De acordo com o Público de sábado passado, Sócrates e Mariano Gago anunciaram os “resultados” do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional, no que respeita aos “investimentos” feitos em ciência em Portugal. Classificados por Sócrates como verdadeiramente extraordinários. Assim:
• O investimento em investigação e desenvolvimento ultrapassou, pela primeira vez, 1,5% do PIB, equivalente a 2,513 mil milhões de euros (em 2007, 1,21% do PIB, 1,973 mil milhões de euros. Deste total, o dinheiro investido pelas empresas atingiu os 0,76% do PIB, 1,258 mil milhões de euros (em 2007, 0,62% do PIB e, há cinco anos, inferior a a 0,3%). Assim, o dinheiro investido pelas empresas ultrapassou o “investimento” do Estado.
• O nº de empresas com I&D passou de 940, em 2007, para mais de 1700, em 2008.
• O nº de investigadores em ciência atingiu 7,2 por mil pessoas activas, ultrapassando a média europeia de 5,5 por mil, sendo que esse número se traduz em 40.000, dos quais cerca de 10.000 em empresas e 30.000 no Estado.
• O nº de doutoramentos em 2008, em Portugal, foi de 1500.
• Os investigadores escrevem cerca de 50% dos seus artigos em co-autoria com colegas estrangeiros.
• Em 2007 e 2008, dos 1200 doutorados contratados a cinco anos 40% eram estrangeiros.
Os valores investidos são sempre uma grandeza relativa e dependem dos resultados. Não os “resultados” que Sócrates e Mariano Gago anunciaram, que foi o dinheiro gasto. Nessa anedótica óptica, quanto mais se gasta mais e melhores resultados traz...
Mas, para poder valorar o "investimento" feito, o que eu gostava de saber, sempre perguntei, e nunca ninguém me respondeu é o resultado desse “investimento” em inovação, mais propriamente: que produtos esse investimento ajudou a criar para colocar no mercado; que novos produtos esse investimento ajudou a produzir, criando emprego e actividade económica. E o que eu gostava também de saber, sempre perguntei, e nunca ninguém me respondeu é o número, tipo e natureza de parcerias com as empresas com vista ao desenvolvimento de novos produtos.
• O investimento em investigação e desenvolvimento ultrapassou, pela primeira vez, 1,5% do PIB, equivalente a 2,513 mil milhões de euros (em 2007, 1,21% do PIB, 1,973 mil milhões de euros. Deste total, o dinheiro investido pelas empresas atingiu os 0,76% do PIB, 1,258 mil milhões de euros (em 2007, 0,62% do PIB e, há cinco anos, inferior a a 0,3%). Assim, o dinheiro investido pelas empresas ultrapassou o “investimento” do Estado.
• O nº de empresas com I&D passou de 940, em 2007, para mais de 1700, em 2008.
• O nº de investigadores em ciência atingiu 7,2 por mil pessoas activas, ultrapassando a média europeia de 5,5 por mil, sendo que esse número se traduz em 40.000, dos quais cerca de 10.000 em empresas e 30.000 no Estado.
• O nº de doutoramentos em 2008, em Portugal, foi de 1500.
• Os investigadores escrevem cerca de 50% dos seus artigos em co-autoria com colegas estrangeiros.
• Em 2007 e 2008, dos 1200 doutorados contratados a cinco anos 40% eram estrangeiros.
Os valores investidos são sempre uma grandeza relativa e dependem dos resultados. Não os “resultados” que Sócrates e Mariano Gago anunciaram, que foi o dinheiro gasto. Nessa anedótica óptica, quanto mais se gasta mais e melhores resultados traz...
Mas, para poder valorar o "investimento" feito, o que eu gostava de saber, sempre perguntei, e nunca ninguém me respondeu é o resultado desse “investimento” em inovação, mais propriamente: que produtos esse investimento ajudou a criar para colocar no mercado; que novos produtos esse investimento ajudou a produzir, criando emprego e actividade económica. E o que eu gostava também de saber, sempre perguntei, e nunca ninguém me respondeu é o número, tipo e natureza de parcerias com as empresas com vista ao desenvolvimento de novos produtos.
