Assisti a alguns flashes da sessão de ontem no Parlamento. Distintamente do que ouço alguns comentar, penso que, apesar de violento, o assim chamado debate parlamentar com o PM não foi de uma violência inusitada. Na anterior sessão legislativa já tinham existido momentos de enorme crispação. Agora, porém, a diferença impõe-se. O Governo apresenta-se frágil nos argumentos e fraco nas convicções (a prestação do Ministro das Finanças na AR, há dias, foi tão surpreendente quanto confrangedora...). Está claramente consciente da sua fragilidade e revela-se incapaz de encontrar as alianças que lhe permitam resistir. Do lado das oposições, a futura e próxima discussão do OE ditará se o PS lança pontes à direita ou à esquerda, ou se continuará a tentar equilíbrios instáveis que são garantia de coisa nenhuma.
Uma coisa é certa. As oposições já testaram o Governo e perceberam que nem a liderança da bancada parlamentar do PS, nem os ministros de perfil mais político (Lação, Vieira da Silva e Santos Silva) revelam habilidade suficiente para desagravar os conflitos. Bem pelo contrário. Os restantes estão calados, o que se apresenta como uma inegável vantagem atendendo, por exemplo, à episódica intervenção do Ministro das Obras Públicas no lamentável e quase patético caso do chumbo das PPP rodoviárias pelo Tribunal de Contas.
Com o PSD apostado numa estratégia de oposição agressiva, não se vêem condições para que a solução política encontrada no actual quadro parlamentar se afigure durável, salvo se, com este mesmo quadro, a próxima liderança social-democrata entenda viável a reconstituição do bloco central. Não sendo isso previsível (e ainda que a gravidade da situação do País devesse fazer com que se pensasse numa solução política de estabilidade governativa) a pré-campanha para as presidenciais que está aí, irá inevitavelmente acentuar o clima de crispação. A prenunciar um caminho insustentável para o actual governo. Mas, sobretudo, a recomendar uma mudança nos principais protagonistas. Para que o essencial não fique na mesma...
A Oposição transmitiu o sentimento dos Portugueses. Suspeita e revolta.
ResponderEliminarhttp://www.parlamentoglobal.pt/parlamentoglobal/actualidade/Minuto-a-Minuto/2009/12/4/041209+minuto+a+minuto.htm
De Economia falou-se pouco.
Um empresário que tenha assistido a este 1º Debate, certamente que a seguir foi comprar um bilhete ao aeroporto, e já cá não está.
Caminhos para a Economia Portuguesa ?
- ZERO !
Não é despiciendo o facto de se debater Economia, sem o Ministro da Tutela.
Ao que parece estava em Bruxelas.
Pode ser que apareça qd se debater sobre Justiça e espionagem...
Qto. ao Senhor PM foi demasiado vulgar na sua postura, principalmente, para Paulo Portas.
Por este caminho a AR ainda vai ter cenas tipo parlamento da Coreia ou do Taiwan. Nesta legislatura.
:-)
Ora, Pézinhos, a oposição reclamou a sua parte na caixa dos robalos. Alguém falou no tráfico de influências? Não? Então foi isso...
ResponderEliminarSábias e ponderosas considerações, caro Ferreira de Almeida.
ResponderEliminarDos mistros mais políticos, Santos Silva já foi e Vieira da Silva está nesse caminho, com a crise económica e o episódio da espionagem política. Poderão dizer mais uma ou outra frase mais bombástica que os media ampliarão até ao limite, mas produzirão cada vez menos efeito. Por outro lado, ao ministro Lacão falta peso específico. A situação política tenderá a degradar-se e as palavras duras e os ataques e ofensas pessoais acentuar-se-ão.
Uma coisa é certa: com a actual composição parlamentar não é possível construir o que quer que seja e o resultado irá ser uma fuga em frente, com resultados trágicos e a que a corrida presidencial que já começou poderá acelerar. A não ser que haja um momento de lucidez e a mudança de liderança no PSD possa favorecer uma solução.
