Nunca me tinha acontecido. Fui almoçar a uma casa que serve comida mais ou menos caseira, perto do local onde trabalho, a justificar um passeio a pé, finalmente, que há já umas semanas o mau tempo não convidada a fazer.
Apesar da brisa muito fria que corria, sentei-me numa mesinha virada ao sol, aconchegada pelo casaco comprido que ainda hesitei em vestir pese embora a descida de temperatura que hoje se fez sentir.
Foi então que vi passar uma rapariga que me chamou a atenção, não por mera distracção mas porque instintivamente lhe notei qualquer coisa de familiar. Fiquei um pouco a olhar, desconfiada, na esperança que a pudesse voltar a ver, o que por sorte aconteceu, pois a rapariga acabaria por se sentar a almoçar, numa posição que me permitia observá-la discretamente.
Apesar da brisa muito fria que corria, sentei-me numa mesinha virada ao sol, aconchegada pelo casaco comprido que ainda hesitei em vestir pese embora a descida de temperatura que hoje se fez sentir.
Foi então que vi passar uma rapariga que me chamou a atenção, não por mera distracção mas porque instintivamente lhe notei qualquer coisa de familiar. Fiquei um pouco a olhar, desconfiada, na esperança que a pudesse voltar a ver, o que por sorte aconteceu, pois a rapariga acabaria por se sentar a almoçar, numa posição que me permitia observá-la discretamente.
Ora, tratava-se de uma rapariga nova tal e qual a rapariga nova que fui há duas décadas atrás. Não era apenas o aspecto físico, mas era também o modo de estar e de se expressar e até no vestir as parecenças eram para mim evidentes. Um estilo muito próximo do meu, apesar da diferença de idades. Fiquei deliciada a observar como era possível, no meio de milhões de pessoas, todas tão diferentes, alguma vez encontrar alguém desconhecido mas tão “familiar”. Uma verdadeira lotaria!
Acabei de tomar o café e foi, então, que me enchi de coragem e me abeirei da rapariga, que estava ainda a meio da refeição, para mais de perto constatar o que a olho me deixou impressionada. Como é que era possível!
Acabei de tomar o café e foi, então, que me enchi de coragem e me abeirei da rapariga, que estava ainda a meio da refeição, para mais de perto constatar o que a olho me deixou impressionada. Como é que era possível!
Foi uma conversa rápida, como não poderia deixar de ser. Contei-lhe a minha curiosidade que rapidamente passou também a ser dela. Éramos de facto muito parecidas, até a voz não destoou. A rapariga achou muita graça e ficou divertida. Quisemos saber se não teríamos eventualmente uma qualquer costela comum, algures perdida. Até poderia ser, porque não, pensei eu, num país tão pequeno. Mas não, não tínhamos qualquer hipótese de nos tornarmos umas primas afastadas. Mas o mais espantoso ainda estava para vir. É que a rapariga chamava-se Margarida!
Há coisas na vida fantásticas. Esta é única e irrepetível. Foi um dia de sorte. A vida também é feita destas pequenas coisas grandes…
Há coisas na vida fantásticas. Esta é única e irrepetível. Foi um dia de sorte. A vida também é feita destas pequenas coisas grandes…
Uma sósia, Margarida, ainda por cima com uma breve viagem no tempo, realmente é como acertar na lotaria!
ResponderEliminarCoincidências existem! E estas provam que o mundo é mesmo pequenino!
ResponderEliminarque cena deliciosa, Cara Dra. Margarida.
ResponderEliminarHá muito tempo que não lia algo tão simples e que me desse tanto gozo ler.
estes pequenos (grandes) momentos da vida dão felicidade.
e a sua partilha, tb.
obrigada.
Beijinhos.
Extraordinário, cara Drª. Margarida, sem dúvida!
ResponderEliminarAdivinho que o seu coração tenha disparado num misto de sensações entre o surpreendido e o pensar que súbitamente tivesse saltado de dimensão temporal.
