Há muito que ando para prestar uma homenagem sentida à beleza lapidar e poder inspirador do lema, ou mote, do 4R. Faço-o agora; não sei bem porquê!
Hoje, as taxas de juro das obrigações do tesouro (OTs) a dez anos superaram 7,6%, o valor mais elevado desde a criação do euro (obrigando o BCE a voltar a comprar dívida portuguesa, segundo o Financial Times). Tal marca resultou do aumento das taxas de juro à escala global, mas sobretudo, do agravamento dos prémios de risco exigidos pelos investidores para deter dívida pública portuguesa. A que devemos atribuir, desta feita, o mau feitio dos mercados? A resposta: a anarquia mansa que grassa por aí, consubstanciada na falta de progresso material nas políticas que se impõem para resolver o excesso de endividamento - externo e público – e o défice de competitividade. Os mercados já se cansaram de grandes proclamações, como a que ontem, com grande alarido, prometia uma execução orçamental de 2011 mais próxima do objectivo tendo por base o forte crescimento homólogo das receitas fiscais em Janeiro.
Para acreditar na solidez financeira de Portugal, não chegam medidas pífias, “para português ver”. Os investidores querem ver reduzido o peso do estado, implementadas reformas estruturais que flexibilizem o mercado de trabalho e libertem os sectores económicos mais fechados e regulamentado. Sobretudo, esperam um sentido de urgência e responsabilidade totalmente ausente da actuação do governo desde a eclosão da crise europeia na transição de 2009 para 2010. Basicamente, os investidores querem Portugal “Longe da Anarquia Mansa que [o] Tolhe”.
Enquanto assim não for, o custo da dívida pública continuará a subir até que alguém se disponha a “arranjar-nos” uma utopia que nos retire do limiar do abismo.
Sempre fomos uns incompreendidos, caro José Maria, eles não compreendem estas especialidades...
ResponderEliminarSantana Lopes, entrevistado acerca deste assunto das taxas de juro, aponta o dedo à instabilidade política e à infantilidade dos partidos, ao alimentarem a ideia de uma moção de sensura ao governo, a prazo. Ou seja... ambos estão a prazo, por aquilo que se percebe, o governo e a moção, resta perceber se a moção é que dita o prazo ao governo, ou se a oposição, não sente ainda a confiança necessária, para emitir a ordem de despejo ao governo.
ResponderEliminarNo seu livro "Mudar de Vida", Luis Marques Mendes, opina duas soluções para este estado de coisas... aquelas a que já todos chegámos; ou a resignação, ou a mudança, de olhos postos no futuro.
Falta-nos o lider, parece que a crise, não é só económica, é também de carismas...