1.Acredito que a coisa menos interessante para o PS, para a sua equipa que o dirigiu até aqui e para alguns reputados ideólogos rosa, seja uma ainda mais visível identificação do governo cessante – e, por arrasto, do partido que o apoiou – com as medidas concretas inscritas no programa de ajustamento económico e financeiro, vulgarmente chamado de ajuda ou de resgate.
2.Com efeito e descontando os números mais ou menos acrobáticos que o ex-PM realizou para tentar disfarçar até ao limite do absurdo o duríssimo impacto das medidas previstas nesse documento, parece que ao PS conviria que o assunto fosse “esquecendo” ou "adormecendo" o mais possível, até ao início de funções do novo governo...
3....para que aparecesse então quase como novidade, apanhando os portugueses de “surpresa”...porque uma coisa é falar-se genericamente de austeridade, dos tempos difíceis que aí vêm, de que é preciso gastar menos e poupar mais...outra coisa, bem diferente, é ter a noção concreta das medidas, A DOER, que vão dar corpo a esses princípios gerais...
4.Ora bem, foi hoje notícia que o Ministro das Finanças está tornando público o detalhe completo das 213 medidas em que o Acordo se vai traduzir, não deixando assim qualquer dúvida de que são medidas assumidas plenamente por este governo e que pela ordem natural das coisas o próximo não poderá deixar de implementar...
5.É provável e lógico que venhamos a ouvir membros do próximo governo ou parlamentares da bancada da nova maioria proclamando, enfaticamente: “Segundo a medida nº xyz da listagem divulgada pelo ex-Ministro das Finanças e constante dos compromissos assumidos pelo anterior governo com a EU e o FM, torna-se pois indispensável aprovarmos hoje e aqui uma redução de €......milhões nas despesas...”.
6.Nesta perspectiva, tenho a noção de que este trabalho do MdasF é de certo modo uma pequena e tardia "vingança" de T. dos Santos, que tão maltratado foi, nos últimos meses, pela máquina política que rodeou o PM, ao ponto de o excluírem sumariamente das listas de deputados para as eleições...
7.Com este trabalho, T. dos Santos gruda, (usando cola UHU) o actual governo às concretas medidas de austeridade, tornando muito mais difícil qualquer ideia de distanciamento do PS face a essas mesmas medidas...
8.É, em minha opinião pelo menos, um favor ao País - também tardio é certo, mas um favor.
Caro Tavares Moreira, o ainda min fin não tem do que queixar-se. Ao longo dos anos deu os seus amens a todos os desvarios do chefe. E terminou com chave de ouro!, no dia em que fez figura de boneco empalhado ao lado do chefe aquando do anuncio duma coisa qualquer do acordo de ajuda financeira. Teixeira dos Santos semeou ventos. É natural que agora colha as tempestades na forma de opróbrio sobre o seu nome e a sua pessoa.
ResponderEliminarDr. Tavares Moreira
ResponderEliminarEsperemos também que o governo, designadamente o Ministério das Finanças, esteja a trabalhar em algumas das medidas, aquelas que têm deadlines muito apertadas, em particular para o novo governo.
Se é verdade que o novo governo não vai ter tempo para se sentar, o actual governo, ainda que em gestão, deverá estar a trabalhar tendo em vista o cumprimento do acordo. Há medidas muito exigentes com prazo de execução até ao final de Julho e outras tantas, igualmente difíceis, que terão que ser incluídas no orçamento de 2012. Esperemos, portanto, que para além da listagem o Ministro das Finanças deixe algum trabalho adiantado.
Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarA referida listagem já está disponível. Aqui:
http://www.min-financas.pt/inf_geral/SI_Medidas_PT.pdf
Caro Zuricher,
ResponderEliminarNão deixo de concordar com o que diz...é certo, o Min. Finanças deu cobertura, para além de todos os limites toleráveis, aos desvarios e opções insensatas de um ignorante em matéria de política económica e financeira...
Mais uma razão, a meu ver, para colocar em destaque este gesto fuinal, tardio como refiro, de claro desvio em relação àquilo que seriam as orientações do "chefe"...que já não é chefe!
