1. Este título pode ler-se hoje no Público on-line, referindo-se às previsões de crescimento do PIB para 2010 que acabam de ser divulgadas pela Comissão Europeia (CE).
2. Embora não explicitando a previsão para Portugal e outras economias menos representativas, a CE apresentou uma revisão em alta da sua anterior previsão, admitindo agora que o PIB da zona Euro possa crescer em média 1,7% e o da EU(27) 1,8%
3. Para esta revisão em alta a Alemanha oferece um especial contributo, com um crescimento de 3,4%, impulsionado pelas exportações para terceiros países sobretudo.
4. Para Portugal existem previsões do BdeP, de +0.9%, e a previsão inicial do Governo, de +0.7%, significando que estaremos com um andamento de cerca de 50% do registado na zona Euro – daí a expressão "ficar para trás" utilizada pelo referido diário.
5. Mas atenção que o crescimento em Portugal se deve, em boa parte, ao crescimento do consumo privado e das despesas do Estado...o que vale por dizer que se trata de um crescimento com “pés de barro”, pronto a desfazer-se quando a contenção orçamental for levada a sério – o que manifestamente ainda não aconteceu...
6. Este modelo de crescimento em Portugal é totalmente inconsistente e não é sustentável...a mostra-lo está o enorme défice das contas externas, a caminho, mais uma vez, de (mais de) 10% do PIB...
7. Mas de uma coisa podemos estar certos: este crescimento, a 50% do ritmo da EU(27), não deixará de ser oportunamente festejado, muito festejado, como um sinal de recuperação e um indicador de que nos encontramos no bom caminho (do precipício, bem entendido...).
8. Há que prosseguir, pois, com o mesmo espírito de aventura não calculada que nos vem animando...e sobretudo continuar a defender o Estado Social, contra todos os seus inimigos internos e externos!
Essas comemorações a que alude, caro Dr. Tavares Moreira, são mais certa que qualquer previsão da CE.
ResponderEliminar;)
No entanto, não lhe parece um tanto absurdo que existam estas diferenças entre as diversas economias, dentro de uma União Europeia que foi criada sob o espírito da solideriedade e da entre-ajuda?
Para mim, caro Dr. Tavares Moreira, esta dualidade do espaço euro e união europeia, presta-se a várias especulações, as quais transcendem qualquer esforço de recuperação de uma economia individual que deveria ser apoiada pela união.
Bom... coisas que eu tenho muita dificuldade em entender, e que me levam a aceitar a opinião daqueles que insistem em reivindicar a saída do nosso país desta união desunida.
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarOntem estive a ler o pequeno livro de Luciano Alvarez, intitulado "Economia Portuguesa", recentemente editado pela fundação Manuel dos Santos.
Retive a seguinte passagem: «os custos unitários do trabalho não aumentaram entre 1960 e 1973, apesar de uma quase triplicação(!) dos salários reais - o que quer dizer que a produtividade aumentou na exacta proporção dos salários».
Seria bom que reflectíssemos perante este facto, nomeadamente quanto ao efectivo efeito das políticas macroeconómicas (efeito positivo, entenda-se).
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarAlgumas "notas" de reflexão.
a) Em todo o governo, calculo que se contam pelos dedos de uma mão, aqueles que leram Clausewitz. Uma das sua máximas reza mais ou menos o seguinte: quando tentamos defender tudos,acabamos por não defender nada.
O comportamento e a linguagem corporal do governo indicam que não leram o mencionado autor,ergo:vão (vamos) perder tudo à conta de querer manter tudo.
b) Doze anos de divergência colocou-nos em companhia com alguns notáveis países: Bulgária, Roménia e, por enquanto, a Polónia e a Hungria(os países do Báltico não podem ser comparados).Entrámos com uma dívida externa inferior a 20% e estamos com uma dívida superior a 120% do PIB.
De há dois anos a esta parte não parámos apenas, de aumentar a riqueza, estamos, efectivamente, a empobreçer.
Em 12 anos dobrámos o nº de desempregados de curta e de longa duração.
Em vinte anos passámos de 1 empresário por 0.8 funcionários públicos, para 1 empresário para mais de 2 funcionários publicos; de 1 inactivo por cada 2.5 activos, para 2 inactivos para cada 1.5 activos; de mais de 180.000 nascimentos ano para menos de 100.000.
Provavelmente o pessismo é uma atitude altamente negativa ( há 50 anos seria traição à pátria), como o otimismo não cria empregos; ambas as afirmações destoam face aos números acima, números esses que se podem encontrar no PORDATA.
Como dizem os americanos, podemos levar um cavalo ao rio, mas não o podemos obrigar a beber...
