1.Duas notáveis proclamações do PM em exercício, hoje proferidas salvo erro, revelam-nos a sua costela de grande estadista, em plena forma, pronto para assumir todas as suas responsabilidades e nunca enganar cidadãos, como desde antanho nos habituou...
2.Essas declarações são: “O PSD sempre desejou que a Troika viesse para Portugal” e “Não haverá novas medidas de austeridade”...
3.Quanto à primeira, parece-me perfeitamente dispensável saber se o PSD desejou ou não desejou que a dita Troika “viesse para Portugal”.
4.Podemos até admitir que sim, que o PSD desejava ardentemente (salvo seja) que a Troika “viesse para Portugal”...
5.Mas, cabe perguntar: seria a Troika tão sensível aos desejos do PSD que só por isso ou sobretudo por isso tomasse a decisão de “vir para Portugal”, como o PM claramente sugere com esta preciosa tirada de “bom português”?
6.Não houve nenhuma razão objectiva, nenhum dado económico e financeiro que tivesse determinado essa visita?
7.O que nós sabemos é que tanto o BdeP como o FMI, como já neste espaço de opinião tive oportunidade de mostrar, divulgaram versões totalmente opostas às do PM quanto às razões do pedido de ajuda externa e da “vinda da Troika para Portugal” - e em caso nenhum esse ardente desejo do PSD aparece mencionado...
8. Coitado do PSD e dos seus desejos, só mesmo o PM lhes dá importância!
9. No tocante à promessa de que “Não haverá mais medidas de austeridade”, cabe dizer que ela é pelo menos surpreendente...pois todos tínhamos ficado convencidos, após a apresentação que o mesmo PM fez do acordo que celebrou (de olhos vendados, é certo) com a Troika, que este acordo não implicava quaisquer medidas de austeridade!
10.Esta segunda declaração do PM, para além de outro tipo de comentários que não cabem neste espaço, só nos permite legitimamente uma conclusão: de que vamos ter mesmo mais medidas de austeridade para além das contempladas neste acordo com a Troika...
11.Lamento certamente a conclusão, mas é apenas uma questão de inferência estatística, feita a partir de N declarações do PM contendo N outras promessas...
Desde há semana e meia que tenho a sensação, talvez errada, de que Sócrates já está certo de que perdeu e que anda a minimizar a derrota. Nessa situação, pode entrar em "fase Louçã" e prometer aquilo que bem vier à cabeça.
ResponderEliminarEste Primeiro Ministro demissionário é anedótico, porque tem feito a campanha mais imbecilizante de que há memória no nosso país, o que só é possível neste Portugal, governado, dominado, destruído pelo PS ao longo de década e meia. Nada me surpreende, até mesmo se no dia 6 de Junho vier dizer que foi o PSD quem negociou unilateralmente com a Troika.
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarTalvez tenha razão, talvez...sendo assim, o que nos reservarão ainda os últimos dias de campanha - o PM de braço dado com F. Louçã, acolitado pelos seus ideólogos M.P. e B.H., prometendo combate sem tréguas à Troika e a quem negociar com a mesma?
Mas fica uma dúvida: como será na noite eleitoral?
Caro Angulo Giro,
Em boa parte assim foi, acabamos derreados, sem dinheiro e´crivados de dívidas, mas é bom não esquecer neste momento aqueles que, tendo a elevada responsabilidade de aconselhar o governo (o Estado, até) nas orientações de política económica, estiveram sempre do lado errado...
Começando, logo em 2000, por afirmar, alto e bom som, que: "essa coisa" do endividamento externo, que alguns erradamente criticam, é irrelevante num país integrado numa zona monetária como a do Euro"...
Quem sabe, tudo é de esperar
CAro Tavares Moreira,
ResponderEliminarA noite eleitoral não sei, mas gostava que semana seguinte fosse igual àquela que teve o João Vale e Azevedo quando deixou a presidência da direcção do SLB.
Mas isso seria numa democracia séria, não na república dos bananas.
Caro Gonçalo,
ResponderEliminarSe tivessemos realmente uma folga de liquidez, como afirmou hoje, em jeito de humor negro, fonte do MdasFinanças, então valeria a pena comprar dívida pública que está cotada muito abaixo do par...
Seria uma forma de conseguir um "hair-cut" de forma pacífica, a acontento de todos...
Caro Tonibler,
Estou a lembrar-me de um famoso político Bettino Craxi, que depois de ter sido Primeiro Ministro Italiano, aí pelos finais dos anos 80 teve de se refugiar na Tunísia, onde viria aliás a falecer anos mais tarde, para escapar à justiça...
Com ele acabaria o PS italiano, que se dissolveu pura e simplesmente...