segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma visita...

Há ocasiões em que ser-se formal constitui uma fonte de inspiração cultural, um estímulo para reforçar a autoestima e um laço para unir os cidadãos.
Foi o que aconteceu no passado Sábado quando Santa Comba Dão foi visitada pelo Presidente da República, a convite da autarquia, para inaugurar o terceiro e último centro educativo do concelho. Realço a forma elegante como foi recebido pelos cidadãos locais. O formalismo na receção, com a presença dos bombeiros e da filarmónica local, repleta de uma maré de jovens músicos, a tocar o Hino Nacional, chamou a atenção dos convidados. A seguir às boas-vindas, decorreu uma sessão solene ponteada pela elevada qualidade dos discursos, traduzindo um inexcedível sentido de estado numa das áreas mais sensíveis da nossa sociedade: a educação e o consequente conhecimento.
Pequenas localidades podem ser exemplos de esforço e de luta para o progresso e sucesso do país. Por isso merecem respeito e reconhecimento. E é nestas ocasiões, solenes, que as populações sentem que também são importantes, tão importantes como as que vivem nos grandes centros ou as que vivem nas órbitas mais próximas do poder.
Como conheço muitos dos cidadãos, não me foi difícil verificar as suas reações, miscelânea de alegria, de curiosidade e de orgulho pelo facto do Presidente da República ter-se dignado a visitá-los.
O peso da responsabilidade e do formalismo contagiou todos, num dia belo com o sol a coroar a festa. A juventude foi o fulcro de todas as atenções, e bem merece. Verifiquei que os miúdos bebiam tudo o que se passava ao seu redor, guardando imagens e sons que lhe irão ser muito úteis no futuro. Criaram-se naquele dia recordações futuras que poderão exercer um efeito muito importante no comportamento dos mais jovens.
À entrada do centro educativo, duas filarmónicas, a de São João de Areias e a de Pinheiro de Ázere, tocaram conjuntamente. A menos de dois metros de distância, precisamente a meio, um miúdo, que não deveria ter mais de dez anos, tocava o seu instrumento como se fosse o menino do tambor, de uma forma verdadeiramente impecável e com uma gravidade só vista. Sabia qual era o seu papel e, de olhos nos olhos com o Presidente, não se deixou intimidar, antes pelo contrário, via-se que estava a registar para o resto da sua vida um episódio formal e muito digno. Do mesmo modo, e apesar da longa experiência nestas andanças, o Presidente não tirava os olhos do gaiato, cumprimentando e felicitando-o no final. Satisfeito com tanta juventude e atitude, foi de imediato confrontado, numa sala, com um coro de crianças e uma orquestra de jovens que sabem do “ofício”, revelando um sentido de responsabilidade e de formalismo que vale a pena citar e realçar. Aprendemos todos, os mais velhos, experientes, e os mais novitos em encantadora aprendizagem.
Um dia diferente de outros, um dia que não vai ser esquecido, um dia que foi uma lição para todos, para os responsáveis, para as crianças e jovens, e para uma população acolhedora, que gosta, como qualquer outra, de ser reconhecida, porque o reconhecimento é vital para o progresso e manutenção da autoestima.

3 comentários:

  1. Fernando Nobre e Manuel Alegre, também são recebidos com grande entusiasmo e calorosas manifestações de simpatia e de hospitalidade, pelas populações que visitam.
    Lembro-me em miudo de ir passar férias à aldeia, em casa da minha avó materna, na Serra da Estrela, Seia. Era Verão e naquela época era frequente passar pelas aldeias grupos de saltimbancos e robertos que faziam as delícias da criançada, povoando-lhes as mentes de sonhos e... cativando-lhes a atenção como que hipnotizando-os.
    Bem-aventuradas as crianças... porque deles será o reino dos céus!

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  2. Quando era criança também tive uma experiência semelhante. Devia ter sido o acontecimento do ano. Cidade de província, todo ela aprumada e adornada para a visita de Sua Excelência. Apenas me recordo desta figura que caminhava lentamente, rodeada de pessoas e que se aproximava do grupo de meninas de bata branca, tendo algumas delas (eu incluída) uma prenda para o tal senhor (e por muito que tente já não me recordo do que era). Muitos anos iriam passar até eu me aperceber que aquela pompa talvez não fosse a imagem mais honesta, talvez tivesse sido mesclada com muita hipocrisia e, quem sabe, um certo receio.

    Os anos passaram, as “excelências” mudaram e o receio nunca mais se fez sentir....pelo menos, “aquele” receio... Independentemente das ideologias, das promessas e tudo aquilo que uma carreira política acarreta, é agradável verificar o bom comportamento da camada jovem e o controlo de alguns adultos.

    Tive a sorte de poder observar, à distância, outros (poucos) dignatários supremos : ), de outras paragens... Agora, apenas um me faria esperar horas e horas para o poder cumprimentar...

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  3. Foi um acolhimento muito caloroso, em ambiente de festa e respeito, nem tudo é cenário ou simples curiosidade em política,há alturas, muito gratificantes para os protagonistas, em que se sente o reconhecimento de quem dá o seu esforço e o seu trabalho honesto para o bem das populações. Na medida em que pode, é claro, mas as pessoas também sabem isso,e nas visitas presidenciais aos muitos e variados concelhos do País o acolhimento ultrapassa em muito a mera circunstância. Há carinho e gosto em receber o convidado, como tenho tido o privilégio de ver e sentir. Em Santa Comba Dão percebi bem porque é que o nosso Prof. Massano Cardoso é o ilustre Presidente da Assembleia Municipal, é porque eles merecem uma pessoa como ele. E não posso deixar de referir a qualidade musical dos grupos de jovens que mostraram saber tocar vários tipos de instrumentos, do coro maravilhoso, do entusiasmo do maestro, visivelmente orgulhosos do seu trabalho e disseram-me que há três bandas e que ali todos os jovens sabem tocar um instrumento, porque a música faz parte integrante da cultura local. Um belissimo espectáculo e uma terra lindissima de gente encantadora. Muitos parabéns.

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