No fim, o que eu gostava de saber, sempre perguntei, e nunca ninguém me respondeu é o que concretamente fazem, para além de fazer ciência, claro está, os 30.000 investigadores em que o Estado orgulhosamente investe. Para poder medir e avaliar os resultados.
Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarSe não considerar indiscreta a minha questão, perguntou a quem, Dr. Pinho Cardão?
Tanta gente,e tão poucas as pégadas de dinossauros!...
ResponderEliminarCaro António Transtagano:
ResponderEliminarEm funções que desempenhei, tive oportunidade de conversar com vários responsáveis sobre esse assunto. sem grandes resultados. E entre outros, e por exemplo, até questionei, em funções oficiais, a antiga Ministra da Ciência e Tecnologia do Governo de Durão Barroso. Na altura, tinha autorizado uma dotação adicional considerável para a investigação e Laboratórios do Estado. Perguntei para quê, para que projectos, quais os objectivos. Investigação, me foi respondido. Que investigação? Investigação.
A minha questão já vem pois de há muito. e a falta de resposta também. Poderá o meu amigo elucidar-me, para além do que é público:o dinheiro que se gasta, de termos 30.000 investigadores, de fazerem artigos conjuntos com investigadores estrangeiros e dados quantitativos do género?
Por exemplo, quantas patentes registada,quantas delas se transformaram em produtos comercializáveis?
Caro jotaC:
Mas dinossauros excelentíssimos...
Talvez fosse interessante perguntar o é que as empresas mudaram, se foi o investimento propriamente dito ou apenas a forma de contabilizar gastos que já faziam e que, por motivos fiscais, foram agora atribuidos a investigação. Quanto é que pouparam em impostos? O que é que mudou no quadro legislativo que tornou tão interessante aumentar este investimento? Não digo que os números estejam errados, o que acontece é que não se pode ver só um dos lados da realidade e quando de repente as empresas descobrem as maravilhas do investimento em ID e as evidenciam nas contas,é caso para desconfiarmos...
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão,
ResponderEliminarTemos que dar o desconto dos números que, à boa maneira lusa, têm o seu quê associado.
Os 10 000 investigadores em empresas são o triplo de há 4 anos. Ora, como todos sabemos, não há nada que um governo possa fazer de positivo que passe para o triplo. Nada, seja investigadores, seja bananas. Este acréscimo é, obviamente, obra de secretaria que, acredito, até já existissem há 4 anos mas, como imagina, não existem a tempo inteiro. E com o adequado benefício fiscal, a informática do BCP, por exemplo, deve estar toda dada como investigadores, o que já responde em parte à sua questão.
Os 30 000 do estado são professores universitários cujo ordenado é, em 50%, a contribuição do estado para a investigação. Antigamente só 40% era dado como investimento em investigação mas decidiu-se aumentar esse investimento em 25%, e passou a considerar-se 50%...(brilhante, não é?)
Os projectos em que esses investigadores trabalham, e de onde surgem os fundos para os estrangeiros, são esmagadoramente do bolso do contribuinte alemão, sendo a parte lusitana do investimento bastante reduzida.
Os números que mostra, que ouvi na rádio publicitados pela marionete da economia da TSF como uma grande vitória, são apenas o resultado da ambição do ministro da ciência em ser recordado como o seu chefe de governo. O que é estúpido é que aquilo que está por debaixo destes números, sendo bastante mais reduzido, é bastante positivo e vê-se assim emporcalhado pela propaganda dos troca tintas do costume.
A pergunta mais pertinente é exactamente a que Pinho Cardão faz no fim da sua resposta ao comentário de António transtagano: "quantas patentes registadas, quantas delas se transformaram em produtos comercializáveis?" Tanto quanto sei, de consulta dos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), muito poucas.
ResponderEliminarCara Suzana:
ResponderEliminarOportunas perguntas...
