sexta-feira, 1 de abril de 2011

Aprender até morrer



No rescaldo de mais uma jornada de greve ocorrida numa das empresas públicas ciclicamente desequilibradas, a CP, leio no Sol que há maquinistas que têm salários anuais que excedem 50 mil euros/ano, e que  «engloba abonos de produção, subsídios fiscais, ajudas de custo e subsídio de agente único. Só por se apresentar ao trabalho, cada maquinista recebe mais de seis euros por dia, devido ao subsídio de assiduidade».
Não sei se é assim como o jornal conta citando fonte "oficial" da empresa. Mas já nada me espanta. Nem mesmo me espanta a dose de criatividade que é suposto ter para inventar um subsídio por cumprimento de um dever (um dever primário, de resto, como é o dever de assiduidade); ou, pasme-se, para criar a figura do "subsídio fiscal", que suponho seja uma compensação pelos...impostos devidos.
Estamos sempre a aprender. E a descobrir as razões mais profundas do momento difícil que atravessamos.

9 comentários:

  1. o problema é que ha para aí uns palhaços, que falam, falam, falam, falam e eu não os vejo fazer nada... ahhh!
    http://www.youtube.com/watch?v=f2BbLVqHYPw

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  2. Infelizmente, não acontece só com os maquinistas. Parece que neste país é uso “inventarem-se” mil pretextos para que alguns beneficiem de benesses que a outros são completamente vedadas. E, claro, o prejudicado é sempre o país e todos os outros, pagantes.
    Há tempo li um artigo do Dr. Marinho Pinto, onde era referido que os juízes dos tribunais superiores são abonados com um chorudo subsídio de renda de casa (que pode ser dobrado, para a mesma habitação, nos casos em que são casal) que é isento de imposto e que é atribuído ainda que os senhores vivam em casa própria. Dizia mais, que esses privilegiados, quando se deslocam de casa para trabalhar, para além de transporte gratuito têm direito a ajudas de custo.
    A ser isto verdade, quando o exemplo não vem de cima, o que se espera?
    Nota: o que descrevi foi de memória e pode, eventualmente, conter falhas de pormenor. No entanto o contexto genérico é o que fica descrito.

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  3. Ah ah ah ah ah ah ah :D
    Boa Bartolomeu.

    Subsídio de assiduidade devia eu ter! Sou sempre certinha e não falto... e depois quando me acontecem desgraças (nota: tem mesmo que ser uma desgraça a sério, partir unhas e espirrar não vale), nem sequer sei como é que funcionam as baixas... nem sei onde é que se arranjam.

    A primeira vez em que, de facto, me aconteceu uma desgraça e tive de ser internada (não, não foi num hospício), a única coisa que se me ocorreu perguntar à enfermeira foi se me passavam um papelinho para eu poder justificar as faltas :S... depois dizia-me a moça assim "não se preocupe com isso agora" e quem é que mandaram a seguir? A psicóloga.

    É indecente e injusto, é só o que vos tenho a dizer.

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  4. Conheco de perto a realidade dos maquinistas, por isso esta noticia do Sol parece-me mais um caso de propaganda disfarcada de noticia, e sem direito a contraditorio, com o obvio objectivo de atacar toda uma classe profissional e inquinar ainda mais a opiniao publica contra esta.

    Se poderao haver casos pontuais em que se verificaram tais rendimentos, estes serao uma excepcao e nao a norma, e certamente sairam do coiro do individuos que os auferiram a custa de muito trabalho extraordinario, descansos cortados etc.

    Infelizmente os media prestam-se a estes fretes.

    Se se derem ao trabalho de procurar nos comentarios a noticia no Sol Online poderao encontrar a resposta de um dos visados que os podera esclarecer um pouco mais, procurem pelo nick "almeola"

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  5. Anónimo16:55

    Obrigado, Nuno, pelos seus esclarecimentos. Não por acaso coloquei a reserva sobre a notícia.
    No entanto, pode já agora informar se existem os subsídios de que fala o texto? É que foi esse o aspecto que mais me chamou a atenção.

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  6. Nao conheco assim tao de perto :-), eu proprio nao sou maquinista.

    Sei que existem alguns subsidios, como de resto os ha noutras profissoes, mas nunca ouvi falar em ajudas de custo, subsidios fiscais, abonos de producao etc. A existirem, e nao estou a defender ou questionar a sua justica, certamente nao contribuirao sobremaneira para a formacao do salario mensal. Como disse a haverem situacoes de vencimentos excepcionais como as descritas, serao devidas maioritariamente a trabalho extraordinario, e nao a mordomias. E ha bastante trabalho extraordinario na CP devido a falta de pessoal, porque a CP nao tem admitido e formado novos maquinistas.

    Alias, a razao, ou uma das razoes das greves actuais, e devido a empresa der denunciado unilateralmente o acordo da empresa e estar a tentar forcar os maquinistas a trablho extraordinario, sem o pagar.

    Mas certamente o sindicato dos maquinistas estara a disposicao para esclarecimentos a quem queira ouvir o outro lado da historia, como certamente o estaria para os jornalistas do Sol caso o tivessem solicitado.

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  7. Nuno,

    Ao contrário do que possa parecer, eu não sou contra bónus de produtividade, nem contra as acções dos trabalhadores da CP (e companhias afins), até porque sei o que é transformarem uma excepção - que são as horas extraordinárias - numa regra.

    Eu não faço horas extraordinárias. A única excepção a esta regra é quando o pedido é feito de acordo com a legislação em vigor e isso implica o respectivo pagamento. Tal como eu costumo andar sempre, por aqui (e ali), a dizer; não trabalho à borla. É uma questão de princípio e que distingue o profissionalismo do amadorismo.

    Quando há mais trabalho do que trabalhadores e não há margem para contratações, redimensiona-se o trabalho aos recursos humanos existentes e um gestor que não sabe disso então não devia ocupar o cargo.

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  8. Completamente de acordo Anthrax... infelizmente o que nào falta no sector empresarial do Estado são gestores que não deviam ocupar o cargo, e demasiados cargos para gestores que não deviam ocupar o cargo... aliás, o verdadeiro problema é haver demasiado sector empresarial do Estado.

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  9. Anónimo20:28

    Os maquinistas têm realmente uma série de subsidios, alguns dos quais que não lembram ao diabo mais pintado. Como seja o caso do prémio de condução, ou seja, os maquinistas recebem um prémio por fazerem aquilo para que já são pagos: conduzir. O prémio de condução é calculado como função dos quilometros, minutos e quantidade de turnos trabalhados num mês. De todos os que o Ferreira de Almeida menciona no texto original, só o subsidio fiscal não conheço. Os restantes sim, existem mesmo.

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