1. É notícia fresca: a Grécia adjudicou hoje apenas € 360 milhões dos € 1.000 milhões anunciados de uma emissão de obrigações de dívida pública ao prazo de 12 anos, ficando esta decisão a dever-se obviamente ao elevado preço (taxa de juro) exigido pelos investidores para tomar a parte da emissão que ficou por colocar.
2. Esta notícia segue-se à da colocação ontem de € 5 mil milhões de dívida ao prazo de 7 anos, a qual, apesar de colocada na totalidade, teve uma recepção “fria” dos mercados.
3. A partir daqui, o Governo grego terá fundamentalmente duas opções:
- Ou fixa-se em maturidades mais curtas, até aos 7 anos por hipótese, para as quais tem encontrado procura ainda que pagando um preço bastante elevado – um “spread” bastante superior a 300 pontos sobre a dívida alemã do mesmo prazo;
- Ou dirige-se aos seus pares da zona Euro, invocando o “Acordo” da última 6.ª Feira, solicitando apoio financeiro, uma vez que pode demonstrar (se é que isso constitui demonstração aceitável) não ter resposta dos mercados para cobrir as suas necessidades de financiamento...
4. Se escolher a primeira via, a Grécia deverá, por enquanto (resta saber até quando), obter o financiamento de que necessita, sendo certo que terá de continuar a pagar um preço bastante elevado que muito frustrará as suas expectativas quanto aos efeitos práticos do famoso “Acordo”...
5. Se escolher a segunda via, parece-me que vai ser “o bom e o bonito”, com toda a gente a interrogar-se como pode um assunto destes ser tratado sem existir regulamentação aplicável e sem que o FMI tenha ainda mexido uma palha...
6.Tema a seguir com o maior interesse, os próximos episódios prometem muita emoção...
De facto, é assunto a seguir com atenção.
ResponderEliminarO drama grego começou com a comédia de mais e mais despesa e pode acabar em verdadeira tragédia.
Um bom exemplo para nós!...
Mas não aprendemos: acontece que o nosso OE para 2010 ainda prevê aumento da despesa corrente!...
Mas é bom que se esteja a passar com os gregos e não connosco. E é bom que se esteja a passar. E na próxima que tentarem vender a grande construção europeia devemos sempre lembrar os gregos...
ResponderEliminarCom tanta desgraça atrás de desgraça, cito Camilo Castelo Branco: "As maiores desgraças são aquelas que a si próprias não podem perdoar".
ResponderEliminarInfelizmente, parece que há quem vá perdoando… Desgraçadamente.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarComo lhe comentei noutro seu post, a Republica Grega, em Setembro/Outubro do ano passados tinha alinhavado um acordo para um empréstimo a, salvo erro, 15 anos a uma taxa de juro simpática, no valor de € 25 mil milhões.
(NB representa, cerca de metade das necessidades de financiamento para o ano de 2010 da Grécia.)
O acordo era com a Republica Democrática da China e a "parteira" deste negócio o "incontornável" Goldmann Sachs.
Apenas era exigido uma garantia sobre activos, neste caso, 10% do capital de um dos bancos estatais.
Não quiz....aparentemente, o "apenas" era demais para o governo grego, ele lá o saberá....
Não tenho dúvidas que, os chineses na sua milenar sageza, continuam disponíveis para negociar sem que as condições, originais, se alterem muito.
Também não tenho dúvidas que os contribuintes alemães recordarão ao seu governo que, a Grécia, tem muitas ilhas para vender.....Não tenho dúvidas que, o governo alemão, recordará ao governo grego que opções não são, exactamente, o mesmo que alternativas; na verdade, estas esgotam-se e não podem mudar-se, ao passo que aquelas não se esgotam e podem sempre mudar-se....
Cumprimentos
joão
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarTal como a novela gega, creio que o OE/2010 ainda vai dar muito que falar, po mias motivos do que essa característica relevante e admitir um crescimento nominal e real da despesa corrente...
Caro Tonibler,
Vejo-o muito confiante no funcionamento da barreira grega...
Faz-me lembrar a confiança qu parte da Inteligência francesa depositava na linha Maginot, antes de os alemães passarem por ela como faca em manteiga aquecida...
Caro Gonçalo Correia,
De perdão em perdão,até à vingança final?
Caro João,
Pode ser que a China venha a ser a solução do problema, quando os gregos perceberem que as suas condições são, a final,um mal menor...
Confiante na barreira grega, caro Tavares Moreira? Ela está aí, não tenho que ter confiança. O facto é que esta conversa se passa sobre a Grécia e os limites estão a ser experimentados com a Grécia, enquanto a nossa economia está, provavelmente, mais "enterrada" que a grega. E não vejo no que méritos tem a nossa economia para isto não se passar connosco, mas o facto é que se está a passar com os gregos, por isso a barreira grega existe.
ResponderEliminarTalvez a "noética" seja, a única ciência capaz de "curar" a economia Grega e a Portuguesa.
ResponderEliminarÉ preciso não deixar de acreditar...
Que a "barreira" grega existe, ou parece que existe, estamos de acordo caro Tonibler...para o que serve é que não se me afigura assim tão claro.
ResponderEliminarAdmito que a "barreira" grega sirva, fundamentalmente, para nos tranquilizarmos e continuar a insistir nos mesmos erros até que, de repente ou não, verificamos que a "barreira" grega cedeu!
Caro Bartolomeu,
A noética? Como assim?
Não somos só nós. Havia cerca de 300 milhões de pessoas com um plano que só tinha cenários positivos. Esse plano morreu e está-se a desenhar um novo plano no couro dos gregos. Felizmente para nós. E serve para desenhar esse novo plano e para dizer aos 300 milhões de pessoas que o plano é outro.
ResponderEliminarTemos que acreditar que, no fim, vamos (nós, que decidimos no voto) aprender com o sangue grego que ninguém vai fazer por nós as coisas bem feitas, principalmente quando insistimos em fazê-las mal feitas. Que se existe algo que merece um estudo de viabilidade, então não pode ser feito com dinheiro do estado e que os ricos que pagam a crise ganham 450 euros por mês.
Por isso, até acho bom que a crise grega leve o seu tempo e que sirva de exemplo. Agora, é melhor que seja com eles que connosco...
Caro Tonibler,
ResponderEliminarEstá assim tão seguro de que gozamos de imunidade contra os efeitos da praga financeira que atinge os gregos?
Eu não estaria tão seguro, mas conforta-me a sua satisfação de ver os gregos penar,como se eles estivessem satisfazendo essa pena também por nossa conta...
C omo que oferecendo-nos graciosamenteum seguro contra riscos que criamos com os nossos erros!
Tão solidários estes gregos (mesmo contra vontade), bem merecem a nossa homenagem!