Por mim estou saturada de ver grandes planos de agulhas a enterrarem-se nos braços tenrinhos dos que vão vacinar-se, repetidos mil vezes com um detalhe que raia a paranóia. Antes destas imagens tivemos durante meses a transmissão em directo de cenas de filme de suspense com ambulâncias a “resgatar” eventuais contaminados com a gripe. Também fomos massacrados com previsíveis colapsos de empresas e serviços essenciais, incluindo hospitais, cenários apocalípticos de um milhão de infectados e sabe Deus quantos mortos, e até houve histórias da vida real dos primeiros infelizes que foram aos centros de saúde com dores de cabeça e acabaram praticamente sequestrados.
Tivemos isto todos os dias como prato forte, contámos um a um os engripados, ouvimos com comoção e pânico as notícias das primeiras mortes, tivemos leituras ministeriais de boletins clínicos, em concorrência com o boletim meteorológico, notícia de revoltas por causa de meninos que foram à escola com sintomas e foi mesmo possível apontar a dedo, com acusação de tentativa de contaminação criminosa, uma mãe que se recusou a usar a máscara na sala de espera do hospital onde foi com o seu filho.
Depois da pandemia global vem agora a escandaleira global, o Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa a dizer que foi um exagero criado pelos interesses e influência das farmacêuticas. Vem também a OMS defender-se dizendo que depois do mal passado é fácil criticar, cabia-lhes prevenir de acordo com a informação de que dispunham e que cada Governo tomou as decisões e fez os alarmes que entendeu.
Tudo bem, temos que admitir que jogaram pelo seguro. O que já não podemos aceitar é o pandemónio noticioso que houve entre nós, o debitar insano de detalhes que deixavam à livre interpretação de cada um o grau da ameaça, na falta de conhecimentos científicos que permitissem distinguir o trigo do joio. O Director geral de Saúde disse hoje que nunca disseram que houvesse risco de morte, que se limitaram a informar para que se tomasse medidas de prevenção. É caso para perguntarmos o que fariam se fosse mesmo um risco muito grave? O que faltaria fazerem? Se afinal foi rebate falso ou a prevenção em dose maciça foi eficaz, óptimo, só temos que nos alegrar, mas que fica uma profunda sensação de abuso e de manipulação do medo colectivo, agravada com as suspeitas agora lançadas contra a OMS, isso fica.
Mas não temos emenda. Há dias vi a cobertura jornalística de um congresso de ginecologia e de imediato se anunciou que “uma em cada quatro jovens portuguesas está infectada com o vírus do papiloma humano” e, claro, como podia faltar? Que somos o caso mais grave de toda a Europa. Depois, mal deram tempo a um congressista para esclarecer que “só” 20% dessas “infectadas” é que poderão vir a ter cancro do colo do útero, o que foi logo traduzido para os jornais com um título bombástico com o número de “jovens infectadas” (sic) seguido da “especificação de que 80% podiam afinal não vir a desenvolver o cancro…
Já se tornou recomendação habitual dos médicos aos seus doentes que não vão à net tirar informações sobre os seus sintomas e derivados porque criam medos e terrores sem fundamento, próprios de quem não sabe interpretar conceitos nem ler relatórios e notícias científicas. Ora, essa recomendação devia ser feita insistentemente aos jornalistas e a quem divulga informações desta natureza à população, que não sabe nem tinha que saber os meandros das definições e critérios médicos para avaliar as situações.
Nem tudo cabe na prevenção das responsabilidades, cada cargo tem as suas e uma delas é não suscitar situações de medo e insegurança só para não se poder vir a ser acusado de não ter dito tudo. O excesso de zelo informativo pode ser uma forma grave de irresponsabilidade!
Tivemos isto todos os dias como prato forte, contámos um a um os engripados, ouvimos com comoção e pânico as notícias das primeiras mortes, tivemos leituras ministeriais de boletins clínicos, em concorrência com o boletim meteorológico, notícia de revoltas por causa de meninos que foram à escola com sintomas e foi mesmo possível apontar a dedo, com acusação de tentativa de contaminação criminosa, uma mãe que se recusou a usar a máscara na sala de espera do hospital onde foi com o seu filho.