Sorte teve a sua sósia, como lhe chama a Drª. Suzana, porque lhe assistiu a possibilidade de antever o futuro, coisa que tantos de nós gostariam bastante.
Mas a propósito quero-lhe contar algo de extraordinário que me aconteceu ha cerca de uns 15 anos atrás. No espaço de meses aconteceu-me conhecer 2 pessoas com exactamente o mesmo nome que o meu.
Imagine um dia, estava no meu emprego e aparece um fulano de Peniche que quando ouve o meu apelido, me diz com um grande sorriso que o dele é igual. Ah sim, digo-lhe eu e disse-lhe o nome completo, o fulano ficou especado e returquiu... está a brincar? Foi a minha vez de ficar surpreendido... a brincar porquê?
É que esse tambem é o meu nome!
A sério?
E lá "sacámos" ambos o B.I. para provarmos um ao outro. No mesmo ano e também no emprego, sucede-me precisamente a mesma situação, desta vez era um fulano dono de um restaurante na Charneca da Caparica, pessoa com mais idade que eu. Este ficou tão espantado que passados alguns dias, voltou lá acompanhado do filho, para me conhecer. Depois dei-lhe o contacto do outro xará de Peniche, que ele garantiu, iría contactar.
Ha realmente coicidências fantásticas, nesta vida!
E olhe que eu considero o meu nome pouco vulgar.
Duas Margaridas bonitas, ao mesmo tempo, num pequeno restaurante. Creio que a sorte foi de quem estava por perto...
ResponderEliminarCara Margarida
ResponderEliminarNão há nada como termos hipóteses de recordar passagens agradáveis da nossa vida,recordaçóes suscitadas muitas das vezes, por aspectos que têm a ver com a beleza e com a qualidade de vida, entre outras coisas. Agora duas margaridas, deve ter sido mesmo bom!
Cara Pézinhos N' Areia
ResponderEliminarFico muito grata por saber o gosto que teve na leitura desta pequenina história.
Ainda bem que a partilhei com os meus Amigos Comentadores. Só por isso valeu a pena.
Caro Bartolomeu
A vida tem surpresas incríveis, justamente porque a vida é infinitamente rica! Dá que pensar…
Já são três Bartolomeus "iguais"! A probabilidade de encontrar um quarto Bartolomeu é ainda mais reduzida. Mas já conta com dois encontros, o que é notável. Por isso, são coincidências que devem ser tratadas como relíquias.
Transmigração das almas em vida, cara Margarida...o que lhe passa a dar especiais responsabilidades...mas também uma nova vida num invólucro renovado...
ResponderEliminarEm 2008, quando renovei o BI só já se achavam registados 2. Parece que a "coisa" tem tendência para a extinção, cara Margarida.
ResponderEliminar;)
É o costume... aquilo que é bom, não dura sempre!!!
;)))))
Cara Margarida,
ResponderEliminarSão, de facto, as entrelinhas da nossa efémera existência que nos compelem a buscar-lhe um sentido maior.
O episódio que nos traz impõe-me que confidencie um outro, que me marcou.
O nome que uso no 4R, Henry, não é o meu nome, mas o do meu saudoso avô, que sabia, como mais ninguém, discernir e partilhar os pequenos detalhes da vida, com a generosidade da criança feliz que, na verdade, nunca deixara de ser.
Quando, há mais de 15 anos, apresentei a minha mulher ao meu avô, a empatia entre os dois foi imediata.
No primeiro registo fotográfico de ambos que possuo, o meu avô oferece um malmequer à tímida Alexandra que, surpreendida, aceita.
Um instante que tivemos a fortuna de perpetuar.
Pois bem, certo dia, em 2001, poucos meses depois do meu avô ter partido, a minha mulher ligou-me para, com a voz ainda embargada, me relatar aquilo que, pouco antes, a assombrara.
Encontrava-se perto do liceu francês, parada no passeio, à espera que o sinal lhe autorizasse a passagem, quando, mesmo ao seu lado, parou uma criança, que não teria mais de 4 anos, acompanhada pela mãe, e que lhe chamou a atenção por segurar um malmequer.