Cumprimentos
joão
A solidariedade e entreajuda a que se refere, se realmente existem, não dispensam o cumprimento de regras mínimas de disciplina por parte dos Estados-Membros, caro Bartolomeu...
ResponderEliminarMenos ainda suprem as incompetências nacionais sobretudo quando estas são de carácter permanente e obsessivo, como sucede no caso em apreço!
Nestas circunstâncias, não há solidariedade que nos valha...e provavelmente a que existia já se esgotou...
O período histórico que refere, caro Eduardo F, marcado pelos efeitos positivos da adesão à EFTA, constitui um dos de maior progresso da economia nacional...
Mas já passou, agora estamos entregues à mediocridade mais profunda e absorvente (de recursos inutilmente aplicados)que alguma vez nos caiu em sorte - mas pode sempre dizer-se que a escolha é "nossa" (não do 4R) certamente!
Um interessantíssimo apontamento, caro João. A dinâmica do quadro que refere só nos pode trazer más notícias...nada para que no 4R não estejamos preparados mas os nossos concidadãos,diariamente convocados a delirar com imaginários sucessos, ainda vão sofrer muitas surpresas...
Tem toda a razão, caro Dr. Tavares Moreira. Imaginei que essa fosse a resposta que daria ao meu comentário.
ResponderEliminar;)
No entanto, teremos de ponderar outras questões, tais como a avaliação prévia das capacidades que cada país demonstrou possuir para integrar esta União.
Por isso entendo que, (políticas à parte) se a Europa e os seus estados económicamente fortes, decidiram aceitar que Portugal integrasse as suas "fileiras", ou se "sentasse" à sua abundante mesa, sabendo que pouco ou nada poderia retribuir mesmo cumprindo as regras impostas, deveria não ter permitido à mais tempo, as ingerências de orçamento, que agora decidiu sancionar.
Afinal, temos de concluir que o nosso país perdeu a independência, a partir da altura em que terceiros decidem se a despesa que se pretende efectuar é ou não aceite pelos critérios europeus.
Quem são os países europeus, mesmo que donos de uma forte economia, para decidir essa oportunidade?
Eu sei que não estamos a cumprir as normas e os níveis de desenvolvimento económico exigidos, mas isso, independentemente da política deste governo, que todos nós Portugueses, denunciamos e rejeitamos, além de previsível, mesmo tendo em consideração as enormes remessas de dinheiro que foram disponibilizadas para desenvolvimento de projectos na área da industria, da agricultura, etc. depende ainda desse apoio esperável a que me referi e que nos tem sido negado.
Não nos esqueçamos, caro Dr. Tavares Moreira, que a sustentabilidade da nossa economia tem muito a ver com as importações que a Alemanha faça da nossa produção.
Isto é um bocado como aquelas sociedades "malaicas" em que um tipo cheio de "bago" quer investir mas não "pesca népia" do negócio e então alguém lhe indica outro "artolas" que é "teso-como-um-carapau" mas que é um expert na matéria. Formam a sociedade, um com o "guito" o outro com o suor e ás tantas andam os dois à "cabeçada" e a sociedade acaba por se desfazer... será?
Não sei porquê este assunto, lembra-me aquele velhinho tema...
http://www.youtube.com/watch?v=mHljM0bxQ-g
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarAqui nesta nossa tranquila e pacífica troca de "galhardetes" tavez seja o momento de dizer que o ideal seria mesmo que os nossos parceiros da U.E. fizessem o trabalho que nos incumbe realizar...por exemplo poupando para nós gastarmos à grande!
Aí poderíamos viver tranquilamente da renda que a simples participação na U.E. e depois no Euro nos deveria proporcionar...
Infelizmente, contra a expectativa de muitos, as coisas acabaram por não se passar assim e agora parece-me já muito tarde para arrepiar caminho...
Curiosamente, tenho a percepçao de que os incumbentes, levitando quase permanentemente, ainda vivem presos àquela expectativa fagueira de viver do trabalho e da poupança alheias
Bom, Caro Dr. Tavares Moreira, a mim, parece-me que foi precisamente esse o quadro que pintaram aos portugueses, aquando da adesão.
ResponderEliminarUm pouco mal comparado, mas no entanto idiossincrático, o sentimento de que a salvação da nossa pobreza, vai surgir com o regresso do parente que ha muitos anos emigrou para o Brasil. Coisa dos filmes portugueses do século passado que ainda não se extinguiu.
Diz o caro Dr. Tavares Moreira, que é já tarde para arrepiar caminho... pois a mim parece-me que nunca foi tempo de entrar no caminho. E agora?
Agora resta-nos ser assalariados da UE? Especialmente da Alemanha?
