segunda-feira, 3 de maio de 2010

Uma viagem inacabada...

Igreja de São Francisco (clicar para ver melhor)
Baía de Todos os Santos (clicar para ver melhor)
O tempo foi pouco para ver o que muito Salvador da Bahia tem para mostrar. Mas ainda assim os passeios de final de tarde no Centro Histórico e um tour turístico de uma tarde foi suficiente para agarrar a cultura e a vivência baianas e fazer crescer água na boca pelo que muito mais ficou por conhecer e visitar.
O “Brasil dos Portugueses” começou em Salvador da Bahia em 1549. Foi a primeira cidade brasileira, situada na Baía de Todos os Santos, a maior baía do Brasil, com cerca de 1.050 km2. Julgo que é a segunda maior baía do mundo, a seguir à Baía de Hudson.
Não tive possibilidade de fazer um passeio de barco para cruzar as dezenas de ilhas, da qual a mais conhecida é a Ilha de Itaparica, e enseadas e para avistar do mar a cidade de Salvador. Mas o passeio marítimo que percorri por várias vezes, entre o Rio Vermelho e a península de Itapagipe, onde fica a fervorosa Igreja do Bom Fim, permitiu-me alcançar a largura e a profundidade a perder de vista da Baía de Todos os Santos e apreciar de muito perto vários fortes defensivos da época da colonização colocados em locais mais avançados sobre o mar, ver as praias a perder de vista e as ondas sem fim a debruçarem-se sobre o areal e cheirar a profusa vegetação que decora as encostas que recortam a Baía.
A grande atracção arquitectónica e cultural de Salvador encontra-se no Centro Histórico, classificado Património da Humanidade, no qual encontramos um grande aglomerado colonial urbanístico e artístico, o maior do Brasil. À medida que vamos entrando e caminhando a sensação de espanto e o reencontro com a história vão crescendo. Descobrimos rapidamente que estamos como que em "nossa casa". Tudo nos diz alguma coisa, com um misto de sentimentos de familiaridade e novidade.
O centro do Centro Histórico é o Bairro do Pelourinho, de inspiração portuguesa, no qual encontramos a calçada à portuguesa, o casario colonial e muitas igrejas barrocas. No centro do Bairro do Pelourinho encontra-se o famoso Largo do Pelourinho, com uma área mais ou menos triangular, ladeado por um belo e colorido casario, no qual se erguem o Terreiro de Jesus, a Igreja e o Convento de Nossa Senhora do Carmo e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. É um local para fazer uma pausa e olhar uma a uma cada casa, uma a uma cada obra arquitectónica. Aqui junta-se uma pequena multidão, são turistas, mas são também as vistosas “mães” baianas com as suas grandes e trabalhadas saias rodadas, os grupos animados de jovens dançarinos da capoeira e o sorriso das mestiças que estendem aos visitantes as fitas encantadas e cheias de promessas do Senhor do Bonfim. No topo do Largo está situada a Fundação Jorge Amado, uma casa museu que evoca a obra do famoso escritor baiano através de uma exposição de objectos pessoais, fotografias e livros.
A poucos passos do Largo do Pelourinho está situada a Praça Anchieta, na qual se ergue a setecentista Igreja do Convento de São Francisco. Foi o monumento que mais gostei de ver. É uma verdadeira relíquia. É das igrejas mais bonitas que até hoje já visitei. De estilo barroco, o interior da igreja é todo revestido de talha dourada e na sua decoração aparecem numa profusão exuberante as formas arabescas. É espectacular a quantidade de ouro que adorna paredes, colunas, tectos e altares. No pátio interior do claustro do convento brilha a azulejaria portuguesa do século XVIII. Os azulejos vieram de Portugal oferecidos, segundo li, por D. João V.
Muito mais haveria para contar. Mas para terminar, vale a pena também visitar o Convento do Carmo localizado no Bairro do Pelourinho. A sua construção iniciou-se no século XVI pela Ordem Primeira dos Freis Carmelitas. Foi primorosamente restaurado, dando lugar a uma pousada (Grupo Pestana) requintadamente decorada, a convidar ao prazer de juntar o conforto à imponente história e cultura de Salvador da Bahia.
E, depois, ainda há a música e a dança baianas, a que ninguém consegue resistir. O ritmo, as vozes, a coreografia, a graça, as cores e muito mais são contagiantes. Momentos de boa disposição que nunca se esquecem.
E, a pensar nos amantes da gastronomia, confesso a minha dificuldade em descrever as feijoadas e as caipirinhas baianas. O melhor mesmo é ver para crer!

3 comentários:

  1. estou conquistada! mas que bela descrição que a Margarida aqui nos faz, muito cuidadosa para nos deixar ver tudo de perto, muito obrigada.

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  2. Concordo! Excelente descrição!

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  3. Anónimo08:13

    Muito impressivo, Margarida. Trouxe-me à memória bons momentos. Não é dificil aproveitar bem o tempo pela Baía. Ainda assim, uma excelente estada Margarida.

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