Ainda que de longe em longe, os politógos e sociólogos desarrincam algumas coisas relevantes e originais em termos da análise dos comportamentos.
Tive recentemente acesso a um estudo sociológico sobre tendências de votos, combinando Eleições Presidenciais e Legislativas. Interessante, pela sua originalidade, o desenho das zonas geográficas em que cada um dos diversos candidatos tem votação mais significativa.
No estudo, e relativamente às últimas Presidenciais, e sublinhadas com coloração mais forte, aparecem as zonas em que Cavaco e Alegre tiveram as votações mais impressivas. Surpreendentemente, elas desenham os vales dos principais rios portugueses. Cavaco é fortíssimo nos vales do Minho, do Lima, do Cávado, do Ave, do Tâmega, do Sousa, do Douro e do Vouga. Aí, as cores de Alegre aparecem muito esbatidas.
Onde Alegre aparece com cores mais fortes é nos vales do Mondego e do Tejo, assim como nos dos rios que correm ao contrário, de sul para norte, Sado e Mira. Não é que Cavaco tivesse aí menos votos que Alegre, mas é nos vales desses rios que este tem mais apoiantes.
Concluí que os rios de Cavaco são os mais agitados, os que lutam para vencer barreiras, para ultrapassar montanhas, para passar por caminhos difíceis, para triunfar e ganhar o desafio de chegarem ao seu destino, que é o mar. E concluí também que os rios onde Alegre pesca são rios de planície, de águas aburguesadas e instaladas em doce remanso, por vezes pantanosas e correndo ao sabor dos ventos dominantes, receosas de chegar ao oceano, temerosas de deixar o conforto das terras baixas e planas.
Portugal identifica-se mais com os rios de Cavaco: fortes, lutadores, persistentes nos objectivos, intrépidos, mas contidos na luta do dia a dia. Sabem para onde vão e aonde querem chegar. Ao contrário dos rios de Alegre, acomodados, parados, sempre à espera de quem, ventos ou marés, os faça mexer e os empurrem para um qualquer destino.
Cavaco tem mais e melhores rios. Mas, como em tudo, há que esclarecer e lutar. Não se chega a bom porto sem lutar pela chegada. Não há vitórias antecipadas.
Tive recentemente acesso a um estudo sociológico sobre tendências de votos, combinando Eleições Presidenciais e Legislativas. Interessante, pela sua originalidade, o desenho das zonas geográficas em que cada um dos diversos candidatos tem votação mais significativa.
No estudo, e relativamente às últimas Presidenciais, e sublinhadas com coloração mais forte, aparecem as zonas em que Cavaco e Alegre tiveram as votações mais impressivas. Surpreendentemente, elas desenham os vales dos principais rios portugueses. Cavaco é fortíssimo nos vales do Minho, do Lima, do Cávado, do Ave, do Tâmega, do Sousa, do Douro e do Vouga. Aí, as cores de Alegre aparecem muito esbatidas.
Onde Alegre aparece com cores mais fortes é nos vales do Mondego e do Tejo, assim como nos dos rios que correm ao contrário, de sul para norte, Sado e Mira. Não é que Cavaco tivesse aí menos votos que Alegre, mas é nos vales desses rios que este tem mais apoiantes.
Concluí que os rios de Cavaco são os mais agitados, os que lutam para vencer barreiras, para ultrapassar montanhas, para passar por caminhos difíceis, para triunfar e ganhar o desafio de chegarem ao seu destino, que é o mar. E concluí também que os rios onde Alegre pesca são rios de planície, de águas aburguesadas e instaladas em doce remanso, por vezes pantanosas e correndo ao sabor dos ventos dominantes, receosas de chegar ao oceano, temerosas de deixar o conforto das terras baixas e planas.
Portugal identifica-se mais com os rios de Cavaco: fortes, lutadores, persistentes nos objectivos, intrépidos, mas contidos na luta do dia a dia. Sabem para onde vão e aonde querem chegar. Ao contrário dos rios de Alegre, acomodados, parados, sempre à espera de quem, ventos ou marés, os faça mexer e os empurrem para um qualquer destino.
Cavaco tem mais e melhores rios. Mas, como em tudo, há que esclarecer e lutar. Não se chega a bom porto sem lutar pela chegada. Não há vitórias antecipadas.
O que se conclui e pode aprender com os (bons) sociólogos!…
Não deixa de ter a sua piada, mas mesmo assim a analogia não serve. Nem do ponto de vista esquerda vs direita porque se de um lado temos o conservadorismo do outro temos a ala mais agitadora. Portanto não serve mesmo. E vindo de um cientista social, não tem nada de cientifico.
ResponderEliminarGostava de certo que esses valores fossem o dos portugueses dos dias de hoje, mas abrindo os olhos descobrimos que não são. Esperemos que possam vir a ser num futuro próximo.
De qualquer maneira, é uma análise original de como estão distribuídas as forças politicas em Portugal. Seria bastante interessante perceber do ponto de vista histórico e sociológico o porquê.
Acerca de rios, muitas ilações podem ser tomadas...
ResponderEliminarAs barragens que lhes travam a corrida, as gargantas que lhes comprimem as margens, as descargas de esgotos que lhes são atiradas, os remoinhos que lhes confundem as águas, os fundos lodosos e por fim, os açoreamentos na foz, dificultam muitas vezes que se cumpram...
Compreendo onde quer chegar, mas infelizmente, do ambos os lados das margens desses mesmos rios de que fala, existem santos e pecadores.
ResponderEliminarConcluir e projectar é uma coisa. Agora executar é outra.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão
ResponderEliminarA metáfora é muito bem conseguida e a mensagem final é essencial. O principal adversário de Cavaco Silva é a frustração, o desânimo, o desejo de culpabilizar alguém pelas irresponsabilidade dos governantes. É este adversário que pode elevar a abstenção a níveis históricos e assim baralhar as contas. Por isso é que estas presidenciais são a primeira campanha do resto das nossas vidas e temos que vive-la nesse espirito.
um abraço, j
Notável, caro Pinho Cardão, muitos parabéns! Assim até dá gosto ver as análises de estudos.
ResponderEliminarMeu Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarA água que para aí não vai! Rios portugueses, rios internacionais, rios propriamente ditos e rios afluentes: tudo ao molho e fé no Silva.
Minho, Lima, Tâmega, Douro, rios internacionais e propriedade fluvial de Cavaco Silva. Cávado (Cavaco) e Vouga - Baixo e alto - pertença de Cavaco, também.
Alegre fica com as cores mais fortes nos rios que "correm ao contrário" (supor-se-ia que corriam do mar para a nascente...). Mas o amigo Pinho Cardão apressa-se a dizer-nos que correm de sul para para norte. Ainda bem, o que demonstra que os rios de Alegre - Mira e Sado - portuguesíssimos de gema, ainda não perderam o norte!
Também Alegre tem cores mais fortes no Mondego e no Tejo, o maior rio português e o rio internacional mais extenso de todos que atravessam Portugal.
Curiosamente os dois rios que outro Poeta cantou:
«Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano de alma ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes insinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas»
*****
«E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me um som alto, e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipocrene»
De «Os Lusíadas». Não sei os cantos, mas Silva sabe!
Caro Fartíssimo do Silva:
ResponderEliminarOra aí está um alegre comentário... e uma linda poesia!...
Assim, sim!...