...Começam na lua nova...e acabam na lua cheia…
Do Cancioneiro Popular
Nas longas tardes de sesta, ou no passar molengão de noites encaloradas, encharcados os homens de copos e de bisca nas tabernas da aldeia, as mulheres juntavam-se porta com porta e a coscuvilhice aparecia natural nas conversas que nunca mais acabavam. Mas a coscuvilhice não era apenas negócio de mulheres; mais recatados, na taberna, na barbearia ou na farmácia, os homens passavam a pente fino as histórias da aldeia ou da vila, desfaziam honras ou faziam heróis os mais malvados vilões. E se era certamente assim nas antigas aldeias e bairros onde imperavam estreitas relações de vizinhança, também o era nas cidades largas, nos restaurantes da moda, no Parlamento ou no Governo. Em Portugal e lá fora, ontem e hoje, nos lugarejos mais diminutos e nas metrópoles mais gigantescas, a coscuvilhice mostra que faz parte da humanidade. As revistas do social são a expressão plena do fenómeno, onde mexericos e o disse-que-disse são comprados e vendidos ao ritmo de produtos de grande necessidade.
Se o fenómeno já era global, mas o assunto local, com a Internet o assunto passou também a ser global. E todos entram na coscuvilhice ao mesmo tempo.
Com as últimas revelações do Wikileaks, todos passaram a saber os nomes que os políticos chamam uns aos outros. Muitos jornalistas chamam a isso revelações de grande importância e até dizem que é um inestimável serviço público referir os excessos noctívagos de Berlusconi, que o impedem de governar direito, ou os epítetos dirigidos à Senhora Merkel, só porque acham que governar os alemães bem a direito é política torta digna de grande censura.
Coscuvilhice global, chamo-lhe eu. E se dantes era uma simples forma de passar tempo, sem consequências de maior, agora é uma forma óptima de ganhar dinheiro, mesmo colocando vidas em perigo. E ainda com a vantagem suprema de os empresários do ramo nunca serem acusados de lucros extraordinários, ao contrário do que acontece com demais empresas, em que o lucro, só por facto de o haver, é logo criticado. Em nome não sei de quê, ainda são louvados. A coscuvilhice é o grande negócio deste século.
Se o fenómeno já era global, mas o assunto local, com a Internet o assunto passou também a ser global. E todos entram na coscuvilhice ao mesmo tempo.
Com as últimas revelações do Wikileaks, todos passaram a saber os nomes que os políticos chamam uns aos outros. Muitos jornalistas chamam a isso revelações de grande importância e até dizem que é um inestimável serviço público referir os excessos noctívagos de Berlusconi, que o impedem de governar direito, ou os epítetos dirigidos à Senhora Merkel, só porque acham que governar os alemães bem a direito é política torta digna de grande censura.
Coscuvilhice global, chamo-lhe eu. E se dantes era uma simples forma de passar tempo, sem consequências de maior, agora é uma forma óptima de ganhar dinheiro, mesmo colocando vidas em perigo. E ainda com a vantagem suprema de os empresários do ramo nunca serem acusados de lucros extraordinários, ao contrário do que acontece com demais empresas, em que o lucro, só por facto de o haver, é logo criticado. Em nome não sei de quê, ainda são louvados. A coscuvilhice é o grande negócio deste século.
Somos frequentadores de uma tasca global.
ResponderEliminarE o negócio vai de vento em popa!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste tipo de gente que se põe a meter o bedelho em documentos secretos dos estados - e todos os têm desde que o mundo é mundo - é muito perigosa. Muito mesmo.
ResponderEliminarÉ daqueles casos em que sugiro que um desastre de automovel viria bem a calhar...
Não será esta situação resultado do uso absolutamente irresponsável dos direitos democráticos? Da liberdade de informação?
ResponderEliminarZuricher, desculpe, mas esse seu último parágrafo faz arrepiar.
Cara Catarina, os meus perdões pelos arrepios causados. Mas quando se joga com a vida de várias centenas ou mesmo milhares de pessoas e com o bem estar de milhões, não sou conhecido por ter grandes contemplações.
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão, as mulheres, quando falam umas com as outras, é para organizar o mundo, por isso é que leva tanto tempo. Os homens, quando se metem a levar a coscuvilhice à escala planetária, é só para baralhar. :)
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