Cara Margarida,
A 1ª prova de fogo do próximo governo vai chamar-se BPN...seria muito importante que este governo em fim de trilha ainda fizesse alguma coisa quanto a esse escaldante dossier...mas não creio, sinceramente, que faça o que quer que seja, vai deixar essa verdadeira bomba de relógio nas mãos de quem vier a seguir...quase aposto!
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarCreio inteiramente plausível a explicação que sugere para o comportamento, tardio como refere, do titular do MF.
Permito-me apenas discordar da qualificação de "favor ao País" a atitude de Teixeira dos Santos. Diria que se limitou a cumpriu apenas o seu dever, o que deveria ter acontecido, e o não foi, desde sempre.
Entretanto, um pouco off topic, ou não, os islandeses vão começar a julgar o antigo primeiro-ministro.
ResponderEliminarCaro Eduardo F,
ResponderEliminarAdmito ter exagerado na qualificação do gesto como "favor ao País"...talvez tivesse sido melhor "cumpriu o seu dever para com o País", na linha do que sugere.
sabe, habituei-me de tal modo a testemunhar os erros sistematicos dos incumbentes, prejudicando seriamente o País ao ponto de o deixar financeiramente exangue,que, ao assistir a esta atitude do MoF, de clara contra-mão em relação a esse passado miserável, até me pareceu um favor ao País...
Caro Tonibler,
Bem lembrado...e, como saberá, a acusação é de negligência grave na condução da política financeira e foi aprovada pelo Parlamento islandês (embora por escassa margem de votos, 33-30).
Se a moda pegar por cá, ainda vamos ter muito que comentar...
Tonibler,
ResponderEliminarmais on-topic que isso, é difícil!
Por cá uma acusação de negligência parece-me injusta para todos os incompetentes que temos. Afinal, esconder dívida e gastos debaixo do tapete durante anos é duma sofisticação tal que acusa-los de negligência seria pateta. E só por ingenuidade é que passaria pela cabeça de alguém que um PM semi-analfabeto seria capaz de tal proeza. No entanto, deve andar muito técnico do Min Fin. e assessor manhoso a rir-se neste momento quando deveria estar a apodrecer.
ResponderEliminarA acusação teria que ser de fraude qualificada.
Caro Tonibler,
ResponderEliminarPercebo seu estado de espírito, certamente partilhado por muito boa gente...
Mas, como bem sabe, apesar do artigo 70º da Lei de Enquadramento Orçamental prever a responsabilidade "financeira, civil e criminal" dos titulares de cargos públicos pelos "actos e omissões que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução orçamental", não há registo de aplicação efectiva de tal dispositivo legal...
Por cá o costume - o brando costume, como é conhecido - sobrepõe-se à lei, apesar de "o outro" costume ter sido erradicado das fontes de direito...
Não há responsáveis, só há vítimas - nós, que vamos ter de pagar cada vez mais impostos, em nome da necessidade de consolidação orçamental...
Por isso, até acho que uma imputação de negligência grave, que o Senhor considera insuficiente, já seria um enorme progresso!
eu já nem pedia que se condenasse alguém. Eu já só queria que todos soubessem que é possível condenar alguém por isso. Que mais cedo ou mais tarde alguém seria preso por isso.
ResponderEliminarNão é o PR que "manda" no PGR? Será que já está de férias?
Depois de tanto mal que causou, até causa admiração e é digno de louvor fazer uma coisa certa...
ResponderEliminarPois, principalmente quando da bancada parlamentar, arriscamo-nos a ter um PS de Francisco Assis (um dos de Matosinhos) a liderar o processo de implementação do MoU...
ResponderEliminarhttp://notaslivres.blogspot.com/2011/06/francisco-cigarra-assis-candidato-de.html
É exactamente isso, caro Pinho Cardão, até causa admiração este gesto positivo...
ResponderEliminarCaro Gonçalo,
Pelo menos o nome, Francisco de Assis, transporta uma conotação de bondade e amor pelo próximo...quiçà indiciando mudança para melhor?