Hoje cruzei-me na rua com um homem velho que pedia, em tom baixinho, com um chapéu na mão, ajuda a quem passava. Tão discreto estava que era grande a indiferença daqueles que passavam, que não alteravam por um segundo o seu passo para prestar um segundo de atenção àquele homem velho. Notei nele uma beleza rara, mas não a beleza da juventude que a velhice lhe roubara. Era a beleza, depois pensei, do seu olhar grande e profundo…
Na verdade todas as idades têm a sua beleza. Mas a beleza sendo um processo vai-se alterando e assumindo diversas formas e expressões, para quem a tem e para quem a vê. Este homem velho causou-me impressão, mas também a satisfação de nele ter admirado a beleza eterna.
A fotografia que acabei por encontrar na National Geographic (“A Wrinkle in Time” by nikki krecicki) expressa de forma quase perfeita o que os meus olhos hoje sentiram…
Na verdade todas as idades têm a sua beleza. Mas a beleza sendo um processo vai-se alterando e assumindo diversas formas e expressões, para quem a tem e para quem a vê. Este homem velho causou-me impressão, mas também a satisfação de nele ter admirado a beleza eterna.
A fotografia que acabei por encontrar na National Geographic (“A Wrinkle in Time” by nikki krecicki) expressa de forma quase perfeita o que os meus olhos hoje sentiram…
Que sensibilidade, cara Margarida.
ResponderEliminarTerá família esse senhor? E se a tem, onde estarão os filhos, os sobrinhos, os primos...? Quando me deparo com pessoas de mãos estendidas, mendigando, principalmente as mais velhas, como eu gostaria de saber o que lhes aconteceu; que tipo de vida tiveram; ou se mendigar foi uma “forma de estar na vida”. Por vezes, nota-se, sem muito esforço, que se trata se uma encenação: farrapos, crianças ao lado; outras, não se tem tanto a certeza.
A propósito desse rosto enrugado, tenho aqui um livrinho na minha frente onde se lê:
“As rugas deveriam apenas indicar onde estiveram os sorrisos.” Mark Twain
“As rugas dos sorrisos nunca deveriam ser retiradas pela cirurgia. As marcas do afecto têm mais valor do que o vazio de uma falsa juventude.” Pam Brown.
Bom fim de semana, cara Margarida. : )
Olá Drª Margarida Côrrea de Aguiar
ResponderEliminarvenho devolver-lhe o seu "belo olhar", à-la-Bartolomeu...
Cruzei-me na rua, um dia
Com um Homem que pedia
Não era pobreza que eu via
Mas a tristeza que ele sentia
Apesar dessa tristeza
O seu olhar era profundo
Reflectia toda beleza
Que ele já vira no mundo
Sensibilizou-me o sossego
Que senti naquele olhar
E que vi no olhar cego
Dos que passavam sem parar
Pedia esmola baixinho
por vergonha ou ironia
Pois era rico o Velhinho
Rico, o olhar que exibia
;)
Cultiva-se hoje apenas a beleza da juventude, a perfeição física, ainda que conseguida à força de bisturi. Ficamo-nos pelo superficial e já quase não sabemos ver para além desse modelo, é bom alguém vir lembrar que é possível encontrar o belo num rosto velho e marcado pela privação. Como dizia o Principezinho "o essencial é invisível aos olhos".
ResponderEliminarCara Catarina
ResponderEliminarMuitas destas pessoas não sabem como podem ser ajudadas nem a quem recorrer. Têm dificuldades em se orientar nesta realidade complexa. É o caso deste homem. Precisava de ser ajudado por uma instituição com condições de com ele conversar e verificar como pode ser efectivamente apoiado.
Este homem terá tido ao longo da sua vida momentos de alegria e muitos sorrisos. Talvez que algumas das rugas sejam a expressão da parte boa da sua vida passada, mas algumas delas serão a marca das dificuldades, sabe-se lá com que dor e sofrimento. A dor e o sofrimento não superados e incompreendidos, vividos na solidão, levam muitas vezes a um alheamento da vida e a uma certa "demência" que funcionam como mecanismos de auto-defesa. Isto foi-me explicado, um dia, por um médico.
Boa semana, Cara Catarina.
Caro Bartolomeu
Como eu gostaria de ter escrito o "belo olhar" em poesia. Falta-me essa veia...
Suzana
Nada se vê bem sem o coração...