quinta-feira, 14 de julho de 2011

A culpa não é da crise...

um casal de idosos
(ver ao minuto 23)

Vivem no quinto andar de um prédio sem elevador. Ela foi costureira toda a vida mas nunca descontou para a segurança social. Não recebe qualquer pensão. Trata do marido doente e toma conta dos afazeres da casa. As poucas vezes que sai à rua é para ir às compras e à farmácia.
Ele é reformado. Recebe uma pensão de 500 euros. Vive confinado às quatro paredes de um quarto, numa cadeira de rodas, vítima de um AVC. Gostava de fazer fisioterapia, mas não tem dinheiro para as deslocações. O serviço de bombeiros só é gratuito até ao terceiro andar. Para andares mais altos, o serviço tem um custo de ida e volta que ascende a 90 euros. Custa a crer.
Um caso de violência e injustiça entre muitos outros que habitam este país. Vidas de pessoas ignoradas e esquecidas por uma sociedade que se considera moderna e evoluída, da qual emerge um “Estado Social” que não cumpre o dever de auxiliar as pessoas que mais precisam. Ainda há quem diga que a culpa é da crise. A crise não pode justificar o injustificável...

2 comentários:

  1. Margarida, a sorte que é terem-se um ao outro, ele, com 500 €, não encontraria nenhum lar que o aceitasse e onde o tratassem com esse cuidado. Ela, com metade da pensão que ele lhe deixaria, passaria fome e vivia na solidão. Sempre dependemos uns dos outros, e cada vez mais, enquanto houver quem cuide a pobreza dói menos.

    ResponderEliminar
  2. Suzana, uma sorte suspensa por fios muito finos!

    ResponderEliminar