1. Qualquer dia cai o pano sobre a discussão e votação do OE/2011...as forças vivas da Nação vão todas congratular-se com a passagem do documento, saudando o realismo e patriotismo da Oposição e do Governo - sobretudo deste último e com toda a justiça já que com tanta generosidade e competência soube conduzir o País até à beira do abismo financeiro...
2. Mas a vida não acaba aqui, há que pensar no futuro - sobretudo porque há mais vida para além do Orçamento, como dizia há cerca de 7 anos e ½ um eminente político, um visionário na acepção mais lídima desta expressão (e um CVO na acepção mais moderna)...
3. E pensar no futuro é, no actual contexto, “prima facie” pensar na execução do OE/2011...
4. Admito que os comentadores de serviço não tenham pensado nesse pequeno detalhe, de tão atarefados que andaram no trabalho da “viabilização”, mas não basta aprovar um OE (viabiliza-lo é uma coisa completamente diferente apesar da confusão que os media estabelecem entre as duas expressões...) - embora se trate de um pequeno detalhe, repito, é preciso depois promover a sua execução...
5. E executar o OE/2011 vai ser uma tarefa dantesca, tantas vão ser as vítimas fatais deste processo...não é preciso ser adivinho ou visionário para perceber que os riscos de a execução não conseguir atingir os objectivos são elevados, não obstante a dureza de algumas das medidas anunciadas, sobretudo porque grande parte do esforço de ajustamento assenta no agravamento da carga fiscal e as contingências pelo lado da receita são enormes...
6. Não podemos esquecer que o esforço de ajustamento não se traduz em passar o défice de 7,3% para 4,6% do PIB...mas sim de 9% (ou mais) para 4,6% do PIB uma vez que sem as receitas extraordinárias da transferência do F.P./PT para a Segurança Social o défice de 2010 seria de 9% (ou mais) do PIB.
7. Pelo sim, pelo não, recomendaria aos comentadores de serviço que fossem desde já ensaiando o novo refrão. Não custa nada: “É vital para o País, é um dever patriótico a “viabilização” do OE/R”. Com a ajuda do nosso comentador M. Brás até talvez seja possível encontrar uma versão poética...
8. Não venham é dizer que o 4R não avisou, a tempo e horas...
Depois de tantos argumentos veementes de que o PSD não viabilizaria o orçamento, Passos Coelho diz agora que "o" deixará passar, ainda sob algumas reservas... talvez, como diz o caro Dr. Tavares Moreira, venha amanhã congratular-se pela sua viabilização.
ResponderEliminarA Victor Baptista, o PS, ofereceu o lugra de gestor público no Metro para afastá-lo da corrida à presidência da Federação de Coimbra. Será que ainda viremos um dia a saber que Socrates ofereceu a Passos Coelho,o apoio para a eleição ao cargo de 1º ministro nas próximas eleições, em troca da viabilização deste (e dos próximos) orçamentos?
Tou como diz o outro... desde que vo um porco a andar de biciclete... já nada me espanta...
No post do “Jacques Atalli” confirmou as minhas suspeitas, ou seja, disse-me que o PSD só vai viabilizar este orçamento por puro tacticismo político. É vergonhoso o partido com as responsabilidades do PSD comportar-se desta forma.
ResponderEliminarVamos deixar que estes senhores “Armani” afundem ainda mais o país para depois aparecermos como os salvadores.
O Eng. Sócrates apresenta este orçamento da forma arrogante e consegue fazê-lo passar subjugando o PSD e até enxovalhando os seus dirigentes. Estou a imaginar o conselho de ministros, onde todos se riem desmesuradamente da PSD…. “Estão entalados, vão ter que fazer o que nós queremos.”
Tenho que concordar com o dirigente do PSD-Madeira que pede “demissão imediata” de Passos Coelho se viabilizar o Orçamento.
Com que cara vai Passos Coelho encarar as pessoas e dizer que vai fazer aquilo que disse que nunca iria fazer, aprovar um orçamento com aumento de impostos. Será que Passos Coelho vai voltar a pedir desculpas ao país?
Não é só as medidas de austeridade que me revoltam é também o facto de este orçamento não mostrar um rumo nem dar garantias, como você refere, de que a execução orçamental vá ser cumprida.