Caro Tonibler:
Assim, muita coisa se explica...
E sobretudo a praticamente nula inovação que produzimos....
Caro Freire de Andrade:
De facto, são pouquíssimas, em termos absolutos e relativamente a outros países. Tenho alguns números, vou ver se os encontro e pode ser que amanhã, lá para a noite, que de dia vou estar muito ocupado, os indique aqui noutro comentário.
Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarObrigado! Já cá não está quem perguntou.
Talvez isto seja interessante para o tema, pegando no mote da Sra. Toscano.
ResponderEliminarhttp://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2009/11/areia-para-os-olhos.html
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarQuero fazer-lhe uma pergunta que não tem nada a ver com este post.
Que me perdoe o atrevimento... mas não tenho outro espaço onde fazê-lo:
Tem conhecimento se, nas últimas 24 h, saiu do país, por via aérea, “ uma trave e dois postes”?.....
Muito Obrigada!!!!!!
: ))
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarNão é verdade que seja nula a investigação que produzimos e temos que ser justos. Se a bitola for fazer satélites escoceses e ficar à espera que se transformem em lixo espacial, então é verdade que sim (tinha que haver uma boca ao desperdício cavaquista...).
Senão, todos os dias há empresas que fazem desenvolvimento e investigação nas suas áreas de actuação, desde o sector financeiro, ao IT, passando pelas telecoms. Por isso é aceitável o critério actual do governo em "ver" os investigadores no privado. E esta investigação produz bastante e mais produziria, se pudesse, e se fosse possível arrasar com os gestores do "não estamos aqui para reinventar a roda".
Na outra, compreensivelmente, como os "drivers" são diferentes, os resultados são outros, mas o objectivos também são mais além. Mesmo assim, a quantidade de "spin-off" de universidades e institutos públicos bem sucedidos é considerável e não é de deitar fora. A investigação, seja ela privada ou pública, deve ser encarada como um fundo de "private equity" em que 9 dos projectos não vão dar em nada, mas há 1 que pode pagar 90.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCara Catarina:
ResponderEliminarA trave e os postes de que fala, produto da avançsada investigação tecnológica portuguesa, foram experimentados no último sábado com sucesso absoluto. Claro que vão ter novo teste na Bósnia, para onde seguiram no maior segredo. Serão implantados no estádio esta noite, às escondidas. Madaíl já lá está com a picareta a receber instruções de Carlos Queiroz.
Caro Tonibler:
Claro que não é nula a investigação que produzimos. Só que não se lhe conhece os resultados. E se os resultados da investigação que se faz nas empresas é com elas, os resultados da investigação dos organismos públicos mexem com o nosso dinheiro. E devemos conhecê-los e medi-los.
Caro Paulo:
Discordo: a ciência dá lucro, a boa ciência dá lucro, ou a curto, ou a médio ou a longo prazo. Percebo o sentido que deu à afirmação, mas esse nãoé o meu sentido, como vê.
Sobre os estrangeiros, claro que tem razão; eu não falei, limitei-me a reproduzir o que disse o Ministro.
Caros Tonibler e Paulo:
Segundo tenho entendido, a investigação, pura ou aplicada, destina-se à inovação.É o World Economic Forum que o diz.
A inovação está relacionada com o índice tecnológico e uma sua medida usual são as patentes.
Onº de patentes por milhão de habitantes é diminuto em Portugal, em termos absolutos e comparativamente com os países com os quais gostamos de nos comparar.
Outra forma de medida são os produtos novos introduzidos no mercado. Tirando aqueles poucos que já são clássicos na área das tecnologias de informação, quais foram ou são os outros?
Julgo que os organismos públicos deveriam ter interesse em explicar, e não em ficar em meras divagações.
Caro João Pais:
ResponderEliminarExcelente ilustração, que corrobora admiravelmente o que disseram a Suzana e o Tonibler!...
E lamentável o descaramento com que os governantes apresentam estes assuntos.
