quinta-feira, 18 de novembro de 2010

E aos 17 de Novembro..."milagre" dos juros terminou!

1. Em diversos Posts aqui editados nos últimos meses fui chamando a atenção para a inconsistência dos dados da execução orçamental, mensalmente divulgados pela Direcção Geral do Orçamento (DGO), no que respeitava à rubrica da despesa “Juros e outros encargos da dívida”.
2. Com efeito, o montante de juros e outros encargos da dívida apresentado até Setembro último foi sempre inferior ao do período homólogo do ano passado - o que não se conseguia entender, pois com a dívida mais levada em cerca de 13% (média dos valores mensais) e com as taxas de juro bastante mais elevadas, como podiam os encargos da dívida baixar?
3. Só mesmo um “milagre” poderia explicar um tal fenómeno de emagrecimento dos juros...que até Setembro ainda estavam 5,7% abaixo dos suportados em idêntico período de 2009...
4. A explicação que era dada no Boletim Mensal da DGO só adensava o mistério, quando dizia que se tratava do perfil intra-anual destes encargos...tratando-se dum perfil intra-anual, devia em princípio ser de um fenómeno que se repete de ano para ano, não servindo para explicar divergências homólogas muito pronunciadas...
5. Esse “milagre” foi no entanto muito útil para permitir ao Ministério das Finanças "evidenciar" até Setembro uma taxa de crescimento da despesa efectiva do Estado em desaceleração, de mês para mês, tendo supostamente atingido 2% em Setembro...sabendo muito bem que tal não era exacto uma vez que os encargos financeiros estavam subavaliados...
6. Mas eis que de súbito os “juros e outros encargos da dívida” disparam em Outubro - foi ontem pré-anunciado pelo MdasF que até Outubro essa rubrica regista já um crescimento de 4,9% - pelo que o milagre dos juros parece ter os dias contados, levando o crescimento da despesa a aumentar de ritmo em Outubro...
7. Mas ainda faltam Novembro e Dezembro para se ter uma ideia mais verdadeira do agravamento registado nesta rubrica da despesa, que pode ter novos saltos até ao final do ano...
8. Em matéria de finanças públicas a ficção criativa (para não usar uma expressão mais invernosa) não pode durar sempre, como estamos vendo...

7 comentários:

  1. A contumaz aldrabice, o adiamento do inevitável, enfim... mais do mesmo. Até ao lavar dos cestos.

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  2. Anónimo19:58

    Acho sempre piada quando se tentam fazer aldrabices com números. É certo que pode usar-se o martelo e, para os economistas, os números podem decompor-se assim e assado por forma a serem apresentados duma forma mais consentanea com os objectivos, ao contrário do que se passa na engenharia onde o que é, é e não pode fugir-se muito daí. Mas, o bottom line, acaba sempre por ser igual. É uma questão de tempo até os números terem que quadrar. As diabruras com números têm sempre um prazo de validade relativamente curto.

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  3. Tem razão, caro Eduardo F. - e até cansa descrever todas estas "manigâncias"...para usar uma expressão muito popular entre os actuais manigantes-militantes, há 1/2 dúzia de anos!

    caro Zuricher,

    Neste caso até foi relativamente rápido o "uncover" da manigância contabilística...é que os manigantes não se terão dado conta de que o ano não tem mais de 12 meses e os juros teriam de cair ainda em alguns deles, fatalmente!

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  4. Felizmente, não pode durar sempre.

    Essa ficção tão criativa
    parece ter os dias contados,
    desta década abortiva
    ficam juros agigantados.

    Do ficcionismo instalado
    após anos de alucinações,
    este país tão descontrolado
    vive intensas congeminações.

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  5. Nem mais, caro M. Brás, não pode durar sempre, felizmente...
    Mas o que durou já chega para nos impor as maiores dores de cabeça, não é verdade?

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  6. Pois, pois! Não conhecesse eu o candidato Silva e não me preocuparia minimamente com o post de Tavares Moreira!
    É que Silva disse que «a nossa situação não é comparável à da Irlanda, não temos problemas com o sistema bancário e o nosso endividamento está na média do da União Europeia".
    Mas como conheço o candidato, fico seriamente preocupado com o que diz Moreira.

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  7. Caro Fartíssimo do S...,

    O nosso endividamento (público, suponho) está na média da UE? Onde terá sido calculada tal média - talvez nas Penhas Douradas? Ou no cume do Pico da Ilha com o mesmo nome?

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