Vieram recentemente a público os resultados do último concurso para ingresso na carreira diplomática que mostram bem a falta de qualidade das bases educativas do nosso ensino. São resultados de deitar às mãos à cabeça e que atestam que não estamos a aplicar bons planos de educação. Mas o que se passou neste concurso não é novo.
Concorreram 1.180 candidatos, jovens licenciados, dos quais 700 chumbaram na prova de português, que era de escolha múltipla, quer dizer que os candidatos não foram capazes de compreender ou interpretar o que leram.
O concurso revelou também falta de cultura geral, baixo nível de conhecimento sobre a cultura portuguesa e elevado nível de ignorância sobre aspectos relevantes da história de Portugal. Marcelo Caetano foi o primeiro-ministro após o 25 de Abril, D. João V viveu na época dos Descobrimentos e a família real fugiu para o Brasil em barcos ingleses foram respostas dos candidatos aos exames realizados. Houve ainda quem não soubesse indicar três escritores de língua portuguesa do século XX ou três pintores.
A notícia refere que foi apresentado pelo júri do concurso ao Ministro dos Negócios Estrangeiros um relatório no qual é defendida uma reformulação do curso intensivo que os 30 candidatos admitidos vão ter de frequentar antes de iniciaram funções. É que para além das aulas de línguas, contabilidade e protocolo, o MNE vai ter de incluir aulas sobre arte, literatura e arquitectura portuguesas.
Concorreram 1.180 candidatos, jovens licenciados, dos quais 700 chumbaram na prova de português, que era de escolha múltipla, quer dizer que os candidatos não foram capazes de compreender ou interpretar o que leram.
O concurso revelou também falta de cultura geral, baixo nível de conhecimento sobre a cultura portuguesa e elevado nível de ignorância sobre aspectos relevantes da história de Portugal. Marcelo Caetano foi o primeiro-ministro após o 25 de Abril, D. João V viveu na época dos Descobrimentos e a família real fugiu para o Brasil em barcos ingleses foram respostas dos candidatos aos exames realizados. Houve ainda quem não soubesse indicar três escritores de língua portuguesa do século XX ou três pintores.
A notícia refere que foi apresentado pelo júri do concurso ao Ministro dos Negócios Estrangeiros um relatório no qual é defendida uma reformulação do curso intensivo que os 30 candidatos admitidos vão ter de frequentar antes de iniciaram funções. É que para além das aulas de línguas, contabilidade e protocolo, o MNE vai ter de incluir aulas sobre arte, literatura e arquitectura portuguesas.
Ainda que com um curso intensivo, é legítimo que nos questionemos sobre a capacidade e a qualidade destes jovens para ingressarem na carreira diplomática, em que o desempenho da representação depende em muito do nível educacional.
Este retrato não nos deixa outra hipótese que não seja a de investirmos a sério na qualidade do ensino. Enfim, uma conclusão já muito cansada...
Mesmo que se fale muito impressiona sempre muito, como mostra o seu exemplo. Não servirá de consolo, mas os franceses queixam-se do mesmo, os espenhóis também, os ingleses talvez não reconheçam tanto mas lá está a mesma questão, não sei se os jovens terão outro tipo de sabedoria que nós ainda não sabemos aferir, ou valorizar, mas se não sabem ler um texto e interpretar não sei como vão progredir, alguma forma de comunicação tem que haver.
ResponderEliminarmas também lhe digo que tenho agora acompanhado um jovem que está no 11º ano, precisamente na matéria de português e fico pasmada com a complicação dos textos que estão no livro, na forma intrincada como se apresentam os temas, qualquer garoto que tenha dificuldades em interpretação põe o livro de lado e desiste!
Enquanto o ME não tiver a noção de que a educação é a espinha dorsal de uma sociedade civilizada e apta a enfrentar grandes desafios , enquanto não considerar uma reforma curricular adaptada ao século XXI, com matérias que proporcionem aos alunos a devida preparação a nível de boa cidadania, a nível emocional, espiritual, intelectual, cultura geral e conhecimentos práticos de vida para que consigam atingir o seu potencial máximo, e enquanto o ambiente escolar não se tornar num ambiente aliciante e motivador – e não uma “seca” - o analfabetismo continuará a rondar os 30% (?), a taxa de abandono escolar, provavelmente já excendo os 40%, continuará a aumentar e os que conseguiram ir até mais longe frequentando cursos pós-secundários (porque tiveram os meios financeiros de o fazer,a vontade, a determinação – que aplaudo - ) continuarão a demonstrar uma má preparação, da qual nem serão totalmente responsáveis. E se alguns conseguirem por meio de cunhas chegar ao topo e exercer funções de grande responsabilidade... a nível nacional... nem quero pensar nas consequências que daí podem advir. “É preciso saber para mandar fazer”.
