Certas notícias obrigam-me a fazer associações. Foi o que aconteceu mais uma vez. Uma notícia, “As mulheres vão poder ser bispo na Igreja Anglicana” e um livro. É certo que já podem ser ordenadas desde há alguns anos, mas agora vão ser “bispas”. Claro, confusão e estremeções em certos círculos conservadores.
Acabei de ler, há dois ou três dias, o livro de Cornelius Agrippa, “Da nobreza e da excelência do sexo feminino”. Notável. No entanto, desconfio que Cornelius andou a “dar graxa” a Margarida de Áustria por causa da sua situação financeira. Ele diz que não, que não foram essas as motivações, e no próprio livro! Hum! Desconfio de Cornelius, mas não deixo de considerar que a obra é excelente, um verdadeiro e profundo elogio à condição feminina feito há quinhentos anos. Vale a pena lê-lo. E como estamos a falar da ascensão religiosa das mulheres não resisto a transcrever uma breve passagem:
“O homem não é pois, a bem dizer, senão a mais bela obra da Natureza, mas a mulher é a mais perfeita produção de Deus. Por isso é a mulher vulgarmente mais capaz do esplendor divino que o homem. E está amiúde repleta dele, toda resplandecente. É o que se pode ver pela propriedade e pela beleza admirável da mulher. Pois não sendo a beleza outra coisa que o brilho, que o esplendor da face e da luz de Deus, impressa nos seres materiais, e que neles reluz por essa perfeição natural, a que chamamos beleza, dai se deve tirar uma consequência clara, certa, evidente é que Deus, em prejuízo e para rebaixamento do homem, escolheu a mulher, para permanecer nela, e para a preencher mui abundantemente.”
A feminização é uma realidade a todos os níveis. Apesar de ser muito jovem, perspectiva-se - pelo andar da carruagem -, que ainda iremos assistir a fenómenos impensáveis há muito pouco tempo, quanto mais no tempo de Cornelius, embora este grande humanista tivesse previsto coisas que deverão ter seduzido Margarida, obtendo proventos nada desprezíveis, tamanhas eram as suas dívidas. Mas que os homens têm grandes dívidas para com as mulheres, lá isso têm, e no que respeita às igrejas...
Acabei de ler, há dois ou três dias, o livro de Cornelius Agrippa, “Da nobreza e da excelência do sexo feminino”. Notável. No entanto, desconfio que Cornelius andou a “dar graxa” a Margarida de Áustria por causa da sua situação financeira. Ele diz que não, que não foram essas as motivações, e no próprio livro! Hum! Desconfio de Cornelius, mas não deixo de considerar que a obra é excelente, um verdadeiro e profundo elogio à condição feminina feito há quinhentos anos. Vale a pena lê-lo. E como estamos a falar da ascensão religiosa das mulheres não resisto a transcrever uma breve passagem:
“O homem não é pois, a bem dizer, senão a mais bela obra da Natureza, mas a mulher é a mais perfeita produção de Deus. Por isso é a mulher vulgarmente mais capaz do esplendor divino que o homem. E está amiúde repleta dele, toda resplandecente. É o que se pode ver pela propriedade e pela beleza admirável da mulher. Pois não sendo a beleza outra coisa que o brilho, que o esplendor da face e da luz de Deus, impressa nos seres materiais, e que neles reluz por essa perfeição natural, a que chamamos beleza, dai se deve tirar uma consequência clara, certa, evidente é que Deus, em prejuízo e para rebaixamento do homem, escolheu a mulher, para permanecer nela, e para a preencher mui abundantemente.”
A feminização é uma realidade a todos os níveis. Apesar de ser muito jovem, perspectiva-se - pelo andar da carruagem -, que ainda iremos assistir a fenómenos impensáveis há muito pouco tempo, quanto mais no tempo de Cornelius, embora este grande humanista tivesse previsto coisas que deverão ter seduzido Margarida, obtendo proventos nada desprezíveis, tamanhas eram as suas dívidas. Mas que os homens têm grandes dívidas para com as mulheres, lá isso têm, e no que respeita às igrejas...