Um Bloco Central não é, nem nunca foi, algo das minhas preferências. Mas há momentos na vida de um país em que, racionalmente, se torna obrigatória uma conjugação de esforços. Foi assim em 1983 e a coligação permitiu que fosse possível tomar as medidas duras e eficazes que permitiram ultrapassar a crise.
Tal como vamos, o abismo está mesmo em frente.
O caminho insustentável
ResponderEliminardeste país esfrangalhado,
com a leveza insuportável
de um regime humilhado.
A instabilidade regimental
baseada na incompetência,
de quem vive num pedestal
de tamanha prepotência.
O festim das trapalhadas
nas empreitadas estatais
é feito de obras talhadas
para as elites regimentais.
O “basta” indignado
já se torna bem patente
contra um regime ufanado
por gentalha incompetente.
Meus Caros,
ResponderEliminarUltrapassar o problema actual, onde uma gestão perdulária retirou qualquer margem de manobra, passa por:
a) catalisador externo lançando a alerta vermelho -- aqui a comissão europeia pode mais uma vez ajudar ficando com a "culpa" de pôr os tugas na linha.
b) governo de salvação nacional PS-PSD apadrinhado presidencialmente com pessoas com fibra de uma Ferreira Leite (que infelizmente cairá, mas se com ela levar Pinto de Sousa e Cia, o país agradece).
Medidas:
a) eliminação imediata do subsídio de natal e férias passando todos os portuguese a receber apenas 12 salários anuais.
b) recalibração da distribuição de salários com aumentos de 20% para o salário mínimo (e pensões mínimas), aumentos esses reduzindo-se a 0% para o salário médio.
c) permitir o despedimento na função pública por extinção de serviços.
d) competição aberta dos serviços em todos os sectores do estado (e.g. tribunais competindo entre eles como por exemplo já se passa no ensino superior).
e) Extinção de serviços não "productivos" (e.g. fusão de universidades no interior com politécnicos com consequente despedimento).
f) eliminação da esfera pública da TAP, RTP e demais gigantes inúteis.
g) reorganização do ano escolar de modo a que junho, julho e agosto não exitam aulas. Alunos com idade legalmente admissível podem agora trabalhar nos meses de verão tendo um primeiro contacto com o mercado de trabalho.
h) Campanha publicitária, lavar carros é bom, servir no café é fixo, comprei ipod com dinheiro ganho a arrancar batatas.
i) Enviar à Al Quaeda para formação os mais fanáticos membros da ASAE. Os sobrevivementes do estágio no afganistão criariam o Comando Central de Captura da Não Facturação. Mudança legislativa criando prisão de uma semana para quem não emitir factura.
j) Reforma agrária no interior. Todos os campos e florestas abandonados são nacionalizados. Blocos de terrenos com tamanho adequado passam a ser subcontratados a quem os quiser cultivar.
k) Implementar um plano de rentabilização turística do património português (que é pouco e ainda por cima está em grande escala ao abandono).
E por aqui me fico...
Cumprimentos,
Paulo
Concordo em absoluto com a g) e até acrescentaria Maio (no ano lectivo a nível universitário).
ResponderEliminarJosé Mário
ResponderEliminarPrecisamos de um consenso alargado relativamente a matérias cruciais para fazermos frente ao presente e definirmos apostas estáveis, previsíveis e coerentes para o futuro. Mas sobretudo, precisamos de definir, de uma vez por todas, um rumo consistente. O que fazer num horizonte mais longo – pensemos em fazer o exercício num horizonte de cinco, sete ou dez anos, mas fixemos um prazo alargado – em áreas fundamentais como a justiça, a educação ou o investimento público?
Mas precisamos de um rumo em que as pessoas se revejam e acreditem porque será cada vez mais difícil fazer seja o que for contra as pessoas. As pessoas estão cansadas, desiludidas e apreensivas. Este é um aspecto que tem vindo a ganhar peso e que não pode ser ignorado. Mas as pessoas são capazes. Em alguns domínios já demonstrámos fazer tão bem ou melhor que os outros. Também temos bons exemplos.