Outras das questões não resolvidas e respondidas é o que correu mal para chegarmos aqui, O PSD já não quer saber…. Vai ficar tranquilamente à espera que o poder lhe caia nas mãos, depois faz como o Durão Barroso e pede uma auditoria.
Também ainda está por explicar quanto foi gasto nas medidas extraordinárias de apoio à economia que levaram o orçamento a disparar dos 2,2%, anunciados pelo governo em 2008, para 9,4%. Não espero que me responda mas poderia dizer-me quanto é os 7,2% de aumento, qual é este valor, sabe?
Com o devido agradecimento ao Dr. Tavares Moreira pela sua distinção, em resposta ao repto e, especialmente, para as "forças vivas" da Nação:
ResponderEliminarNeste espaço de liberdade
a sensatez é oferecida
para o bem da sociedade
que há muito é desmerecida...
Neste blogue estão contidos,
em bastantes textos prudentes,
muitos conselhos repetidos
com argumentos evidentes.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarÉ uma daquelas vezes que considero que o seu post é, perdoe-me o inglesismo, um "understament".
Vamos realizar uma operação que, de acordo com os registos históricos foi realizada a última vez em 1928-29.
Se bem que possa soar mal em português, uma sociedade e um aparelho administrativo que foi o causador desta enrascada, terá, necessariamente, mais dificuldades do que se não tivesse essa responsabilidade.
Mas tenho de me curvar perante esta atitude de "apoucamentaiísmo" da nossa valia, valor e pundonor. (Concordo que este tipo de linguagem tem um certo travo à segunda metade da décade de 20 do século passado).
Não nos podemos esqueçer que foi conjugando, nas suas diferentes formas e situações, do verbo acreditar que aqui chegámos.
Bom, ironias à parte, vamos realizar uma consolidação orçamental e uma desvalorização real num dos momentos mais complicados e mais difíceis, do Mundo em que vivemos.
Nos próximos 3/5 anos assistiremos a um aumento do preço do petróleo, devido termos alcançado (2012/2013) o pico de produção de petróleo; no meio de uma enorme turbulência financeira por força do incremento do risco de incumprimento soberano nos países desenvolvidos e num quadro comercial igualmente turbulento, fruto das políticas neo mercantilistas que os principais países e blocos comerciais estão a adoptar e vão implementar.
Não chegava os nossos bloqueios atávicos para criar atrito na engrenagem, como teremos de adicionar os estímulos externos.
Para quem considera que a nossa crise tem, só e apenas, origem externa, não faltarão motivos para procrastinar....
Temo que, uma parte do país vá continuar a viver entre Plutão e a Nuvem de Oort.
Assim, podemos começar a aceitar apostas de quando o seu OE/R sucederá.
Cumprimentos
joão
Caro Tavares Moreira, uma pergunta que me tem andado na cabeça prende-se com as consequências da não aprovação do OE. Não imediatamente, aí já se sabe, mas num horizonte de médio prazo. Ou seja, não sendo o OE2011 aprovado, após passada a turbulência inicial com os mercados e a imagem externa do país, quando a poeira assenta, o que fica dessa turbulência? Que efeitos ficam e existem, 3 ou 4 meses após a reprovação do OE?
ResponderEliminarCaro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarAssocio-me ao seu muito oportuno aviso "à navegação" até porque, modestamente, já tinha tentado dizer coisa parecida nesta pequena nota.
Estive a fazer umas contas e cheguei aos seguintes resultados:
ResponderEliminarPartindo do princípio que o valor do PIB de 2009 foi de 163000 milhões de euros (fonte FMI).
Governo previa em OUT\2008 2,2%: 3600 milhões de euros
Valor do défice 9,4%: 15400 milhões de euros
A diferença é de 11800 milhões. Podem explicar-me onde foi gasto todo este dinheiro? Foi tudo à custa das despesas de incentivo à economia? Não gozem comigo.
O que é preciso acontecer para correr com estes senhores do governo?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
ResponderEliminarViabilizar o OE significa torna-lo viável...
Ora a simples aprovação de um OE não garante - e neste caso muito menos dado o enorme grau de incerteza que vai rodear a execução - a sua viabilidade,ou seja a sua exequibilidade de acordo com os objectivos anunciados.
