terça-feira, 19 de abril de 2011

O Costa do Intendente

"Ainda cheira a tinta fresca", reportava a jornalista, ao mesmo tempo que nos mostrava o novo gabinete do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Estávamos perante uma medida de grande alcance político.
António Costa, decidiu mudar o seu gabinete da Praça do Município para o Intendente.
Tentei perceber a ideia.
Mas não consigo.
Só a entendo como mais uma operação de marketing em que o PS se especializou.
Afinal em que é que a proximidade do gabinete do Presidente da Câmara Municipal, resolve um problema?
Espanta as pegas?
Enxota os vagabundos?
Assusta os chulos?
Recupera os prédios?
Requalifica um conjunto urbano?
Melhora o desempenho dos serviços municipais?
Não! Nada disto.
Mas mostra que o Sr. Presidente da Câmara está preocupado. Muito preocupado.
De tal forma preocupado que já estou a imaginar os Vereadores a seguirem-lhe o exemplo.
Cada um ruma ao seu recanto lisboeta.
Já consigo imaginar o Sá Fernandes instalado num aterro sanitário, a Helena Roseta na Zona J de Chelas, o Manuel Salgado na antiga Feira Popular e o Nunes da Silva no meio da Calçada de Carriche a contemplar mais um engarrafamento...
Resolvem alguma coisa.
Obviamente, nada.
Mas mostram que estão preocupados.
Mesmo muito preocupados.

5 comentários:

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  2. caro V. Reis,
    Devido ao cada vez mais ineficiente serviço de correio e à grande probabilidade de extravio no labirinto burocrático da CML tomo a liberdade de por interposta pessoa/blog apresentar a seguinte mensagem cuja transmissão agradeço antecipadamente:
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    Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,

    Faço votos de que a instalação na nova morada se tenha realizado como desejava V. Exa.
    Porém, devo informa-lo que a fauna exótica do Intendente está a voar para o meu bairro e a ocupar os prédios abandonados e em ruína que infelizmente são cada ano mais numerosos.
    A maioria dos meus vizinhos, cujo rendimento anual é inferior à nova renda mensal que V. Exa. vai impor ao município, diz-me que se pudesse também mudava de residência. As ruas e passeios do nosso bairro nunca estiveram tão sujas e esburacadas como agora. Os técnicos de operação sanitária, ou de designação equivalente, insistem em deixar o lixo nos canteiros das árvores e os recipientes de reciclagem são zonas de acumulação de lixo. No entanto quero salientar a criatividade do V. pessoal técnico em tapar os buracos do passeio com as folhas mortas do outono.
    Atravessar as ruas do meu bairro equivale a uma aventura pois só quem cá vive há mais de 10 anos se lembra da localização das passadeiras. Os automobilistas apressados que por aqui circulam não as conseguem visualizar nem com boa vontade. os sinais de trânsito estão tapados pelas ramagens das árvores que há muito não são tratadas e podadas. Estas árvores do meu bairro persistem devido às adubações diárias dos animais domésticos e ao lixo orgânico que é depositado nos canteiros pelos peões que por aqui passam a caminho do hospital.

    Comenta-se aqui no bairro que V. Exa quer ser Presidente da Republica como aquele seu antecessor que fazia discursos muitos emotivos, ou Primeiro Ministro como o seu amigo filósofo. Creio que para atingir esses objectivos V. Exa terá que mostrar mais trabalho e competência do que o que tem mostrado até ao presente. Terá que gerir melhor os impostos que os seus munícipes com grande esforço e abnegação pagam anualmente. Posso garantir a V. Exa que a CML não precisa de mais funcionários e parece-me que muitos deles andam a faltar aos seus deveres de serviço. Os Lisboetas do séc. XXI estão mais informados por causa das internetes e feicebuques e V. Ex.a não quer que eles comecem a pensar como a dona da mercearia que passa os dias a exclamar "Oxalá Deus nos ajude que com homens destes não vamos a lado nenhum".

    Expostas as minhas preocupações pelo bom ambiente do meu bairro, desejo que as novas instalações providenciem a V. Exa uma energia e ânimo renovados para resolver os problemas desta cidade e levar a bom termo o V. mandato.

    Atentamente apresento os meus melhores cumprimentos,

    Maria
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  3. Caro Vítor Reis,
    Não sou de Lisboa, não vivo em Lisboa, nunca fui ao Intendente e só conheço o Intendente da "comunicação" popular.
    Mas desculpe que lhe diga com toda a franqueza: se não "consegue perceber a ideia", então não percebe nada de política. A política são ideias, decisões e mobilização. E a mobilização remete sempre para gestos e palavras simbólicas. Sem esta componente não temos política, temos pseudo-políticos, daqueles que "nunca têm dúvidas e raramente se enganam". É "apenas" disso que se trata. Pelo menos é o que eu vejo daqui, da província.

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  4. A política transformada na arte das ilusões...
    ... só para os que gostam de ser enganados!

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  5. Caro Vitor Reis
    Não sei se a política é "arte das ilusões".
    Mas, se me iludurem (convenserem),levando-me a acreditar (e a participar) e no fim o resultado me beneficiar, isso foi boa política. Ou melhor, isso foi POLITICA.
    Política não é ter razão.Política é procurar (e conseguir) resultados.
    Política, não é fazer. Política é (levar as pessoas a)fazer as coisas a acontecerem..
    Política não é. Política é o que vai ser. Os meios para atingir os fins.
    Como Maquievel tão bem sabia, os fins (conseguidos) justificam (quase) todos os meios.
    Por isso, falar dos meios, omitindo os fins, não é política, é inveja - a auto-reconhecida arte portuguesa.

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