Voltando à questao do investimento em I&D e a producao de riqueza, lendo esta notícia já "velha" percebe-se também que investimento (real ou fictício) em I&D é apenas uma parte do jogo. E mesmo com investimento e com patentes, mesmo assim nao se vai lá.
ResponderEliminarhttp://tinyurl.com/dzfxaj, procurem por "Portucel".
É verdade.
ResponderEliminarMas, havendo patentes de produtos comercializáveis, alguém, lá fora, pode interessar-se. O mundo é global.
Indo para além da enorme propaganda dos números ( em particular a dos 30.000 no estado, muitos deles em regime laboral precário e muitos em funções técnicas e de apoio à investigação, não sendo exactamente investigadores em ciência), este post traz consigo 3 aspectos que são erros fundamentais quando se tenta falar ou discutir politicamente sobre ciencia:
ResponderEliminar1-Nem toda a ciência é capaz de produzir patentes de "produtos comercializáveis". Muita da ciência é fundamental e assim tem que ser. OS US , por exemplo, têm uma maior investigação fundamental relativamente à dita aplicada e é por isso que continuam a liderar todos os índices científicos.
2- As patentes não são distintas em comercializáveis ou não. Há muitas que não o podem ser no momento actual( a história da humanidade está cheia deste exemplos) e há outras que não o são por falta de investidores com coragem e visão (que em Portugal há poucos investidores e ainda menos com visão e/ou coragem). E mesmo que eventualmente se possa passar ao processo industrial, há diversos entraves que emperram esse processo de transferência de tecnologia.
3-A confusão que se estabelece entre inovação e invenção. Não é necessário que se produzam uma enxurrada de patentes para criar inovação.
E ainda nem sequer falarei dos números do privados. Algumas das empresas que conheço, considera trabalhadores científicos todos os envolvidos em I & D , nem que seja a auxiliar de limpeza do labortório (por razões já mencionadas aqui relativamente a apoios, impostos etc).
Caro JASL:
ResponderEliminarConcordo com tudo o que diz e não há erros no post.
1. Obviamente que tem que haver investigação fundamental: ela propicia a aplicada. Não sabemos nada de uma e outra.
2. Nem todas as patentes são comercializáveis; isso não invalida que a patente seja um resultado, não o melhor, mas pelo menos indicia o interesse em prosseguir um objectivo e o ónus de o patentear.
3. Quanto a invenção e inovação: as palavras poderão ter, e têm, sentidos algo distintos, mas isso não é relevante para o post. aliás, eu nem falei em invenção.
Não abordei os aspectos que aflorou, porque também não abordo o ar que respiro quando escrevo um post. Mas preocupo-me com ele. Como também me preocupo com a qualidade da investigação que ajudo a financiar. E gostava de ser informado dos seus objectivos e resultados. Só isso.
E obrigado pelo facto de o seu comentário me ter permitido este esclarecimento
Caro Pinho Cardão, eu já estive nos 2 lados da balança, a financiar e a ser financiado. É por isso que conheço bem o sistema e se tivesse mais tempo disponível poderia dissertar mais sobre muitas outras coisas que não foram ditas aqui (como são os financiamentos, os vários lobbies existentes, a pouca serenidade empresarial,o manter de certas capelinhas em áreas cujo financiamento deveria ser modificado,etc.).
ResponderEliminarNo entanto, há um ponto em que eu concordo consigo : a qualidade da investigação que é financiada deve ser mais conhecida do grande público. Seja boa ou má. E esse conhecimento não pode ser um "one-way ticket", ou seja, não basta ser só a comunidade científica a mostrar o que faz, tem que ser o público em geral a procurar saber o que se faz. Mas também, com os níveis de literacia científica existentes em Portugal, não sei se ainda é possível isso nos tempos que correm
Caro JASL:
ResponderEliminarAí, dos dois lados da balança, o meu amigo vai à minha frente.
Eu só estive do lado do financiador...
Quanto ao resto, continuo a concordar. Ainda mais quanto à necessidade de exigir que se prestem contas dos resultados do que se gastou.
Este comentário foi removido pelo autor.
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