É que, das duas uma, ou nos perdoam a dívida, ou os trinetos dos nossos trinetos, ainda andarão a paga-la, isto se não contraírem emprestimos para pagar os juros dos empréstimos, contraídos para pagar os juros dos empréstimos contraídos, para pagar os ju...
Magnífica a sua síntese final, caro Bartolomeu: "Contrair empréstimos, parapagar juros dos empréstimos, por sua vez contraídos para pagar juros de outros empréstimos, por sua vez contraídos para pagar juros de ainda outros empréstimos...".
ResponderEliminarA velha figura da "pescadinha de rabo na boca", neste caso de empréstimo com o rabo noutro empréstimo...
Não serão apenas os trisnetos mas também os tetra-ra-netos, penta-ra-netos e por aí fora, todas essas gerações vão nascer e desaparecer afogadas em dívidas!
Ha sempre o recurso a milagres, caro Dr. Tavares Moreira e os Portugueses são gente muita fé... muita mesmo!
ResponderEliminarMilagres aliás já em curso, caro Bartolomeu.
ResponderEliminarSe for verificar o Boletim da Exceução Orçamental de Agosto último,concluirá que os juros (e outros encargos) da dívida pública caíram 8% em relação ao período homólogo (Jan-Ago) de 2009.
Isto, apesar de o stock da dívida ter aumentado 13% e de as taxas de juro estarem mais elevadas...
Não concorda que nos encontramos já num domínio das ocorrências miraculosas - neste caso no âmbito da contabilidade pública - única via para nos salvar da derrocada financeira?
Sim, caro Dr. Tavares Moreira... se analisarmos pelo ângulo de cá, podemos colocar uma velinha no altar dos milagres, se analisarmos pelos ângulos de lá, o melçhor que temos a fazer é não despir o casaco e as calças esfarrapados...
ResponderEliminar;)))
PS: Mesmo que os juros da dívida pública descessem à taxa 0, continuaríamos a ser por longos anos "os devedores lá da ponta, junto ao oceano".
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarA descida dos juros à taxa ZERO deveria ser imediatamente exigida pelos heroicos defensores do Estado Social...
Na verdade ou me engano muito ou vão ser os juros, os malditos juros, que vão acabar por fazer abalar muito seriamente - eventualmente fazendo mesmo ruir - esse formidável edifício social construído sobre a poupança dos nossos credores...
E não é que esses credores se lembraram agora de nos exigir um preço mais elevado, cada vez mais elevado - agora proibitivo mesmo - em contrapartida da manutenção desse edifício?
Há que reagir, se necessário com violência, esperando-se o exemplo e a iniciativa de um determinado candidato presidencial...
Se tivermos presente a lei das compensações "ou muito me engano" ou o resultado dessa acefalia governamental, vai transformar em breve Portugal, no caixote do lixo núclear, que é produzido pelas centrais alemãs...
ResponderEliminarE se assim for... não vai haver presidente da república que nos valha, caro Dr. Tavares Moreira.
Palavras não eram ditas, caro Bartolomeu, e aí está (notícia de hoje): mais de 1 milhão de idosos pobres vão perder as comparticipações a 100% nos medicamentos...
ResponderEliminarSe isto não é o Estado Social a ruir - perante o silêncio cúmplice do TAL candidato presidencial - o que é que se lhe deve chamar?
Bom... mas em compensação, caro Dr. Tavares Moreira, abandonaram o projecto do TGV e da 3ª travessia do Tejo...
ResponderEliminarMais umas quantas empresas que vão declarar falência e despedir empregados.
Tenho cogitado... a teoria Saramaguiana, embraiada na "Jangada de Pedra" às tantas, vai deixar de o ser...
Em compensação, não estou certo, caro Bartolomeu - então o projecto do TGV não era também uma peça fundamental do tal Estado Social?
ResponderEliminarNão nos esqueçamos que o TGV iria cumprir uma importante função social, tornando possível que os cidadãos de menores recursos - qualquer dia quase todos, com excepção da famosa Brigada Armani-Rosa - apanhassem um meio de transporte quase gratuito, muito seguro, confortável e de alta velocidade até Madrid...
E o tal candidato continua em silêncio, perante estas dolorosas brechas que o Estado Social vai abrindo por obra dos seus mais estrénuos defensores?!
Sim... presumo que sim... uma peça fundamental de um estado social... privado! Ou seja... de um estado socio-armani-Rosa, como o caro Dr. o baptizou.
ResponderEliminarResta apurar se esta resolução governamental, não logra ser mais que um tapa-olhos, ou se uma auto-certidão de óbito.
Alguma coisa irá parir a montanha... "I hope so"!