Parece que tudo se conjuga para uma nova Comissão de Inquérito, a nona, à morte de Sá Carneiro. A oitava e última, datada de 2004, concluíu pela existência de "acção criminosa", exigindo o julgamento do caso.
Se as Comissões de Inquérito do Parlamento tivessem alguma valia e prestígio, já há muito a Justiça e os Tribunais teriam diligenciado apurar o que devesse ser apurado e a julgar definitivamente o caso. Mas, passados seis anos, tudo continua na mesma. Nem a Justiça desenvolveu diligências que se conheçam, nem o Parlamento alguma vez as terá exigido. Nem a Justiça ouve, nem o Parlamento faz por se ouvir.
Tal apenas confirma que o fim último de uma qualquer Comissão de Inquérito não é apurar o que quer que seja. A coberto desse virtual objectivo de serviço público, o que releva é o pretexto para mera exibição e propaganda pessoal ou política de uns tantos intervenientes no processo, Deputados ou outros.
Trata-se apenas de um jogo exibicional, que se esgota em si próprio, sem interferência na pontuação. Terminada a exibição, o que interessa é um novo jogo, logo um novo Inquérito.
Lamentavelmente, passados trinta anos, ainda há quem veja em Sá Carneiro motivo para uns dias de lucro pessoal fácil. Uma forma miserável de explorar a sua memória.
Se as Comissões de Inquérito do Parlamento tivessem alguma valia e prestígio, já há muito a Justiça e os Tribunais teriam diligenciado apurar o que devesse ser apurado e a julgar definitivamente o caso. Mas, passados seis anos, tudo continua na mesma. Nem a Justiça desenvolveu diligências que se conheçam, nem o Parlamento alguma vez as terá exigido. Nem a Justiça ouve, nem o Parlamento faz por se ouvir.
Tal apenas confirma que o fim último de uma qualquer Comissão de Inquérito não é apurar o que quer que seja. A coberto desse virtual objectivo de serviço público, o que releva é o pretexto para mera exibição e propaganda pessoal ou política de uns tantos intervenientes no processo, Deputados ou outros.
Trata-se apenas de um jogo exibicional, que se esgota em si próprio, sem interferência na pontuação. Terminada a exibição, o que interessa é um novo jogo, logo um novo Inquérito.
Lamentavelmente, passados trinta anos, ainda há quem veja em Sá Carneiro motivo para uns dias de lucro pessoal fácil. Uma forma miserável de explorar a sua memória.
Oito Comissões de Inquérito já bastam. O que é de mais é moléstia, diz o provérbio. Obrigue-se é a encerrar o caso nos Tribunais. Sem mais exibicionismos de fraca comédia.
Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarÉ um caso que a nossa Justiça devia ter resolvido. Impunha-se que o tivesse feito. Mas quem é que vai obrigar a que o caso seja encerrado nos Tribunais?
Cara Margarida:
ResponderEliminarBem ou mal, a última Comissão de Inquérito como, aliás, outras anteriores, concluíu por crime. Assim, o Inquérito transitou para o Ministério Público. A partir daqui, deveria seguir o procedimento normal, que para um leigo é averiguação, acusação ou arquivamento. Em caso cde acusação, o processo sobe a Tribunal.
Quem obriga? Os órgãos que superintendem na justiça. Existem. Com forte componente corporativa. Isso precisa de ser alterado? Pois, se não funciona, a pergunta é de mera retórica...
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarUma coisa é homenagear Sá Carneiro no 30º aniversário da sua morte - e acho que ele merece essa homenagem - outra coisa é a exploração da sua morte trágica com fins que não se adivinham facilmente.
Sucede que, entre o muito que se escreveu para recordar a efeméride, merece especial destaque a posição "inconformável" de Diogo Freitas do Amaral, que até publicou um livro sobre a matéria, pugnando, com inusitada veemência, pela criação de mais uma Comissão de Inquérito ao caso Camarate.
Sucede ainda que este Senhor era o vice-Primeiro Ministro e o Ministro do Negócios Estrangeiros à data do infausto acontecimento. E não foi certamente alheio à primeira nota oficiosa do Governo que apontava para a hipótese de acidente.
Sabe-se que a mesma personalidade terá instado as autoridades judiciárias para que as autópsias aos corpos das vítimas fossem apressadas de modo a que os funerais pudessem ser realizados no dia de reflexão do período eleitoral.
Como a memória é tão curta! É certo que Freitas do Amaral a tudo já nos habituou. Patrocinou o Governo de coligação PS /CDS em 1977, participou na aliança democrática como vice-Primeiro Ministro nos dois Governos formados por Francisco Sá Carneiro, foi candidato às presidenciais em 1986, apoiado pelo Prof Cavaco Silva, de quem se queixou de ter sido abandonado à sua sorte após a derrota nas Presidenciais, tendo de trabalhar arduamente para poder saldar os compromissos financeiros da sua campanha eleitoral.
Posteriormente, foi eleito Presidente da Assembleia Geral da ONU, um cargo que sempre exaltou mas que, na realidade, era geralmente concedido a personalidades do chamado terceiro mundo! Retomou depois as relações com Cavaco Silva quando reentrou no Parlamento para poder completar o tempo necessário que lhe permitisse perceber a respectiva reforma, ou se se quiser, o subsídio vitalício como deputado à Assembleia da República. Vêmo-lo mais tarde integrar o I governo Sócrates, como MNE, afastando-se, algum pempo depois, como então referiu, "pelos pesados sofrimentos da sua coluna vertebral". Eu tammbém acho que o problema de Freitas do Amaral é mesmo um problema de coluna vertebral. Já este ano criticou a casa civil e os assessores do Presidente da República numa entrevista ao DN que muitos interpretaram como um apalpar de terreno para uma nova candidatura presidencial. Vendo gorados os seus intentos, este verdadeiro "cromo" da nossa vida política não perdeu tempo e ei-lo a aceitar integrar a Comissão de Honra do candidato Cavaco Silva.
Que trará ele no "bico"? Para já, quer mais palco. Mas só isso?
Cumprimentos
Fernando Pobre
E o que é que se ganha em continuar a mexer nessa ferida? O que é que adianta sabermos hoje se foi atentado ou se foi acidente? Acho que já chega de comissões, de livros e de investigações.
ResponderEliminarChega de livros?
ResponderEliminarPois é: Livros ? "São papéis pintados com tinta onde está indistinta a distinção entre o nada e coisa nenhuma..."
E há livros particularmente incómodos, como seja «O meu Sá Carneiro» de José Miguel Júdice, que, por sinal, faz parte da Comissão de Honra do candidato Cavaco Silva. Ele há coisas...