Concorda então que "deixar passar o OE e viabiliza-lo" são coisas bem diferentes?
Caro meretíssimo,
Está bem enganado, perdoe-me que lhe diga, acerca da minha ciência sobre aquilo que o PSD vai ou não decidir neste caso...
Aquilo de que me apercebo é de que se criou um clima, por influência de organismos internacionais e de muitos opinion-makers internos e externos - pese embora a forma viciada à partida como muitos deles intervêm neste jogo - suasceptível de agravar consideravelmente a crise financeira para que fomos arrastados pela imensa "habilidade" e pelo indiscutível patriotismo do Governo.
Esse agravamento pode mesmo vir a revestir formas dramáticas de secagem total do acesso a financiamento externo - única fonte de financiamento do investimento de que dispomos.
E julgo que uma pessoa que tenha de decidir nestas circunstâncias, não poderá deixar de ponderar esta eventualidade.
Chmar a isso tacticismo político não me parece uma avaliação correcta.
Quanto à duvida que coloca, se é a de saber quanto representa 7,2% do PIB, digo-lhe que isso equivale a cerca de € 12.000 milhões.
No que foi gasto exactamente não lhe posso dizer, uma vez que existe uma enorme opacidade na divulgação da informação relativa à execução orçamental...
Olhe em juros não foi pois aí "poupamos" algumas centenas de milhões de Euros, apesar de termos uma dívida bem mais elevada que no ano passado (+13%) e as taxas de juro terem subido bastante!!!!!!!
caro João,
Aceito desportivamente o seu comentário de understatement!
Sabe que apesar de tudo prefiro os understatements aos overstatements...
Quanto ao resto, revejo-me bastante nas suas finas linhas de raciocínio, confesso.
caro Zuricher,
Devo confessar-lhe a minha total impotência para lhe oferecer uma resposta esclarecedora...manifestamente não sei, tais são, em número e complexidade de efeitos as variáveis que podem entrar na avaliação do resultado que pretende...
Desde a implosão pura e simples até a um percurso bem mais pacífico do que aquele que os comentadores "patrióticos" admitem, existe um infinito espectro de cenários!
Caro Eduardo F.
Nada de mais natural a nossa convergência de opiniões...bem haja!
É extraordinária a falta de precisão dos comentários do economista Tavares Moreira. Do palavrão "TGV", que não significa nada (se não um sound byte de propaganda do Bloco Central do Betão), à demonização de uma despesa menor, quando comparada com o assalto à riqueza nacional e sua delapidação por parte das PPPs rodoviárias, além de desconhecer a oportunidade estratégica imediata de ligar ferroviariamente Portugal a Espanha e ao resto da Europa, quanto já é do domínio público os impactos q o Pico Petrolífero terão na implosão do ssitema de transporte rodoviário actual, tudo arece revelar pura ignorÂncia, ou maus hábitos de subserviência cultural e económica!
ResponderEliminarEstude, senhor Tavares Moreira, este estudo do Governo, e depois e fundamento.
http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:OeAduR4OLecJ:www.dgtf.pt/ResourcesUser/PPP/Documentos/Relatorios/Relatorio_PPP_2009.pdf+auto+estradas+estradas+%22parcerias+p%C3%BAblico+privadas%22+filetype:pdf&hl=pt-PT&gl=pt&pid=bl&srcid=ADGEESg89xR91cGxvKAYBCWaS7uFJ5UlUfYVTgMqvCWLbO4dq9yM34KMvvQnQw14SjB1vY5nsfqX7LP2j-1q3YyTZwuw7B3_uoMY2yloxPGW6kkPjNT7dPTwIQdR_lYY-PqDoGqN4wyH&sig=AHIEtbSkWzljFsBVbv0oMWw0I4DlWyLOIQ
Retribuo, por inteiro e na mesma moeda, o generoso comentário, caro C. Pinto.
ResponderEliminarQuanto à "extraordinária falta de precisão" a que elegantemente se refere, posso dizer-lhe que há mais de 10 anos já ouvia comentários desses...e o tempo, desgraçadamente, veio revelar que essa "falta de precisão", afinal, tinha exactacmente, precisamente, duas palavras a mais: "falta de".