segunda-feira, 5 de julho de 2010

Toque a rebate

"Antecipando a intervenção que fará hoje de manhã, no Refeitório dos Frades do Palácio de S. Bento, em Lisboa, Assis frisou que é esse "o grande combate contra a direita que há hoje a travar: impedir a destruição do Estado Social e de conquistas civilizacionais como a igualdade de oportunidades", dá-nos conta o ´Publico"
O apelo ao "grande combate contra a direita" é o melhor sinal do desassossego que assalta o PS. E é normal que seja assim. As sondagens mostram uma clara perda de confiança do eleitorado do centro no PS a benefício do PSD, com Passos Coelho a passar bem a imagem de serenidade e de responsabilidade, em contraste com as constantes contradições, desacertos e trapalhadas da governação num período em que se exige, como nunca, sabedoria, ponderação, coragem e sobretudo capacidade para remobilizar a sociedade e preparar o Estado para os sucessivos impactos de uma crise de efeitos retardados.
Os que se reunem hoje no Refeitório dos Frades beneditinos, sabem bem que já é irrecuperável parte do eleitorado que vota ao centro. Mas sobretudo temem que à esquerda as perdas venham a ser igualmente irreparáveis.
Ao mesmo tempo que convocam os frades de prédica fácil de esquerda - alguns quase esquecidos como Ferro Rodrigues -, a verdade é que aquele eleitorado que vota à esquerda porque sim, observa um PS agarrado à direita que tanto critica. E percebe que são os tenebrosos ultra-neoliberais o abono de família de um PS que só nestes momentos de aflição retira o socialismo da gaveta onde Mário Soares o arrumou há mais de um quarto de século, para o exibir e logo logo o arrumar de novo, não vá o eleitorado julgar que Frei Assis fala mesmo a sério.

2 comentários:

  1. Pudera eu, eternamente admirar
    O céu estrelado, a Via Láctea,
    o luar.
    A alma pura, nobre e não errada
    Que anuncia humildemente,
    o teu olhar.
    Quisera eu, acreditar sem receio
    No sentido nobre, da palavra,
    igualdade.
    Quando a proclamas por recreio
    No refeitório dos frades,
    desta cidade.
    Desejo eu, dia-a-dia sem cessar
    Reconhecer no gesto largo,
    da tua mão.
    O sentido, a vontade de irmanar
    O desejo forte de que,
    me reconheças, teu irmão!

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  2. José Mário
    Não há Estado Social sem financiamento. A questão é técnica mas há quem queira transformá-la num combate ideológico e político.
    Olhemos para os sistemas de pensões. A "reforma" da Segurança Social, que não gosto de chamar de reforma, trouxe a redução generalizada de pensões em nome da sustentabilidade financeira. Garante-se que o Estado Social é intocável, que a "direita" o quer destruir, mas vai sendo alterado aos poucos e poucos. É este o discurso.
    Questão distinta é a de saber em que sentido devem ir essas alterações. Não creio que o Estado Social possa continuar a assegurar tudo a todos. Mas este é outro combate.

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