terça-feira, 12 de abril de 2011

O infortúnio de Portugal...

1.Das poucas imagens e expressões que retive de um Congresso que terá constituído, se bem percebi, uma gigantesca operação (ou tentativa, pelo menos) de branqueamento dos enormes erros de política imputáveis ao executivo agora em gestão, houve uma frase que feriu particularmente a minha sensibilidade: “Orgulhamo-nos do que fizemos pelo País”.
2.Não quis acreditar quando li a primeira vez; tive que reler uma e mais vezes, mas era mesmo assim - os principais responsáveis pela catastrófica situação a que o País chegou, depois de terem acumulado erros capitais de política ao longo de 6 anos, conduzindo-nos até dentro da fronteira da insolvência e do “linchamento” económico, orgulham-se do que fizeram pelo País!
3.Espantosa, também, a benignidade com que uma grande parte da comunicação social acolheu esta mensagem, como se a mesma apresentasse elementos mínimos de respeitabilidade...
4.Mas ainda mais espantoso, numa cadeia ascendente de delírio e acefalia colectiva, foi testemunhar o exercício de atribuição ao 1º responsável pelo estado de decadência terminal em que nos encontramos do estatuto de “herói”, de grande resistente, de criatura que não vira a cara à luta e que vai até ao fim...
5.Esta dramática incapacidade - involuntária ou consciente, tanto faz – revelada por grande parte dos “media”para entender que esta “resistência” é uma enorme ameaça potencial,uma verdadeira ARMA DE DESTRUIÇÃO MACIÇA apontada aos interesses fundamentais do País, é algo de profundamente perturbador...
6.Depois de toda a prova abundantíssima, arrasadora, acumulada de forma pública e notória ao longo de 6 anos, de incompetência para gerir adequadamente os destinos do País – como é possível que a simples montagem de um espectáculo mediático, com recurso às mais modernas tecnologias mas obviamente dirigido à venda de “banha da cobra”, tenha sido suficiente para estas “luminárias” entrarem no jogo de branquear aquela prova e de incensar o “resistente”?
7.Ao presenciar este espectáculo deprimente, tornou-se para mim bem mais visível (se era possível) o imenso infortúnio a que Portugal está votado...

15 comentários:

  1. Caro Tavares Moreira,

    Os media estão em transição de rabo. Ainda está tudo muito confuso e, por isso vão lambendo todos os rabos encontram.

    Quando o PSD fizer um evento qualquer eles lá andarão a lamber os rabos que houver para lamber, esteja descansado. E, quando o PSD ganhar as eleições, lá estarão os comentadores a falar do óbvio erro do Sócrates, como se ganhar lá falarão do óbvio crime da oposição.

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  2. Caro Tonibler,

    O seu comentário, lúcido certamente, vem reforçar a triste conclusão do meu Post...

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  3. Anónimo13:07

    E o mais interessante nesta história toda é que Sua Excelência o heroi da mula russa, o resistente orgulhoso, tem, a confiar nas sondagens, 30% do eleitorado. Sinceramente parece-me que o muito grave é essencialmente este facto. O que significa que é acompanhado no seu orgulho por 1/3 dos eleitores Portugueses.

    Realmente concordo com a conclusão do nosso Amigo Tavares Moreira sobre o imenso infortunio a que Portugal está votado. Adiciono é outras premissas àquelas que o distinto blogger apresenta.

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  4. Caro Tavares Moreira,

    Temos uma comunicação social que vive noutra galáxia, basta olhar para os rendimentos de quem lá trabalha para percebermos isto...

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  5. Sr. Tavares Moreira,excelente texto
    Os jornalistas, estão orfãos, andam á procura de novo dono, entretanto, vão-nos dando com sondagens, a ver se a malta, ainda acredita naquilo.

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  6. “Orgulhamo-nos do que fizemos pelo País”
    Bravo, bravíssimo.
    O triunfo da irresponsabilidade, ignorância, desfaçatez ao mais alto nível.
    Razoável adaptação de outro triunfo.
    "O triunfo dos porcos"

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  7. O país, é conservador, dominado por uma comunicação social de ´´pequenos burgueses´´ da esquerda «sinistra», anestesiado com os desvarios de Sócrates, não se conforma que esta crise resulta de gastos incomportáveis, com o alcatrão, os estádios os aeroportos, os BPN´s, e a restante robalheira, mais ou menos descarada, que sempre nos dizem, não ter custos para o Estado, mas como não há almoços grátis, chegou a altura de pagar a factura.
    O prof. Medina Carreira avisou com antecedência. A Dra Ferreira Leite, foi crucificada pela obsessão do défice.
    Ingénuos, foram os que acreditaram que o estado pode criar postos de trabalho, o PS criou empregos escandalosos aos boys do partido, pagos com dinheiros públicos, indemnizações milionárias, e pior corrompeu a justiça.

    Ele avisou, tornar um país mais pobre, e conseguiu. O diabo que o carregue. "http://www.youtube.com/watch?v=PaBO0j9x5iU"

    Já que infelizmente, estamos condenados a seguir os gregos, porque não servir cicuta a Sócrates.

