Segundo os dados do Inquérito Social Europeu sobre a percepção que as pessoas dos diferentes países europeus têm sobre o que é ser jovem ou ser velho, Portugal destaca-se pelo curto período de vida adulta que nos concedemos: os inquiridos consideraram que somos jovens até aos 29 anos e velhos aos 51!Está explicado tecnicamente o misterioso factor da nossa fraca produtividade, adiamos a idade adulta até se ser trintão e depois temos vinte anos para mostrar a plenitude, a partir daí é para pensar na reforma e arrumar as botas!
É curiosa esta percepção, que mostra que a longevidade só se perspectiva do lado da juventude, enquanto o outro prato da balança fica confinado ao tempo útil dos nossos bisavós.
É curiosa esta percepção, que mostra que a longevidade só se perspectiva do lado da juventude, enquanto o outro prato da balança fica confinado ao tempo útil dos nossos bisavós.
Se virmos os jornais, é frequente encontrar referidos "jovens" de trinta e muitos anos enquanto as pessoas de sessenta são "idosas", basta ver as notícias dos acidentes de automóvel...
Esta percepção é bastante anómala no panorama europeu, como mostra o inquérito. Mas não são os jovens portugueses que avaliam erradamente os diferentes estádios da vida moderna, em contraste com os jovens europeus. Eles reportam a realidade em que cresceram e que temos vivido nas últimas décadas, em que se admite tarde e se dispensa cedo, como consequência das sucessivas ondas de "rejuvenescimento" ou de reestruturação das empresas. Assim, e agora agravado com o desemprego, é muito provável que jovens de trinta anos esperem ainda pela oportunidade de entrar na vida adulta enquanto os seus pais já regressaram a casa, aos cinquenta anos, dispensados de contribuir com o seu trabalho e o seu saber muito antes da velhice lhes ditar o merecido descanso.
O que mostra este inquérito é o absurdo desperdício em que vivemos, desperdicio de ambição e de conhecimento. Triste retrato este, de adultos adiados e de velhos precoces.
Esta percepção é bastante anómala no panorama europeu, como mostra o inquérito. Mas não são os jovens portugueses que avaliam erradamente os diferentes estádios da vida moderna, em contraste com os jovens europeus. Eles reportam a realidade em que cresceram e que temos vivido nas últimas décadas, em que se admite tarde e se dispensa cedo, como consequência das sucessivas ondas de "rejuvenescimento" ou de reestruturação das empresas. Assim, e agora agravado com o desemprego, é muito provável que jovens de trinta anos esperem ainda pela oportunidade de entrar na vida adulta enquanto os seus pais já regressaram a casa, aos cinquenta anos, dispensados de contribuir com o seu trabalho e o seu saber muito antes da velhice lhes ditar o merecido descanso.
O que mostra este inquérito é o absurdo desperdício em que vivemos, desperdicio de ambição e de conhecimento. Triste retrato este, de adultos adiados e de velhos precoces.
Suzana Toscano, obrigado pela excelente constatação, que demonstra um país que parece ter desligado colectiva e definitivamente a massa cinzenta.
ResponderEliminarA nossa decadência tem a ver, de facto, com este estado larvar de descrença e adormecimento, que faz com que desperdicemos o bem maior de qualquer sociedade: a utilização dos nossos recursos humanos em ambiente de mais produtiva igualdade!
Com a devida permissão: excelente!
ResponderEliminarÀ boleia de jotaC...
ResponderEliminarConcordo em absoluto.
ResponderEliminarEsta "regra", Srª Drª Suzana Toscano, só é quebrada em política onde, a renovação não se verifica.
ResponderEliminarEm política, a média etária deve ultrapassar a dos pré-históricos dinossauros. Verificamos, sobretudo em época de eleições que os candidatos "elegíveis" se apresentam todos... "entradotes", o que nos leva a cogitar, sobre a paridade entre os dirigentes políticos e as leis que regem o nosso país...
Suzana
ResponderEliminarA bem dizer os jovens e os adultos limitam-se a transportar para as definições avaliadas a realidade de um mercado de trabalho
que prova justamente como estamos em crise.
Provavelmente, se os inquiridos tivessem sido questionados sobre se concordam que a juventude dos mais novos seja desaproveitada, adiando-lhes a entrada no mercado de trabalho e por arrastamento os seus projectos de vida (autonomização da família e constituição de uma nova família), e que a velhice dos mais velhos seja antecipada por uma sociedade ingrata e a mostrar desinteligência que abdica do seu saber, talvez encontrássemos nas suas respostas a não aceitação para todo este absurdo. Mas a verdade é que somos os mesmos que, simultaneamente, decidimos e nos queixamos. Que sentido é que isto faz? Porque não alteramos o absurdo? Estes são aspectos que mereciam uma discussão muito séria. Corrigir ou atenuar os efeitos da crise - a bem dizer são várias crises - também passa por revermos os modelos de vida que andamos a construir.