1. Começa a ganhar corpo a ideia da inevitabilidade de um aumento de impostos directos e indirectos – em sede de IVA e de IRS – a muito curto prazo, para assegurar os “novos” objectivos da política orçamental.
2. O Governo que até há pouco tempo excluía de forma “categórica” essa possibilidade, começou a vacilar e agora já a admite em termos que infelizmente não deixam margem para grandes dúvidas...
3. Bem sei, tal como procurei explicar no último Post “REQUIEM pela política económica”, que estas decisões já não são nossas, são-nos impostas do exterior, de forma mais ou menos explícita.
4. A autonomia da política orçamental, infelizmente muito mal exercida ao longo dos últimos 12 anos pelo menos, chegou ao fim – os objectivos dessa política, os “timings” e os meios para os cumprir - serão doravante ditados pelos credores e por seus representantes, a nível oficial ou profissional...
5. Sem embargo, considera-se lamentável que tenhamos que recorrer a aumentos de impostos para aguentar um nível excessivo e exorbitante de despesa pública...nós não temos receitas fiscais a menos, nós temos é despesa pública a mais – e vamos ainda agravar a carga fiscal para manter, a todo o custo, um nível de despesa pública manifestamente exorbitante?!
6. Esta aparente incapacidade para enfrentar de uma vez por todas o real e mais grave problema da economia do País – o excesso brutal de despesa pública, quer ao nível das Administrações Públicas quer ao nível dos sectores empresariais públicos – é um péssimo sinal de renúncia, um grave sintoma de incapacidade para tomar as decisões de eliminação dos desperdícios de recursos que urgentemente se impõem...
7.É bem possível que os novos “managers” da nossa política orçamental não acreditem na capacidade das autoridades nacionais para implementar com eficácia medidas de efectiva redução da despesa e pretendam por isso que o aumento das receitas, via agravamento de impostos, assegure o cumprimento dos objectivos.
8. Mas então será motivo para dizer que também os novos “managers” da nossa política orçamental estão sofrendo de miopia política - o aumento de tributação para prolongar um nível altíssimo de ineficiência na afectação dos recursos, implica uma quase certeza de que os graves desequilíbrios da economia não vão ser resolvidos e de que o recurso a mais e mais endividamento externo será uma inevitabilidade...
9. Tem toda a razão o Pinho Cardão quando se insurge contra esta política...está na hora de o aumentos de imposto ser considerado direcção proibida!
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarHá já largos meses que depositei a minha esperança na Sra. Merkel para que obrigasse os nossos governantes a não ultrapassarem o limiar do disparate absoluto. Tinha fundamento essa esperança.
Agora que as metas orçamentais para o défice nos não estão a ser externam,ente impostas, faço também votos (e com que amargura os formulo!) que haja igualmente a clarividência de nos sejam impostas medidas de carácter estrutural de redução da despesa e não de simples congelamentos.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarDepois de anunciar autoestradas em tudo quanto é sítio (julgo que até a minha varanda vai ter uma autoestrada ligando-a à do prédio vizinho); TGV (para ligar um lugar chamado Poceirão com 4225 pessoas à fronteira); hospitais um pouco por todo o lado (de tal modo que as abelhas do meu vizinho já fizeram uma petição a solicitar um hospital central na sua colmeia); milhões para que as inúmeras Universidades e Politécnicos espalhados por locais como Oliveira do Hospital (com uma população de 4704 almas) para que formem adultos de forma apressada, entre muitas outras tontices, aparecem estes senhores com as tais soluções fáceis de sempre. Cortar nos salários através do habitual congelamento e no habitual aumento de impostos!
Julgo que o Primeiro Ministro que temos merece a fogueira que atiçou, mas julgo que a generalidade da população não merece o que lhe vai acontecer, especialmente depois de 2013!
Eu sou a favor do aumento de impostos aos católicos para pagar a conta da visita do papa que, a avaliar pelos 10 minutos que hoje levei às 8:15 para fazer a Marginal toda, deve ir parar aos 1,6 mil milhões de euros.
ResponderEliminarNa actual conjuntura,...
ResponderEliminarSem os gastos enxugados
das previsões orçamentais
ficaremos amargados
por dívidas monumentais.
Depois de tanto esbanjamento
com o nosso país a enfezar,
será duro o ajustamento
que nós teremos de realizar.
Vamos a ver, caro Eduardo F., vamos a ver...começo a ficar muito céptico em relação a essa expectativa, confesso-lhe, perante as notícias de um mais do que provável aumento da carga fiscal...recomendado do exterior,
ResponderEliminarclaro está!
Caro Fartinho da Silva,
Em relação a cortes salariais, sou de opinião de que tudo deve começar num corte muito significativo nos salários e sobretudo nas imensas mordomias da classe política - Estado, FSA's, Regiões Autónomas, Autarquias, Empresas Publicas, Regionais e Municipais.
Sem isso, qq corte nos demais salários saberá a injustiça pesada e imperdoável...
Caro Tonibler,
Com o sempre devido respeito pelas suas opiniões, essa não partilho nem mesmo a título de desabafo...
Será que foi o Papa Bento XVI quem pediu que fizessem tal despesa?
Está assim tão certo disso?
Acha por exemplo que as obras do T. Paço foram recomendadas pelo Vaticano?
Também está convencido que a maioria das pessoas que hoje acorreram ao T. Paço foram beneficiárias da tolerância de ponto?
