sábado, 27 de novembro de 2010

Massacre da Katyn - o reconhecimento que tardava




Imediatamente após a assinatura do protocolo secreto entre Alemanha e União Soviética (conhecido pelo pacto Molotov-Ribbentrop), o exército alemão invadiu a Polónia. Seguiu-se-lhe o exército soviético. O Exército Vermelho fez prisioneiros 250 mil militares polacos, e às ordens de Estaline executou oficiais e intelectuais. Corria a primavera de 1940. Perderam assim a vida, às ordens de um louco, em Katyn, Kharkov e Kalinine, 22 mil polacos.  Triste ironia, são as tropas da Alemanha nazi - subscritora do pacto que "legitimou" a  agressão militar à Polónia -, a descobrir a primeira vala comum onde foi sepultada parte dos militares e intelectuais chacinados. Decorria a campanha alemã em território soviético. A URSS nunca reconheceu a responsabilidade histórica pelo genocídio. E o Tribunal de Nuremberga, desconfiado da denúncia alemã, recusa apontar o dedo a Moscovo e a Estaline. Mas em 1992, o presidente polaco Lech Walesa recebe da Rússia os primeiros documentos que confirmam o hediondo crime, apesar de continuar vedado o conhecimento mais aprofundado dos acontecimentos e não assumida a responsabilidade pelo massacre. O mundo acaba de saber que o parlamento russo reconheceu formalmente a responsabilidade da URSS e de Estaline. É verdade que esta declaração da Duma não restitui a vida a ninguém. Mas repõe a verdade histórica que aqui tem o valor acrescentado de expor e nos fazer recordar quanto  valem a paz e a democracia; e o perigo de as degradar ao ponto de permitir que desequilibrados sem qualquer respeito pelos valores mais básicos, possam tomar nas suas mãos o destino dos povos.

3 comentários:

  1. Uma “justiça” tardia! Mas não vai ser fácil esquecer. A memória coletiva de um povo recusa-se a aceitar estes pedidos de desculpa, mesmo que aparentemente diga que não, que a aceita. Nem um século é suficiente para diluir e limpar os efeitos deste tipo de atos humanos. E volta não volta a recordação aviva-se, como defesa ou arma segundo as circunstâncias. Estou convicto de que talvez haja um equivalente ao stresse pós traumático a nível de uma comunidade ou povo. Mas sempre é um princípio que pode servir de lição para que não ocorram casos semelhantes no futuro, o que eu duvido, francamente!

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  2. Esperemos pela reacção do PCP.
    Ou não reacção, também será significativa.
    BM

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  3. Pouco depois do acidente de avião em que morreu o Primeiro Ministro Polaco e uma parte do governo e da oposição, o tema voltou à ribalta porque o acidente deu-se perto de Katin, onde ia decorrer uma cerimónia que recordava o massacre. Na altura a RTP 2 passou um filme notável, sobre o qual escrevi um pequeno post
    http://quartarepublica.blogspot.com/2010/04/as-sombras-de-katyn.html
    Este reconhecimento acaba por ser uma nova vergonha, por tão tardio.Como foi possível este prolongado embuste e a teima nele?

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