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  8. Caro Tavares Moreira
    Discordo da qualificação de infortúnio. Aqui chegámos na esteira de uma maioria absoluta, seguida de uma relativa.
    De olhos bem abertos ainda que possamos não ter tido, a tempo e horas, a informação que necessitávamos. Também é verdade que, poucos questionaram a situação e, muitos menos desejaram saber os dados essenciais.
    Os últimos 150 anos circunstâncias fortuitas contribuiram para o que somos hoje. O analfabetismo, uma pobreza sem fome, o equilíbrio geral obtido à custa das rendas de propriedades que mal conhecíamos e a longinquidade do centro europeu cristalizou a sociedade. ( Eça e os seus contemporâneos são actuais, ao passo que, por exemplo Balzac está "datado").
    Somos os hamish europeus, com internet e carros; habituados a fugir aos problemas oferecendo alguns marevidis suplementares aos maçadores ou, em alternativa, convidando-os a sair. Não há nada mais português que "quem não está bem muda-se".
    Hoje, estão-nos a pedir uma escolha simples: se querem ser europeus e participar no euro, mudem de atitude e comportamento, caso contrário, saiam daqui. Quem não está bem muda-se.
    Por isso é que esta situação amedronta muita gente e, como diz Tonibler, andam todos em busca de uma narrativa, pré cozinhada, qual cães em fase de reconhecimento.
    O Congresso do PS é o passado, o baluarte desse Portugal português que tem medo do futuro e para quem arriscar é um anátema; o condutor em sentido contrário na auto estrada que não se dá conta.
    O futuro ainda não está nem definido nem corporizado nas alternativas que se apresentam; mas vai ser apresentado em breve.
    Para a europa onde (con)vivemos vai para mais de vinte anos, é com assombro e espanto genuíno que damos a conhecer aquela faceta escondida que tem o ar e o sabor a mofo das coisas antigas. Parecemos um bando de galinhas sem cabeça, correndo em redor de nada.
    O congresso da semana passada, para um estrangeiro foi como um regresso ao passado com roupagens modernas.
    De tão importante que foi (o Congresso) que, bastou um leve abanão, personificado na candidatura de FNobre nas listas do PSD para se esvaneçer no ar.
    Cumprimentos
    João

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  9. Anónimo17:18

    Caro Tavares Moreira,

    Não é preciso perder mais tempo. Basta ouvir os comentários a tudo o que se está a passar e o filme do futuro está feito. Hoje mesmo, no JN, o desplante é de tal ordem que ao lado de um texto com foto de Fernando Nobre que relata o fecho do perfil devido aos comentários insultuosos, aparece uma seta para baixo. Depois cada um interpreta como quiser. Já no mundo real, em Bruxelas, um ministro em exercício de funções fala de humilhação de Portugal, enquanto que o PM fala de orgulho em 900 anos de história: "Luís Amado, avisou esta terça-feira, no Luxemburgo, que os “principais responsáveis políticos” terão de cooperar mais no futuro para Portugal sair mais rapidamente da situação atual de “vergonha” e humilhação” face ao estrangeiro."

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  10. É, realmente muito triste como essa mensagem ainda encontra eco em (dizem algumas sondagens) um terço dos eleitores portugueses...
    Mas, vale sempre a pena lutar contra a situação. Pois está o País em causa.
    O PSD tem que montar estratégia e reagir.
    http://notaslivres.blogspot.com/2011/04/congresso-socrates.html

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  11. Caros Comentadores,

    Registo vosso valioso contributo para o aprofundamento deste tema, que infelizmente nos vai bater pela porta milhentas vezes ao longo das própximas semanas...
    Custa-me, acima de tudo, ver o País atolado em dívidas, a economia asfixiada por um custo do capital exorbitante, por impostos pesadíssimos, sujeita a taxas e regulamentações sobre tudo e sobre nada, as novas gerações sem esperança e sem futuro.....
    E estes cavalheiros ainda se arrogam, com insuportável cinismo, depois de deixarem um imenso e quase irreparável rasto de destruição, o papel de salvadores da Pátria...
    E sob o aplauso de uma comunicação social imbecilizada...
    É demais para um País só!

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  12. "entretanto, em Matosinhos, não se faz um balanço de 6 anos, mas um dos últimos 15 dias... e visto por óculos 3D (despudor, demagogia, delírio)"

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  13. O nosso homem já mudou de estratégia e percebeu que, nos próximos anos, a pobreza e o caos vão ser terreno fértil para demagogos, Pérons, Chavez, Mussolinis.
    A destruição económica, moral e institucional, já está feita.
    Agora é só colher os frutos e a carruagem do PS/Sócrates já partiu à frente.

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  14. Parecemos os piratas do Astérix a verem afundar o próprio barco no meio de uma grande zaragata: "Caramba, rapazes, já não precisamos dos gauleses para nos cobrirmos de rídiculo".

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  15. Noite inspirada, cara Suzana. Muito inspirada :)

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