Depois da pandemia global vem agora a escandaleira global, o Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa a dizer que foi um exagero criado pelos interesses e influência das farmacêuticas. Vem também a OMS defender-se dizendo que depois do mal passado é fácil criticar, cabia-lhes prevenir de acordo com a informação de que dispunham e que cada Governo tomou as decisões e fez os alarmes que entendeu.
Tudo bem, temos que admitir que jogaram pelo seguro. O que já não podemos aceitar é o pandemónio noticioso que houve entre nós, o debitar insano de detalhes que deixavam à livre interpretação de cada um o grau da ameaça, na falta de conhecimentos científicos que permitissem distinguir o trigo do joio. O Director geral de Saúde disse hoje que nunca disseram que houvesse risco de morte, que se limitaram a informar para que se tomasse medidas de prevenção. É caso para perguntarmos o que fariam se fosse mesmo um risco muito grave? O que faltaria fazerem? Se afinal foi rebate falso ou a prevenção em dose maciça foi eficaz, óptimo, só temos que nos alegrar, mas que fica uma profunda sensação de abuso e de manipulação do medo colectivo, agravada com as suspeitas agora lançadas contra a OMS, isso fica.
Mas não temos emenda. Há dias vi a cobertura jornalística de um congresso de ginecologia e de imediato se anunciou que “uma em cada quatro jovens portuguesas está infectada com o vírus do papiloma humano” e, claro, como podia faltar? Que somos o caso mais grave de toda a Europa. Depois, mal deram tempo a um congressista para esclarecer que “só” 20% dessas “infectadas” é que poderão vir a ter cancro do colo do útero, o que foi logo traduzido para os jornais com um título bombástico com o número de “jovens infectadas” (sic) seguido da “especificação de que 80% podiam afinal não vir a desenvolver o cancro…
Já se tornou recomendação habitual dos médicos aos seus doentes que não vão à net tirar informações sobre os seus sintomas e derivados porque criam medos e terrores sem fundamento, próprios de quem não sabe interpretar conceitos nem ler relatórios e notícias científicas. Ora, essa recomendação devia ser feita insistentemente aos jornalistas e a quem divulga informações desta natureza à população, que não sabe nem tinha que saber os meandros das definições e critérios médicos para avaliar as situações.
Nem tudo cabe na prevenção das responsabilidades, cada cargo tem as suas e uma delas é não suscitar situações de medo e insegurança só para não se poder vir a ser acusado de não ter dito tudo. O excesso de zelo informativo pode ser uma forma grave de irresponsabilidade!
Suzana
ResponderEliminarVivemos num mundo em que os acontecimentos são multiplicados vezes sem conta, ganhando uma dinâmica muitas vezes imparável e incontrolável, que obviamente pode ser perigosa, para o bem e para o mal.
É a exploração mediática, a todo o transe, das atenções, das emoções e dos medos que levam as pessoas e as instituições a andarem mais depressa do que pensam. Se as pessoas acreditam em tudo, derivado em especial à assimetria de informação, o certo é que o descrédito da verdade pode levar qualquer dia as pessoas a não acreditarem em nada...
E mais uma vez, “alguém” fez rios de dinheiro...!
ResponderEliminarA Drª Rauni Kilde, tinha alertado públicamente para um perigo de dimensões inimagináveis. A manipulação de populações e governos por parte dos fabricantes de medicamentos.
ResponderEliminarNeste vídeo podemos assistir:
http://www.youtube.com/watch?v=nTgyakGAddM
Contudo e como a cara Drª Suzana Toscano realça, a forma como a comunicação social apresenta os factos, transmite aos cidadãos comuns uma enorme sensação de instabilidade e fragilidade, sem recurso à solução coordenada e organizada, para deter o problema.
A dinâmica a ctual de sucessão dos acontecimentos e a forma como é aproveitada, gera em muitas ocasiões um caos difícil muitas vezes de interpretar e de desmontar, mesmo por parte daqueles que possuem formação técnica para lidar com as matérias.
E depois... ainda não se conseguiu eliminar o velho conceito de "quem conta um conto, aumenta-lhe um ponto".