ResponderEliminarUm currículo mal elaborado e absolutamente desatualizado resulta numa falta de interesse por parte dos educandos, abandono escolar, baixo nível de escolaridade e baixos níveis de qualificações profissionais que por sua vez dão origem a baixos salários, baixa qualidade de vida, fraco desenvolvimento económico e cultural em termos mais abrangentes e por aí fora... Muito repetitivo, eu sei... mas é tão óbvio que não compreendo o statu quo.
E já agora... também acho que seria de grande importância, imperativo mesmo, “dar o seu a seu dono”, digamos assim:
- Deveria ser dado aos professores a oportunidade de fazer o que eles sabem fazer melhor: ensinar; ter de novo o poder de ser exigentes na disciplina sem medo de retaliações por parte dos alunos;
- O director deverá ter a incumbência de expulsar ou de implementar medidas punitivas adequadas, a todos aqueles que perturbam a vida normal da instituição de ensino – O Ministério deverá admitir uma vez por todas que há violência nas escolas, que alguns docentes não se sentem completamente seguros no seu local de trabalho. Continua a haver comportamentos agressivos repetitivos que visam não apenas os alunos como também os docentes. A tolerância relativamente a actividades de cariz agressiva/violenta deveria ser “0” em todas as escolas.
- Os pais que são os primeiros educadores dos seus filhos, devem assumir esse papel e não relegá-lo inteiramente à escola.
- “Quanto mais tempo os alunos estiverem na escola, quanto mais sobrecarregados estiverem em disciplinas e horários, quanto mais horas tiverem o nariz enfiado nos livros mais aprendem”... enquanto se pensar assim... bem... nada vai mudar mesmo... os resultados vão continuar a ser desastrosos.
O facilitismo, independentemente da área, não induz a nada de positivo e neste campo o fraco rendimento escolar, a falta de interesse será uma consequência desse mesmo facilitismo e tudo aquilo que virá por arrasto.
Não sou catedrática no assunto, mas tenho uma opinião..e preferi “elaborar” a partir do título do seu post – (“Maldita Educação”) - cara Margarida, do que propriamente no exemplo mais específico focado! : ) Conclusão: alarguei-me... como é habitual!
Cara Catarina
ResponderEliminarAinda bem que se alarga porque é sempre bom ler o que escreve.
Pois eu também não sou catedrática no assunto e por isso mesmo estou de acordo com as suas preocupações.
As bases da educação vão muito para além do ensino do português ou da matemática. São obviamente disciplinas em que não temos sido capazes de ultrapassar os insucessos. E nessas bases estão como a Cara Catarina bem refere domínios tão importantes como educar para a cidadania ou a inteligência emocional, fundamentais na formação de base. Não vamos longe se nos continuarmos a preocupar apenas com os domínios técnicos do conhecimento. Formar tecnocratas, licenciados ou não, é insuficiente.
Para além dos aspectos curriculares, a disciplina de estudo, a exigência de trabalho, a vontade de aprender e o gosto pelo saber são factores essenciais que se foram perdendo.
O acesso ao ensino aumentou, há que reconhecê-lo, mas só por si não é suficiente para FORMAR pessoas.
O modelo de ensino falhou e seria importante que a sociedade civil se pronunciasse e assumisse o porquê dos insucessos. Não há reforma possível se não existir a compreensão e o envolvimento de todos. Tudo isto também falhou. E não é fácil dar a volta a este estado de coisas porque temos estado a formar gerações seguidas insistindo nos mesmos erros.
1º. Continua-se a apostar na admissão, para qualquer coisa, de jovens licenciados. Mas ainda não perceberam que a grande maioria dos jovens licenciados tem muito menos formação generalista, para não dizer também específica, que um "velho" com o velhinho 5º Ano liceal? Não defendo a admissão de "velhos" mas abram-se as portas a pessoas interessadas e com boa cultura geral, independentemenente de serem, ou não, licenciados.
