Dei por acaso com a notícia de que na origem da consagração do dia Internacional do Livro Infantil, 2 de Abril, está o dia do nascimento de Hans Christian Andersen, o escritor dinamarquês que povou a nossa infância de contos maravilhosos, chamados contos de encantar, tal era a magia que exerciam sobre nós. Digo maravilhosos no sentido da imaginação extraordinária, porque as suas histórias levavam-nos a mundos povoados de seres e enredos que nos tiravam da doce realidade infantil e nos confrontavam de repente com a coragem, com a desgraça, com a maldade, com a bondade ou com o espírito de sacrifício para lutar pelos sonhos ou para alcançar a fortuna. Muitas vezes sentíamos um medo horrível de continuar a ouvir ou a ler, a crueldade, ou a injustiça, faziam-nos arregalar os olhos e espantavam o sono, outras vezes ficávamos a sonhar com a transformação do Patinho Feio num lindo Cisne Branco ou sentíamos nos pés os picos que a Pequena Sereia tinha que suportar por ter renunciado à sua condição de sereia para ir ter com o seu amado príncipe. Uma escolha terrível e muito arriscada, a prova é que ela acabou transformada em espuma do mar. Havia também os Cisnes Selvagens, creio que era nessa história que uma menina tinha que tricotar uma camisola feita com urtigas, mas a minha preferida foi sempre a Princesa e a Ervilha. Um rei poderoso vivia muito preocupado porque o príncipe não encontrava noiva que lhe agradasse. Resolveu dar uma festa no palácio para a qual convidou todas as princesas dos reinos em redor, mas nesse caiu uma tempestade brutal e já ia a festa adiantada quando bateram à porta. Viram então uma jovem suja de lama, ensopada até aos ossos, que se apresentou como princesa de um reino longíquo que tinha sido apanhada no caminho pela tempestade. A sua beleza sobressaía de todas as outras que dançavam no salão mas o seu aspecto miseravel levou a rainha a desconfiar que fosse a princesa de um reino de que ninguém tinha ouvido falar. Para tirar as dúvidas, levou-a para um quarto onde mandou armar uma cama onde se empilhavam dezenas de colchões, quase até ao tecto, e debaixo do primeiro colchão a rainha deixou uma ervilha. Se, como ela dizia, fosse uma princesa, estaria habituada a dormir entre sedas e suaves penugens e certamente daria pela dureza da ervilha, se não desse seria expulsa do palácio. No dia seguinte a menina apareceu muito pálida, queixando-se de nódoas negras no corpo por causa de uma rudeza que sentia debaixo dos colchões. Assim se provou a sua estirpe e, claro, foi ela que casou com o príncipe.
Ainda me lembro das belas ilustrações do livro de histórias de H.C. Andersen que me deram quando era miúda e que muito mais tarde suscitou nas minhas filhas o mesmo fascínio por esse mundo imaginário e afinal tão real, que nos incutia a pressa e o gosto por aprender a ler para podermos reler uma e outra vez as partes favoritas, olhar bem os desenhos, tantas vezes, até o príncipe nos dirigir um sorriso ou a bruxa má deixar de meter medo, vencida pela coragem dos que não desistem de construir um mundo melhor.
Ainda me lembro das belas ilustrações do livro de histórias de H.C. Andersen que me deram quando era miúda e que muito mais tarde suscitou nas minhas filhas o mesmo fascínio por esse mundo imaginário e afinal tão real, que nos incutia a pressa e o gosto por aprender a ler para podermos reler uma e outra vez as partes favoritas, olhar bem os desenhos, tantas vezes, até o príncipe nos dirigir um sorriso ou a bruxa má deixar de meter medo, vencida pela coragem dos que não desistem de construir um mundo melhor.
Sempre encantadores os contos de H.C. Andersen que continuarão a enlevar gerações.
ResponderEliminarE sempre disposta a transportar-nos a épocas não assim tão distantes de forma muito agradável esta “nossa” – se me permite - caríssima Suzana!
Sabia que H. C. Andersen escreveu “Uma Pata Portuguesa” ? Pois escreveu e começa assim: “Um dia, uma pata chegou de Portugal, mas houve alguns que disseram que ela veio de Espanha, que é quase a mesma coisa.”
: )
;)))))))))))
ResponderEliminarOH Catarina... essa revelação coloca o Senhor Hans, uns furos abaixo do recepcionista-afro a que a Drª recorreu lá pelas Américas.
É que o outro, o das Américas, ainde se esforçou por encontrar no livro, aquilo que desconhecia, este o Hans, deixou-se "embalar" pelo "ouvi dizer"...
;)))))))))
: )
ResponderEliminarNão é necessário recuar a 1800 e tal. Há bem poucos anos perguntaram-me (nem me recordo onde me encontrava na altura) se em Portugal se falava espanhol. E não foi a primeira vez. As pessoas do oriente, por exemplo, não sabem tanto sobre a Europa como nós em relação aos países daquele lado do planeta! Têm uma vaga ideia de que os portugueses por lá passaram há uns séculos e pouco mais. Uma tristeza! Fomos os “maiores” e vejam só o que nos resta...
Sucedeu-me, uns anos atrás num país eropeu, dirigir-me a um estação dos correios para enviar correspondência para cá e a menina que me atendeu para além de não conhecer Lisboa, também não suspeitava da existência do nosso país.
ResponderEliminarComo nesse dia me achava repleto de paciência e boa-vontade, peguei numa caneta e uma folha de papel e desenhei para a simpática funcionária, o mapa da europa. Em resumo, a mocinha teve de aturar um alfacinha armado em professor de geografia e história que lhe demonstrou existir um país depois de Espanha e antes do Atlântico, com o nome de Portugal, cuja capital tem o nome de Liboa.
E teve muita sorte, porque a minha mulher não parava de me puxar o braço e avisar que já se estava a formar uma fila grande demais atrás de nós.
Na Europa? Numa estação dos correios? Inadmissível! Absolutamente inadmissível!
ResponderEliminarPois é, no melhor pano cai a nódoa, mas em compensação quem já cá esteve leva muito boa ideia do que viu, nem imaginam os elogios que ouvi aos americanos que já cá vieram, pena é que a maioria se fique por Lisboa e Algarve. A Rebecca, a anfitriã que nos ofereceu um belo jantar, esteve cá 15 dias e passeou por Braga, Aveiro, Óbidos, Lisboa, cascais e Sintra e dá gosto ouvi-la falar do nosso País.
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