Manter as tradições é um sinal de respeito, além de preservar a identidade das populações, entretanto, ameaçadas pelo envelhecimento e desertificação. Até quando irão decorrer estes e outros festejos semelhantes? Pensei.
Domingo de Pascoela. O tempo ameaça trovoada e aguaceiros como na véspera. Pode cair uma catarata de águas livres num ponto enquanto ao lado estar um tempito agradável, a querer mesmo aquecer um pouco as almas.
Ao comentar o tempo, o verdadeiro tema universal de qualquer conversa que se preze, houve quem me contasse que por volta do meio-dia, uma hora, tinha caído muita chuva para as bandas do Coval. - Pobre Benedito que deve ter apanhado uma molha dos diabos. A partir daqui, como se pode calcular, iniciei uma navegação pelos mares da tradição e das festividades.
O Santo Benedito é um dos poucos santos negros, muito venerado no Brasil, às tantas por motivos óbvios, com tanta população escura nada melhor do que prestar culto a alguém da sua própria cor.
- Mas ele era mesmo negro ou foi queimado? – Era mesmo negro, conhecido por São Benedito o Mouro, o Africano ou o Negro. Era filho de escravos africanos e viveu na Sicília, em Palermo, onde foi cozinheiro. – Cozinheiro?! Sim senhor, cozinheiro. Até lhe atribuíram um milagre semelhante ao da rainha Santa Isabel. Um dia, o superior do convento, desconfiado de que Benedito subtraía alimentos para dar aos mendigos, intercetou-o e perguntou: - Benedito, o que levas debaixo do manto? – Rosas! Ato contínuo abriu o manto revelando belas flores. Não há dúvida de que o simbolismo da transformação do pão em rosas era corrente, não foi exclusivo da Rainha Santa, a sua tia, Isabel da Hungria, também já o tinha praticado.
São Benedito é representado, nalgumas comunidades, abraçando pães e não rosas. Já agora, pensei, talvez não seja absurdo explicar aquela frase que ouço desde sempre: “O São Benedito não come, não bebe e anda sempre gordito”! Como não deve andar sempre gordito? Não é cozinheiro? Os cozinheiros estão sempre a petiscar e a provar os alimentos. Só se fosse parvo é que passaria fome. Quando acabei de dar “a minha” explicação soltei uma risada devidamente acompanhada, terminando a conversa. Mas, mesmo assim, continuei a pensar no assunto. Gostava de saber por que razão é que se venera o São Bendito na pequena localidade do Coval.
Quem sabe se nos tempos que estão para chegar não iremos necessitar dos milagres de São Benedito, não para transformar o pão em rosas, claro, mas para ajudar a alimentar os mais necessitados e, se fosse possível, isso sim, é que seria um verdadeiro milagre, que transformasse as “rosas” em pão, que começa a faltar em muitos lares.
Transformar pão em rosas é uma manifestação poética, simbólica. Como andam por aí muitas “rosas”, que ameaçam roubar-nos o pão, poderíamos pedir a São Benedito que os transformasse em pães, fazendo com que as barriguinhas ficassem mais acomodadas e nós livres de quem prometeu falsos milagres.
Vá lá Benedito, faz um milagre, e o mais depressa possível, antes que isto estoure! Se o fizeres, vê lá tu, eu, que nunca acreditei em milagres, vou à tua festa no Coval da próxima vez, para te dar uma piscadela e beber à tua saúde...
Domingo de Pascoela. O tempo ameaça trovoada e aguaceiros como na véspera. Pode cair uma catarata de águas livres num ponto enquanto ao lado estar um tempito agradável, a querer mesmo aquecer um pouco as almas.
Ao comentar o tempo, o verdadeiro tema universal de qualquer conversa que se preze, houve quem me contasse que por volta do meio-dia, uma hora, tinha caído muita chuva para as bandas do Coval. - Pobre Benedito que deve ter apanhado uma molha dos diabos. A partir daqui, como se pode calcular, iniciei uma navegação pelos mares da tradição e das festividades.
