É um facto que, dobrados os 50 anos, as conversas nas reuniões entre amigos mudam completamente de temas. Durante os primeiros anos da juventude era o fascínio da mudança, da autonomia, a fantástica experimentação da vida “verdadeira”, acabar os cursos, casar, arranjar emprego, casa, automóvel, o nascimento dos filhos quase todos em poucos anos. Sempre que falávamos, e falávamos sempre, havia imensas novidades, perguntas ansiosas, um entusiasmo cúmplice de quem fazia o caminho a par e passo. Depois foi o tempo dos encontros cada vez mais espaçados, não havia tempo para nada, absorvidos até ao limite com o intenso ritmo de vida.
A fase dos filhos adolescentes é talvez a mais complicada, junta-se com a altura de maior esforço profissional, cada um precisa do seu espaço mas é preciso guardar um espaço comum, um equilíbrio exigente e diário, é preciso dar atenção a tudo e muitas vezes distraímo-nos do que dantes era tão importante, adiando um dia e outro, na esperança de poder retomar o fio quando houver um pouco de sossego.
Então, quase sem repararmos, celebramos os 50 anos, num instante os seguintes, e olham-se as muitas etapas já concluídas, quase todas as que nos consumiram energias, entusiasmo, alegrias e desilusões. Nessa fase da vida já renderam as qualidades e assumem-se sem complexos os defeitos, já se esgotou a paciência para muitas cedências, para nos esquecermos de nós próprios, para esperar oportunidades.
Depois dos 50 há balanços, com o seu cortejo de confirmações e ajustes de contas. Mas o declínio da juventude é hoje mais lento, acredita-se mesmo que é possível adiá-lo, e a necessidade de reajustamento resulta também da ânsia de aproveitar plenamente uma nova fase da vida, que se perspectiva cada vez mais longa.
Se foi possível uma relação afectiva profunda e um estilo de vida em que ambos se sintam bem, esta fase traz o gosto de uma nova liberdade, uma sensação de dever cumprido, que permite que se usufrua do que se construiu ao longo da vida, não só materialmente mas também emocionalmente. No entanto, obriga a que se procurem novos centros de interesses e exige uma espécie de recomeço interior, reorganiza-se o tempo, aceitam-se as diferenças, recuperam-se gostos esquecidos de partilha e companheirismo que preencham numa nova harmonia o vazio e o silêncio que ficou.
Mas outras vezes essa reconstrução não é possível porque o que sobra é apenas um monte de estilhaços que se encara com desânimo e sem fé na sua regeneração. Confrontadas com o tempo que corre veloz, recusam renunciar à felicidade e decidem-se pela mudança radical, partindo para a renovação dos três “cês”, como li há dias numa revista,”casa, carro, cônjuge”, muitas vezes o emprego também, arriscando começar tudo do zero rumo a uma nova vida.
Depois dos 50, seja qual for o lastro de realização ou frustrações com que cada um aí chegue, as conversas entre amigos voltam ao tema das motivações pessoais que determinam o modo como se encara o futuro.
A fase dos filhos adolescentes é talvez a mais complicada, junta-se com a altura de maior esforço profissional, cada um precisa do seu espaço mas é preciso guardar um espaço comum, um equilíbrio exigente e diário, é preciso dar atenção a tudo e muitas vezes distraímo-nos do que dantes era tão importante, adiando um dia e outro, na esperança de poder retomar o fio quando houver um pouco de sossego.
Então, quase sem repararmos, celebramos os 50 anos, num instante os seguintes, e olham-se as muitas etapas já concluídas, quase todas as que nos consumiram energias, entusiasmo, alegrias e desilusões. Nessa fase da vida já renderam as qualidades e assumem-se sem complexos os defeitos, já se esgotou a paciência para muitas cedências, para nos esquecermos de nós próprios, para esperar oportunidades.
Depois dos 50 há balanços, com o seu cortejo de confirmações e ajustes de contas. Mas o declínio da juventude é hoje mais lento, acredita-se mesmo que é possível adiá-lo, e a necessidade de reajustamento resulta também da ânsia de aproveitar plenamente uma nova fase da vida, que se perspectiva cada vez mais longa.
Se foi possível uma relação afectiva profunda e um estilo de vida em que ambos se sintam bem, esta fase traz o gosto de uma nova liberdade, uma sensação de dever cumprido, que permite que se usufrua do que se construiu ao longo da vida, não só materialmente mas também emocionalmente. No entanto, obriga a que se procurem novos centros de interesses e exige uma espécie de recomeço interior, reorganiza-se o tempo, aceitam-se as diferenças, recuperam-se gostos esquecidos de partilha e companheirismo que preencham numa nova harmonia o vazio e o silêncio que ficou.
