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Subitamente sucedem-se estudos e relatórios a constatar o óbvio e a fazer do óbvio ciência. Nalguns casos os resultados dos estudos são apresentados como verdadeiras epifanias.A edição de hoje do ´Publico´revela as conclusões de um inquérito - ao que parece mandado fazer pelo Banco de Portugal - sobre os níveis de poupança: "a população é muito pouco sensível à importância de poupar". Depois de anos a fio a apelar ao consumo interno e a deixar que as instituições reguladas estimulassem "a população" a gastar o que não tinha oferecendo crédito a todo o bicho careto, que conclusões esperava o BdP?
Vamos deixar-nos de estudos patéticos, conclusões risíveis e aproveitemos a lição dos disparates passados (e alguns bens presentes!) para ver se conseguimos aliviar algum sofrimento futuro.
O Banco de Portugal, que recebe todos os meses os dados dos bancos relativamente às poupanças dos portugueses manda fazer um inquérito para saber se os portugueses são sensíveis à importância de poupar?
ResponderEliminarParece-me bem, porque nos dá uma certa segurança quanto à maneira como eles fazem o controlo dos fundos próprios dos bancos, como fazem as avaliações macroeconómicas, etc...
Vai-se a ver e a verba para estudos estava orçamentada, era preciso gastar. Por este andar ainda hei-de ver um estudo a avaliar quanto perdem em peso as moedas metálicas ao fim de alguns anos de circulação. A história do BE de orçamento de base zero bem podia ser aproveitada, não para os fins que o BE pretende, que é poupar aqui para espatifar acolá, mas para combater o despesismo, no Estado e nos entes públicos menores.
ResponderEliminarCaro Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarGastam-se milhões em investigações feitas por Doutores, Professores Doutores, Mestres, Mestrandos e Doutorandos que não dizem nada, senão o trivial e o que pelo senso comum toda a gente já sabe. Chamam-lhes estudos científicos.
Terminam quase sempre por apresentar o Perfil. o perfil do drogado, do mandante e do mandado, do passador e do passado, do que bate e é batido, do assassino e do suicida e de tudo o que mexe.
Se algum dos leitores está na faixa dos 15 aos 80 anos, é branco e casado, tem curso secundário ou universitário, vive na Grande Lisboa ou no Grande Porto ou nos subúrbios, e tem casa própria ou alugada está dentro do perfil de todas as "profissões" que citei.
É científico. Portanto acautele-se, que fica no perfil dos suspeitos. E o meu amigo leitor pagopu as investigações para o incriminar!...
Para completar o quadro de miséria a que cgegamos, só faltava agora mais um governador do banco de Portugal a viver no país da fantasia...
ResponderEliminarEssa da "falta de sensibilidade" é realmente muito forte! Lembra-me até a anedota da mosca a que o cientista tirou as pernas todas e depois concluiu que a mosca sem pernas não voava porque ficava surda.Os portugueses eram até muito poupados noutros tempos em que também não eram ricos, talvez nos tempos em que confiavam nos certificados de aforro, antes de alguém ter concluido que mais valia pagarem empréstimos externos do que pagarem o devido pelos certificados.Talvez nos tempos em que uma aplicação com retorno garantido queria dizes isso, que o retorno era certo, e afinal perceberam que não era bem o que parecia, mas antes uma coisa parecida que não dava retorno nenhum. Talvez até antes de os juros dos depósitos serem simpelsmente ridículos e as taxas liberatórias não serem desanimadoras, talvez antes de terem que se endividdar até ao tutano para comprar casa porque não há quem use as poupanças para comprar casa para rendimento, qual rendimento?, o que é que sobra depois do congelamento de rendas, dos impostos, dos condomínios, das taxas todas, das obras de conservação e do que se paga para fazer um despejo que só com sorte é que chega ao fim? Em vez de fazer estudos desses seria mais útil o BdP estudar as razões pela quais a mosca não voa...depois de lhe cortarem as pernas!
ResponderEliminarMas agora a sério, vá lá. O governador do banco de Portugal está patareco ok, mas há aqui alguém que acha que, em média, os portugueses ganham o suficiente para poderem poupar? Principalmente se tiverem miúdos em idade escolar.
ResponderEliminarA maioria das famílias não vive, sobrevive e querem que elas poupem aonde exactamente? Já para não dizer que o consumo dá emprego a muita gente, ora se não houver consumo, chapéu!
O meu marido é finlandês e de vez em quando eu pergunto-lhe se não nos podíamos mudar para a Finlândia, mas ele insiste que quer ficar aqui e diz-me que sabe que o salário que ele recebe actualmente, na Finlândia seria considerado ilegal. Que o salário que eu recebo, na Finlândia seria inferior ao de uma empregada de limpeza (Nota: e ambos são acima de 1000 euros), mas ao menos aqui ainda é possível fazer alguma coisa. Mas nós temos a consciência que face à realidade média portuguesa podemos ter uma pequena margem de conforto desde que não nos excedamos. A maior parte das famílias portuguesas não estes rendimentos sequer.
Mas sabem mesmo o que é que me aborrece no meio disto tudo? O que me aborrece é meia volta ter de ouvi-lo dizer: "Vocês de facto merecem tudo o que vos está a acontecer. São burros! Vocês têm um país lindo que podia ser rico e depois estragam tudo porque são desorganizados, as vossas instituições não funcionam, não sabem gerir e perdem-se estupidamente em papel. Para quê? Perdem tempo e dinheiro"
Pois é...
ResponderEliminarPois é, cara Anthrax, visto de fora deve ser incompreensível, mas cá dentro é tão difícil mudar...! E na Finlândia deve ser mesmo muito frio!
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