O Santo Benedito é um dos poucos santos negros, muito venerado no Brasil, às tantas por motivos óbvios, com tanta população escura nada melhor do que prestar culto a alguém da sua própria cor.
- Mas ele era mesmo negro ou foi queimado? – Era mesmo negro, conhecido por São Benedito o Mouro, o Africano ou o Negro. Era filho de escravos africanos e viveu na Sicília, em Palermo, onde foi cozinheiro. – Cozinheiro?! Sim senhor, cozinheiro. Até lhe atribuíram um milagre semelhante ao da rainha Santa Isabel. Um dia, o superior do convento, desconfiado de que Benedito subtraía alimentos para dar aos mendigos, intercetou-o e perguntou: - Benedito, o que levas debaixo do manto? – Rosas! Ato contínuo abriu o manto revelando belas flores. Não há dúvida de que o simbolismo da transformação do pão em rosas era corrente, não foi exclusivo da Rainha Santa, a sua tia, Isabel da Hungria, também já o tinha praticado.
São Benedito é representado, nalgumas comunidades, abraçando pães e não rosas. Já agora, pensei, talvez não seja absurdo explicar aquela frase que ouço desde sempre: “O São Benedito não come, não bebe e anda sempre gordito”! Como não deve andar sempre gordito? Não é cozinheiro? Os cozinheiros estão sempre a petiscar e a provar os alimentos. Só se fosse parvo é que passaria fome. Quando acabei de dar “a minha” explicação soltei uma risada devidamente acompanhada, terminando a conversa. Mas, mesmo assim, continuei a pensar no assunto. Gostava de saber por que razão é que se venera o São Bendito na pequena localidade do Coval.
Quem sabe se nos tempos que estão para chegar não iremos necessitar dos milagres de São Benedito, não para transformar o pão em rosas, claro, mas para ajudar a alimentar os mais necessitados e, se fosse possível, isso sim, é que seria um verdadeiro milagre, que transformasse as “rosas” em pão, que começa a faltar em muitos lares.
Transformar pão em rosas é uma manifestação poética, simbólica. Como andam por aí muitas “rosas”, que ameaçam roubar-nos o pão, poderíamos pedir a São Benedito que os transformasse em pães, fazendo com que as barriguinhas ficassem mais acomodadas e nós livres de quem prometeu falsos milagres.
Vá lá Benedito, faz um milagre, e o mais depressa possível, antes que isto estoure! Se o fizeres, vê lá tu, eu, que nunca acreditei em milagres, vou à tua festa no Coval da próxima vez, para te dar uma piscadela e beber à tua saúde...
A Igreja agora está renovada e já servem todos os santos e de todas as cores e raças...
ResponderEliminarO motivo pelo qual têm lugar as festas em honra do santo, no Coval, freguesia de Stª Comba do Dão, penso que possa estar relacionado com o Convento de Santa Cruz, no Buçaco. Este convento foi construído em 1630 pelos frades da Ordem dos Carmelitas Descalços, fundada em 1567 por S. João da Cruz, nascido em Ávila no dia 24 de Junho de 1524(o mesmo dia em que eu nasci)e por Santa Teresa de Ávila.
ResponderEliminarS. Benedito fez também votos de pobreza e andava descalço, preocupando-se em ajudar os mais necessitados, princípios seguidos pela seita religiosa que professava o Catarismo e, praticantes do culto ao Espírito Santo, o mesmo de que a nossa Rainha Santa Isabel era devota, assim como S. Benedito. Tanto no milagre das rosas de Santa Isabel como no de S. Benedito, a frase reveladora foi "são rosas senhor". O milagre de Santa Teresa, deu-se à saída do castelo do Sabugal - Guarda, o culto ao santo dá-se no Coval.
Segundo alguns historiadores, Santa Isabel era também Rosa-Cruciana e... íntima dos monges Templários, grandes conhecedores dos mistérios da alquimia.