Etc, etc, etc...
Caro Manuel Brás,
Perfeita a sua construção poética, exprimindo com erudição e ritmo toda a melancolia que esta situação nos impõe...
É o caro Tonibler com a visita papal e eu com a Grécia! Estou a tantos milhares de kms dos gregos e tenho que os ajudar com os meus cêntimos a salvá-los das asneiras que fizeram. E, pelo que parece, em duplicado! O meu altruismo está a vacilar! Mas não relativamente à visita de Sua Santidade! : )
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEu não disse que foi o papa que pediu, nem disse que foram as pessoas que foram ao terreiro do paço que usaram a tolerância de ponto. Sei que não pedi para o papa cá vir, não foi por mim que se decretaram tolerâncias de ponto. Foi pelos católicos.
Aliás, isto nem se passou no meu país, porque no meu país há uma lei fundamental defendida por um presidente da república que torna esse tipo de coisas, que violam os direitos humanos, impossível. Foi noutro país e, por isso, os cidadãos desse país que paguem a coisa. Digamos que nós temos um crédito de 1,6 mil milhões de euros sobre eles. Portanto, paguem!
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ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
ResponderEliminarJulgo ser importante salientar o timing. Foi anunciado entre a vitória do benfica e a visita do Papa. Passou despercebido à maioria dos portugueses, mas certamente não passará às carteiras destes.
Quanto aos aumentos de impostos a questão é bastante simples. Se nos últimos anos se aumentou impostos e o reflexo foi a queda continuada da produtividade, para quê insistir no erro?
Caro Tonibler,
Tal não me parece justo. Sou estudante, sou católico, nao gozo da tolerância de ponto e 6ª vou assistir à missa do Papa no Porto. Não me parece que a igreja católica seja a culpada do deficit, mas se o diz...
Caro André,
ResponderEliminarNão é a igreja católica que gere o nosso dinheiro, nem a igreja católica que defende os nossos direitos fundamentais. Portanto, não o disse.
Disse que os católicos deviam pagar mais impostos porque foram os católicos do governo e da presidência que gastaram o dinheiro em nome dos outros católicos todos. E, afinal, vós que colocais os vossos valores morais acima dos materiais, vão fazê-lo com prazer, ao contrário da minha infiel pessoa que acha que os meus valores materiais estão acima dos vossos valores morais. Portanto, é win-win.
Caro André,
ResponderEliminarPorquê insistir no erro?
A resposta parece-me simples, embora não seja satisfatória - porque assim o impõe o ADN destas criaturas inspiradas que comandam estas decisões, até agora no interior e (a partir de agora) do exterior...
Caro Tonibler,
Confesso-lhe que esta contabilidade fiscal de "causas", que o meu amigo sustenta com a sua habitual arte, me deixa um tanto ou quanto perplexo...
A aplicação desta tese levar-nos-ia, em última análise, a escrutinar todos os eventos internacionais de que este País tem sido palco, indagar das razões da sua realização, imputar os custos aos mais directamente envolvidos ou interessados nos mesmos...
Esse trabalho, por sua vez, teria um custo de muitos milhões - e quem seriam, nesse caso,os responsáveis por essa despesa?
Todos os responsáveis pelas despesas parcelares apuradas, com rateio proporcional à dimensão de cada despesa parcelar?
Aonde nos poderá levar tal exercício de exegese contabilística e fiscal?
Ao centro da Terra, provavelmente...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEu assumo a culpa de quase todos os outros. Afinal, fomos a votos, eu perdi sempre, mas os governos não deixam de ser meus.
Agora, quando a constituição e a declaração universal dos direitos do homem me protege contra estas coisas? Aí, não! Aí o meu espírito democrático foi violado.
Caro Tonibler,
ResponderEliminarA propósito deste tema da contabilidade fiscal de causas, quem acha que deve pagar as despesas - de alguns milhões de Euros presumo - das celebrações do centenário da República?
Eu não me revejo, de todo, em tais celebrações - acha que as devo pagar?
Aceitaria comparticipar nas despesas de uma celebração "sui generis": o Estado ofereceria um equipamento todo negro a cada português, à escolha (fato completo, "tea-shirt" e calça curta ou comprida, fato-de-treino, fraque, casaca,etc,etc).
Esse equipamento seria trajado obrigatoriamente durante esse dia, juntamente com um par de óculos escuros de fabrico vulgar para não agravar muito a factura.
Aí sim, não me importaria de comparticipar.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEu por mim não gasto dinheiro em celebração nenhuma. Mas vai concordar que, quando votou, deu aos seus representantes o poder de o gastar em comemorações que estão associadas ao nome do país onde vive - República Portuguesa.
Agora, os gastos com a visita do papa são proibidos pela constituição. Eu estou a pagar por algo que a lei fundamental impede que o estado colabore. E, se é contra a lei, é roubo!
Mas comemorar o quê, caro Tonibler, qual o objecto da Comemoração-Celebração?
ResponderEliminarAdmitindo, sem conceder, a sua tese de mandato para comemorar, quando se vota, o que é que se vai comemorar neste caso - a falência financeira do regime?
Entende que temos aí um bom motivo para comemorar, que legitime mais um desperdício de dinheiro?
Só se for nos moldes que antes lhe sugeri ou, em alternativa, na organização de uma competição de choro e ranger de dentes...