ResponderEliminar2ºSe alguém duvidava do valor das NOVAS OPORTUNIDADES, ora aqui está a oportunidade de incluir nos seus currículos, formação para Diplomatas. Não será isso que se vai fazer com a reformulação do curso, pós admissão? Sejam práticos, antecipem-se.
3ºOnde chegámos...
Cara Drª Margarida,
ResponderEliminarOs recém-licenciados de hoje já pertencem à denominada geração “Simplex”.
Ora, de acordo com a respectiva página oficial na internet, “O Simplex é um programa de simplificação...” (in www.simplex.pt).
Sim, sim, nem mais; É tal-qualmente assim!
E a todos aqueles a quem já antolho um sorriso jocoso, desde já lanço o desafio de encontrar melhor definição para este sucedâneo de adjectivo, a que alguém teve a brilhante ideia de acrescentar um... prefixo!
Pela minha parte, confesso-me incapaz de tamanha façanha, mas tal poderá bem resultar da desconfiança que sempre me suscitaram os adjectivos errantes, em particular o “simples”, que se diz de algo que não tem composição...
No país virtual em que nos estamos transformando, não há lugar para substantivos (como, por exemplo... história!)
No país da geração “Simplex”, “educação” é um adjectivo, cara Drª Margarida...
...Como facilmente lhe explicará qualquer um dos 30 eleitos!
Cá vai o país, simplexmente, arrastando-se pelo fundo. Curioso, foi os alunos do secundário, terem queixas, por falta de liberdade nas escolas.
ResponderEliminarSó há direitos, não há deveres.
Não posso augurar nada de bom, para o futuro deste país.
Suzana
ResponderEliminarPois um dos problemas está na adequabilidade e qualidade dos conteúdos e dos métodos utilizados.
Bem que compreendo que o seu jovem precise de ajuda. Mas não seria melhor que a ajuda viesse da escola, evitando justamente a complicação que conduz à dificuldade de aprendizagem?
Caro SLGS
A sua preocupação remete-me para a questão da facilidade com que os empregadores, incluindo a administração pública, estão a dispensar os mais "velhos" como se pudéssemos, pura e simplesmente, desperdiçar a sua experiência e sabedoria. Esta política vai-nos sair muito cara.
Caro Henry
A contrastar com a geração "simplex", temos depois o "complex" da burocracia da administração pública como nos mostra o tempo dispendido no processo de recrutamento dos 30 jovens. Foram gastos 14 meses. No dito relatório não resisto a contar a seguinte preciosidade: "(...) se aparecerem mil candidatos sem licenciatura, tenho que publicar mil justificações sobre como eles não cumprem os requisitos. É de loucos."
Caro José Domingos
Está instalada uma cultura de facilitismo. O fracasso da educação é simultaneamente causa e efeito. A situação não é realmente brilhante.
Cara Margarida
ResponderEliminarAinda sou do tempo em que o M.N. EStranjeiros contava, porque nesse sentido havia o maior cuidado no recrutamento de novos diplomatas, com um corpo de excelentes profissionais, cultos e com uma categorai pessoel adequada às funções. Só assim se explica que Portugal tenha sido eleito para liderar o governo da então zona internacional de Tanger, na pessoa do Dr. Luís Archer que veio a ser secretário-geral do ministério em causa. Pensemos bem.
Não foi por acaso que este pobre país - não interessa agora averiguar se com razão ou sem ela - aguentou contra todos e contra tudo, uma guerra em África, tendo que lidar com secretarias de estado estranjeiras muito adversas à estratégia política do então governo português.
É realmente arrepiante o estado em que este país se acha, em matéria de educação e cultura, primeira componente a acautelar, sem qualquer respuício de dúvida, em ordem a fugirmos à decadência e à degradação, a caminho de um estado de desenvolvimento adequado. Não foi para estas desgraças que andaram a fazer revoluções.
Caro antoniodosanzóis
ResponderEliminarSuponho que temos jovens que, apesar do descalabro do dito concurso, teriam preparação para dignificar a actividade diplomática.
Esses jovens promissores que são recrutados por outros sectores, creio que não encontram na Administração Pública e, em particular, na carreira diplomática, condições suficientemente atractivas e, portanto, não concorrem.