo quanto a chamar Keynes para este regabofe. Keynes é demasiado importante para ser referido em questões tão mesquinhas e condenáveis.

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  4. Oh Rui, não te zangues!...
    Claro que a teoria e o objectivo de Keynes, nas circunstâncias, eram dignos e defensáveis.
    Ninguém o contesta!...

    Mas que há semelhança, há!...
    Reparar a linha para chegar ao fim da reparação para a reiniciar novamente, num processo contínuo, e o eléctrico sem poder andar porque se a linha está bem num sítio, já está mal no outro, não é um buraco? Um grande buraco?

    Tão grande que, se isso acontecesse no tempo de Keynes e este tivesse conhecimento, o exemplo que daria para a intervenção do Estado não seria o do buraco, tout court, mas o do buraco do eléctrico da Praia das Maçãs!...

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  5. Qual zanga, qual carapuça! Não há zanga nenhuma!

    O que também não há, é nenhum Keynesiano, por mais papista que seja, que queira justificar o "buraco" do eléctrico de Sintra. Que é só e apenas um claro caso de irresponsabilidade da gestão dos dinheiros públicos.

    Em ponto pequeno, reconheça-se.

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  6. Anónimo20:49

    A ideia original do Electrico de Sintra, projecto iniciado durante o mandato de Edite Estrela na CMSintra, era complementar a oferta turistica de Sintra. E isso teria acontecido se o projecto tivesse sido levado, pelo menos, mais uma fase adiante. A que previa que o electrico seguisse pelas Av. Heliodoro Salgado e R André Albuquerque de forma a alcançar a estação ferroviária, afinal, o traçado que tinha ele, não por acaso, tido originalmente.

    Numa fase posterior estava previsto ser estendido pela Volta do Duche até ao Palácio da Vila.

    Ora, nada disto foi feito e o electrico ficou ali, naquele confim, longe e desviado de tudo que mal se dá pela sua existência. É natural que desta forma seja um buraco sem fundo.

    Se em vez das coisas serem deixadas a meio...

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