Muitos são já os poetas que cantaram a beleza feminina, enaltecendo-a, tal como Luis Vaz:
ResponderEliminarDescalça vai para a fonte Lianor pela verdura, vai descalça e não segura (eu penso que Camões quereria ter escrito "tão segura", porque um homem prefere sempre uma mulher segura a uma insegura)leva na cabeça o pote, o testo nas mãos de prata, cinta de fina escarlata, saínho de chamalote, etc, etc, etc.
Depois Sophia Andresen de Mello, Miguel Torga, Florbela Espanca e... não sei se mais algum...
Ah sim, depois um guardador de rebanhos, chamado Alberto Caeiro, decidiu questionar-se sobre o porquê de lhe chamar assim:
Em Dias de Luz Perfeita e Exacta
Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às cousas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das cousas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as cousas,
Perante as cousas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!
Logo depois, veio o patrão dele... o dono do rebanho, um senhor Fernando... uma estranha Pessoa, decidiu procura-la... à beleza, sem contudo, conseguir defini-la:
Soam vãos, dolorido epicurista,
Os versos teus, que a minha dor despreza;
Já tive a alma sem descrença presa
Desse teu sonho, que perturba a vista.
Da Perfeição segui em vã conquista,
Mas vi depressa, já sem a alma acesa,
Que a própria idéia em nós dessa beleza
Um infinito de nós mesmos dista.
Nem à nossa alma definir podemos
A Perfeição em cuja estrada a vida,
Achando-a intérmina, a chorar perdemos.
O mar tem fim, o céu talvez o tenha,
Mas não a ânsia da Coisa indefinida
Que o ser indefinida faz tamanha.
Até eu, imagine-se, um completo analfabeto, me lancei um dia na aventura de escrever um poema laudativo à beleza feminina:
Cinderela
Mulheres são exímias…
desenhadoras de almas.
Fadas agitadas, lascívias
Mães, dulcíssimas… quando calmas
Astrais fulgentes, Arrebatadas
Calorosas, ausentes, apaixonadas
Efémeras…urgentes, transitórias
Guerreiras, cobertas de glórias
Mulheres são frágeis, são felinas
Instinto puro, graciosas, femininas
Delicadas, sensíveis em meninas
Mulheres, algumas vezes saturninas
Arquitectas da outra metade do mundo
Olhar, sentido, arguto, profundo
Amá-las não é fácil mas, contudo
É d'esse amor que se mantém o mundo… fecundo
O que vale é que tomei andadura e deixei-me de tais devaneios.
O Bartolomeu sabe da poda... E de que maneira!
ResponderEliminarOra, ora, prezado Professor Massano Cardoso, sei que nada sei, e aquilo que julgo saber, não sei se corresponde à realidade.
ResponderEliminarE a realidade, naquilo que à mulher se refere, até naquilo que à sua beleza diz respeito, pode corresponder erradamente àquilo que julgamos saber acerca dela.
Aquilo que não sabemos e a mim se me apresenta bastante provável, é a concessão dada à mulher, do Paracleto, do Espírito Santo.
Sabemos que a forma de um Cristão afirmar a sua fidelidade ao divino, é precisamente a evocação do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o qual é simbolizado por uma pomba branca, um elemento feminino. Se o nosso corpo fosse um templo (e não será?) o nome do Pai que é sinalizado na testa, corresponderia à cúpula, ou zimbório, aquele espaço que simboliza a abóbada celeste. O nome do Filho, sinaliza-se a meio do corpo, a nave central do templo, o quadrado, as arquitecturas a que o Sargento do Templo se reporta ao designar a Charola. E por fim o nome do Espírito Santo que é evocado precedido de "e do", o Paracleto, aquele que é chamado à parte e se sinaliza nos extremos esquerdo e direito do peito, representando ambos, os extremos da cruz.
O Pai e O Filho, são masculinos, o Espírito Santo, por esta ordem de ideias, será feminino.
;)