terça-feira, 13 de julho de 2010

Imunidades

No barbeiro, ou melhor, no cabeleireiro de homens, já preparado para o corte mensal (curioso que os meus cortes de cabelo coincidem com os dias dos anúncios ou dos cortes das agências de rating...), assistia na TV ao rocambolesco da entrevista de uma jovem mulher de etnia cigana que explicava o que causou o tiroteio ocorrido ontem entre membros de famílias ciganas. E o que se passou foi que a pobre mulher descobriu que o marido era "homem-sexual", "gay", e não viu outro modo de solução para a desonra que não a separação. Se a infelidade fosse cometida com uma mulher, não havia problema nenhum. Agora assim...

Os sorrisos dos circunstantes naquela barbearia depressa desapareceram quando, perguntada se o tiroteio entre as famílias iria continuar, a jovem cigana respondeu que não, porque a outra família (presumo que a do marido ofensor) "era mais forte", "tinha mais armas".
Isto dito publicamente, num telejornal, para quem quis ouvir.
O bairro está identificado, é em Lisboa. A polícia estava lá e não creio que desconhecesse o que aquela mulher revelou perante as câmaras da televisão.
É aterrador pensar o que pode acontecer quando em Portugal existem pessoas e grupos organizados, identificados ou identificáveis, que possuem verdadeiros arsenais, que anunciam detê-los e já provaram que não  hesitam em usá-los para resolver questões como a que fez as delícias do editor do telejornal e os sorrisos dos clientes da barbearia.
Há algo de profundamente errado na política de segurança deste País, descansado na ideia dos brandos costumes. Oxalá não choremos um dia, amargamente, por algum trágico efeito desta imunidade tacitamente concedida, desta impunidade consentida ou desta incapacidade de o Estado ser Estado, perdido na moleza do discurso politica e socialmente corecto. Oxalá...

4 comentários:

  1. Na região onde actualmente moro (imediações do Hospital S.João no Porto) é público e notório, que a polícia se inibe de fazer cumprir a lei com a etnia cigana. No ano passado estiveram "acampados" dezenas de ciganos com os seus carros e carrinhas, defronte a este hospital, mais de um mês, ocupando a via pública e jardins do hospital, em grupos, com toda a certeza a aguardar pela alta hospitalar de algum membro do clã. A polícia nunca deve ter aparecido para identificar e desmobilizar o amontoado de carros e gente, durante todo este tempo (pois eles permaneceram lá). No entanto, nas ruas circundantes, onde o estacionamento é proibido, estes agentes já são conhecidos pela sua "diligente" azáfama em passar multas e assim contribuir para aquela verba que está já prevista e quantificada (?!) à priori no OGE!

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  2. Entãnnn, cáro Dótóre Zé Mairo, o Lélo deu em... Homem Xéxualiii?!
    Tá a veri? é no que dá amustrárem na tevisão aquela bisha maluca de Castele Branque. Inda só menos nos cumprasse as malas Luis Vinton nas bancas da feira do rilóijo...
    Mas dêxe lá, vai ver que no demingo, o pressore Martelo vai a tevisão dezere caquilo não tem impretância ninhuma. Que não se trata nada xanafebia, nem rascismo, caquilo foi só uma discussão dócasião cumo no Esteril. E que, lá percu Lélo, decindiu começar a pegar dimperrão, não quer dezere que vai estalar práí uma guerra cumo sisto fosse o Inraque, ou assim...

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  3. Anónimo18:18

    Minha cara Fenix, o pior serviço que se pode prestar a estas comunidades, é considerá-las isentas do cumprimento de deveres que são impostos ao comum dos cidadãos. Pode ser que não pareça, mas é das formas mais intensas de discriminação porque as imunidades são, elas próprias, formas de diferenciação.
    O fenómeno é complexo, não tem obviamente a ver com as comunidades ciganas mas com muitas outras em relação às quais o elevado nível de tolerância com práticas anti-sociais e criminosas, em nada contribui para a sua integração ou inserção sociais, bem pelo contrário redundará sempre em segregacionismo.

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  4. Caro dr. Ferreira de Almeida,

    Talvez que a jovem senhora ofendida e a comunidade a que pertence sejam, afinal, meros adeptos (e praticantes) da Segunda Emenda!

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