Com o governo e a oposição zangados, sem se entenderem, o que é que se pode esperar? Será que a “bola de cristal” é a mudança de protagonistas? Quais? Quando? Como?
Margarida,
ResponderEliminarÀ pergunta quais os protagonistas que devem sair de palco para viabilizar uma solução de estabilidade capaz de gerar o governo que faça o que tem de ser feito, sei responder. Definitivamente entre as actuais direcções do PS e do PSD não será possível estabelecer quaisquer pontes. E tenho as maiores dúvidas que com Sócrates à frente do PS dificilmente outra liderança do PSD se possa entender.
Quando? Não sei. Como? Também não.
Caro Zé Mário, não conheço nenhuma declaração das putativas futuras lideranças do PSD que possam dar resposta às suas aspirações. Além disso, o anterior Governo não precisava de nenhum acordo para governar, teve a tal estabilidade de que fala e qual foi o resultado? Então, o que devemos perguntar é qual a base para esses tais acordos? E se os protagonistas seriam capazes de honrar o mesmo acordo. Duvido muito, conhecendo pelo menos parte dos que iriam fazer pontes...
ResponderEliminarCaro JMFAlmeida
ResponderEliminarO perigoso equívoco porque passa o actual regime político está patente no debate da passada 6ª.
Supostamente, escolhemos programas e partidos que, por sua vez, escolhem o chefe e este a equipe.
O actual PM inverteu a situação: o eleitorado escolheu a ele, que por sua vez escolhe a equipa que, por sua vez é apoiada pelo partido.
Não tenho elementos para perceber se a oposição está a laborar para desfazer esse equívoco; temos de aguardar por mais algumas semanas para se perceber.
O actual PM obteve a carta de alforria política com uma telenovela mexicana de qualidade duvidosa: "a novela da co inceneração", passava antes do noticiário das 8 da noite.
O sucesso de bilheteira da mesma, originou uma grande produção: "a série televisiva "avaliação de professores"; o produtor exigiu que fosse passada em prime time logo a seguir ao telejornal; esta já não correu tão bem, mas, tambem, não foi um desastre financeiro.
Recentemente foi lançada a mais recente título "O equívoco do governo minoritário" uma mega produção que, a avaliar pelas recentes sondagens, não está a ser um completo desastre. mas está muito longe do que se tinha previsto. Trata-se de uma novela em 3-D que passa antes e depois do telejornal das 8, com repetição ao sábado de tarde.
No entanto, correm rumores que os principais patrocinadores não estão muito satisfeitos com o retorno publicitário, aliás, em alguns casos estão mesmo a perder dinheiro.
Pessoalmente acho que o produtor desta nova novela vai ser substituído, porque não consegui atingir o público alvo.
Cumprimentos
joão
Suzana,
ResponderEliminarÉ verdade o que escreve. Estabilidade não é sinónimo de bom governo. Para nós e para mais umas largas centenas de milhar. Mas os "resultados" do anterior governo que interessam, são aqueles que foram avaliados pelo eleitorado. E, por muito que nos desgoste, os portugueses necessários à renovação do mandato do actual PM mostraram-se satisfeitos; ou pelo menos não viram nas alternativas, com toda a distorção com que foram apresentadas, solução melhor.
Também não sei o que pensam as putativas candidaturas à liderança do PSD. Espero que quando deixarem de ser putativas, tenham o gesto clarificador de revelar o que pensam. E que o que pensem seja determinado pelas conveniências do País, mais do que pela ambição pessoal.
De uma coisa estou seguro, estando também ciente da irrelevância do que julgo ser devido: a radicalização de posições é hoje tal que não vejo hipótese de uma solução acertada entre PS e PSD com estes mesmos actores principais. Mas também sei que no domínio da política, o que é verdade a esta hora, não é garantido que o seja logo pela tardinha...
Meu caro Joao
Assistimos todos à telenovela de má qualidade de que faz a síntese. E estou totalmente de acordo com as cenas dos próximos capítulos que o meu Amigo anuncia...