Mas outras vezes essa reconstrução não é possível porque o que sobra é apenas um monte de estilhaços que se encara com desânimo e sem fé na sua regeneração. Confrontadas com o tempo que corre veloz, recusam renunciar à felicidade e decidem-se pela mudança radical, partindo para a renovação dos três “cês”, como li há dias numa revista,”casa, carro, cônjuge”, muitas vezes o emprego também, arriscando começar tudo do zero rumo a uma nova vida.
Depois dos 50, seja qual for o lastro de realização ou frustrações com que cada um aí chegue, as conversas entre amigos voltam ao tema das motivações pessoais que determinam o modo como se encara o futuro.
Tiveste uma boa experiência e bons amigos também. O tempo passa e as coisas que vinhamos a preparar desde o começo da nossa batalha chegam a uma fase e ja nao tem o mesmo sentido. O tempo vai se esgotando e as conversas que ontem fizeram sentido hoje o seu sentido ou o conceito é diferente. É a vida. preparamos o futuro mas nunca chegamos a alcança-lo. As vezes é estranho, mas é o que acontece. É sempre bom e louvável ter 50 anos feitos.Os meus parabéns
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarSerá que são novos os 50 anos? Como será aos 60 anos?
A vida passa a correr. É qualquer coisa que quando somos novos não sabemos. Talvez seja uma vantagem e não tenhamos que viver a ansiedade de que o tempo não volta atrás.
Aos 50 anos já sabemos que o tempo é rápido e que podemos aproveitá-lo melhor, escolhendo melhor como o que queremos passar, aproveitando o que construímos e realizando porventura alguns sonhos ou desejos que não foram possíveis devido justamente às exigências que se nos colocam quando andamos pelos 30 ou 40 anos. Parece que aos 50 anos é preciso agarrar o tempo e vivê-lo de forma mais sentida, sendo mais selectivos naquilo que nos dá mais satisfação, a nós e aos outros de quem gostamos e de quem estamos mais próximos. Aos 50 anos já não temos que provar quem somos junto de quem nos conhece bem. Uma situação que nos fornece a tranquilidade, o sossego e a tolerância para sermos mais nós próprios.
“Não sou nada.
ResponderEliminarNunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), Poesias
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No que me diz respeito, e com todo o vigor dos 50 anos já completados, subscrevo particularmente esta passagem:
" À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Os 50 anos – e se tudo correu bem até então – pode ser a fase de uma liberdade renovada, como diz a cara Suzana, principalmente porque os filhos já estão “criados”. Pode ser a altura em que as pessoas podem, de novo, pensar um pouco mais em si próprias e fazer aquilo que ficou por fazer por falta de tempo. Um curso de interesse, viagens, exercício físico, encontros mais frequentes com os amigos. O tema de conversa pode ser outro; mais relacionado com a saúde - (no ambiente feminino ; não creio que os homens passem tempo com os amigos a falar nos exames que fizeram ou que têm que fazer à próstata!) – ainda relacionado com os últimos livros que leram, as viagens que fizeram, os problemas matrimoniais (delas próprias e das outras amigas : ) ) e idas mais frequentes a galerias de arte, ao cinema. E, como aqui foi dito, as pessoas sentem-se melhor “na sua pele”, ficam mais confiantes e o que continua a ser aliciante é que se continua a ter sonhos! : ) Quando se é mais jovem, pensa-se: um dia ainda hei de fazer isto e aquilo.. Quando se chega aos 50 é altura se de pensar: se tiver oportunidade, quero fazer “isto” mas tem que ser já! : )
ResponderEliminarEste será o “cenário” para os que são bafejados pela sorte. Para outros será a fase em que lutam pela própria vida.
Aqui vivo o "entre os 30 e os 40", mas as conversas - mais entre amigas, para ser rigorosa- versam sobre o "tema das motivações pessoais que determinam o modo como se encara o futuro.". Estarei precocemente envelhecida,o que que nos inquieta é constante? :)
ResponderEliminarTalvez pensássemos que, depois de cumprida uma parte essencial da vida, a idade adulta, seria possível sentir o prazer da realização e do dever cumprido. Mas, como diz uma amiga minha, agora é preciso pensar em como se vai viver os 20 ou 30 anos que faltam, a acreditar que faremos parte das estatísticas optimistas. E é aí que começam as angústias, será de mudar tudo?, só algumas coisas?, não perder tempo? aproveitar o tempo sem arriscar nada de essencial? Enfim, são estas as conversas e também as decisões, a verdade é que depois dos 50 muito do que nos ocupou, preocupou ou entusiasmou está concluido e é preciso reinventar a vida.
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