Apercebendo-se do seu súbito interesse, a criança estendeu-lhe a flor, propondo: “tu la veut?”
Quando se preparava a receber, o sinal passou a verde e a mãe, que nem se dera conta daquele momento, puxou a criança, ordenando: “tu viens, Henri!”
Fantástico, caro Henry, no entanto, anossa consciência, não nos permite "decifrar" a totalidade do enígma.
ResponderEliminarSe assim é, é porque assim tem de ser, é sempre a conclusão possível a que conseguimos chegar, apesar de nos interessar muito saber até onde poderíamos chegar na descoberta daquilo que imaginamos poder ser.
O que o Henry aqui contou faz-me pensar de novo em coincidências, destino e uma linha de pensamento filosófico que li há anos mas que não consigo recordar onde... Seria uma das várias explicações para estes, digamos, fenómenos. Por mim, e não sendo necessariamente fatalista, acredito no destino... Vou tentar encontrar qualquer documento sobre este assunto. Agora fiquei com curiosidade... e não vou descansar enquanto não encontrar o que procuro!!! : )
ResponderEliminarEste género de posts encantam-me, cara Margarida, porque suscitam o relato de outras experiências de outros comentadores que também nos enriquecem, nos divertem e, por vezes, nos fazem “pensar”... realmente “pensar” o que realmente somos... quem somos... porque somos e para que somos....
Ao reler o meu comentário até parece que estou a atravessar uma fase de “existencialismo” ! : ) : )
ResponderEliminarBoa observação, essa sua última, cara Catarina.
ResponderEliminarE não estamos permanentemente numa fase de "existencialismo"?
E não se move a terra, por isso mesmo?
É que, se parássemos, deixaríamos de existir... a menos que uma transformação radical, ocorresse na dinâmica do universo.
Digo eu...
... e muito bem dito!
ResponderEliminar: )
E para ter a certeza que o meu comentário seria lido... até o dupliquei.. !! : )
ResponderEliminarEssa duplicação, lembrou-me um antigo chefe de serviços, que era um pândego e tinha o habito, sempre que entrava um novo funcionário, pedia-lhe para tirar uma fotocópia, quando o funcionário lha apresentava ele ficava com o original e pedia ao funcionário para ler a cópia, de modo a conferir se não faltava nada.
ResponderEliminarComo era o chefe, todos se resignavam à sua vontade.
;))
:) :)
ResponderEliminarCaro Henry
ResponderEliminarObrigada por nos confidenciar os lindos "malmequeres". É um conto cheio de encanto e muita ternura.
O Avô, o Henry, a Alexandra, as flores, a criança, as recordações, enfim, os gestos e as emoções que se libertam perante momentos da vida, aparentemente triviais, ficam guardados no coração às vezes sem sabermos. E subitamente…
Dizia o meu Avô António que as recordações são as flores da nossa memória.
É bom estas "coincidências" acontecerem e depois falarmos delas. É nas coisas mais simples e genuínas que a conversa puxa conversa. E todos, se formos a ver bem, temos algumas ou muitas “coincidências “ guardadas...
Cara Catarina
O mundo era uma chatice se tivéssemos que apenas discutir as coisas “importantes”. É que o resto, que é muito, é bem mais importante…
Caro Bartolomeu
Esse chefe era desconfiado e não fazia a coisa por menos para ensinar “aqui quem manda sou eu”!
Não fosse a "duplicação" da Catarina e esta lembrança não vinha aqui parar.
José Mário
ResponderEliminarSe assim o diz, fico muito vaidosa. O espelho dos outros vê melhor que o nosso...
Caro antoniodosanzóis
Por vezes não valorizamos devidamente as coisas agradáveis. É bom ter a oportunidade de as partilhar, mas mais importante ainda é o efeito contagioso, no bom sentido, claro está, que isso possa ter.
Caro Dr. Pinho Cardão
Senti-me por momentos rejuvenescida...
Moral da história: Bartolomeus há muitos...
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