sexta-feira, 22 de julho de 2011

Execução orçamental até Junho: cenário de RISCO, não ROSA, para o cumprimento do défice...

1.Com a divulgação dos dados da execução orçamental até Junho,começa a perceber-se que a redução do défice das Administrações Públicas (Central, Regional e Local) para 5,9% do PIB constitui uma tarefa carregada de RISCOS...
2.Com efeito, concluiu-se agora – aqui no 4R há muito tínhamos alertado – que a “espectacular “ redução do défice das Administrações Centrais até Maio, reportada pelo anterior Governo no último dia do mandato – de 89,3% (!) com referência ao mesmo período de 2010 – era não apenas “espectacular” mas também virtual (ou ROSA, como se prefira).
3.Até Junho, com base em dados bem mais realistas, constata-se uma redução do défice das Administrações Centrais de 33,8% - podendo por exemplo referir-se que só em Junho foram contabilizados encargos com a dívida pública de quase 3 vezes o montante total que tinha sido contabilizado de Janeiro a Maio...até Maio eram € 870 milhões (a famosa técnica de empurrar os juros para a frente...), até Junho são já € 3.008 milhões e mesmo assim menos de 50% do montante orçamentado para o ano (46,7%)...
4.Este ritmo de redução do défice, de 33,8%, caso fosse mantido até final do ano propiciaria um défice da ordem de 6,5% do PIB ou seja 0,6% acima do objectivo...
5.Considerando que a receita do novo imposto extraordinário a arrecadar em 2011 será de € 850 milhões, um pouco menos de 0,5% do PIB, temos pois o objectivo do défice quase à vista...mas muito “à pele”!
6.Mas há que tr em conta que a hipótese de manutenção do ritmo de redução do défice de 33,8% até final do ano é optimista, uma vez que temos estado a assistir a uma rápida desaceleração do crescimento da receita fiscal.
7.Basta dizer que até final de Abril a receita fiscal do Estado crescia 14,9%, até final de Junho a taxa de crescimento já caiu para 5,3%... em dois meses apenas uma desaceleração brutal...
8.E nada nos deverá surpreender que a receita fiscal até ao final do ano, sem considerar o efeito do novo imposto extraordinário,continue a desacelerar como consequência da contracção da actividade económica...
9.Configura-se assim um cenário em que muito provavelmente o Governo terá que lançar mão de medidas especiais de contenção da despesa primária durante o 2º semestre, para evitar uma derrapagem no cumprimento do objectivo de 5,9% do PIB, que seria, manifestamente, a “morte do artista”...
9.Temos assim um cenário de alto RISCO, em que toda a atenção será pouca...
10. Percebendo-se também melhor o voto contra o novo imposto extraordinário por parte do PS,hoje anunciado. uma vez que a consideração do RISCO é qualquer coisa que está sempre ausente nos cenários ROSA...

6 comentários:

  1. A sério??? :O!
    A actividade económica contraiu-se?

    E ainda vai contrair mais. Como se costuma dizer: "No money, no business!"

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  2. Nem mais, cara Anthrax, a actividade económica está em contracção desde o 4º trimestre de 2010 (inc.), não se esperando outro "mood" até fnais de 2012 pelo menos...
    Mais um contraste com essa sua Terra adoptiva, onde o crescimento continua a ser uma realidade embora sema pujança dos vizinhos suecos...
    "No money, no business"- diz bem e é exactamente aquilo que aqui se passa!

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  3. No entanto existe um tal NEI que diz quem money não só para comprar o BPN como também para lançar uma OPA sobre um dos principais bancos. Ora isto é muito money. My mind boggles como costuma dizer o Caro TM.

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  4. Caro Wegie,

    Acerca do BPN ainda vamos testemunhar muitos episódios, bem interessantes ou perturbadores...

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  5. Caro Tavares Moreira,

    A cultura do a-risco, bem patente na expressão "Quem não arrisca não petisca" é um risco do retrato luso.

    A inconsciência do risco é tal que até se confunde o dito com um petisco.

    O risco é um dos sais da vida, não nos deve espantar que sendo Portugal um país de hypertensos com forte incidência de acidente cardio-vascular, economicamente tenha o endividamento excessivo conduzido à actual bancarrota rosa.

    Mesmo com o paciente ligado à máquina (importada), os fumos seguros da cremação do cadáver socretino já desenham no céu o positivismo rosa. Entretanto o tuga sonhador tudo esquece, mesmo o amargo de boca causado pelo movimento lento, esófago abaixo, dos espinhos da dita. E quando se lembra, logo os médicos de serviço lhe asseguram tratar-se de comichão trazida por ventos externos.

    Entretanto aguarda-se o desenvolvimento da novela com a chegado dos ditos ao estômago, lá para o 4o trimestre de 2011.

    Cumprimentos,
    Paulo

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  6. Bem interessante e realista essa divagação etnológica em torno do provérbio "quem não arrisca não petisca"...
    Quanto aos efeitos no estômago, pelo andar da carruagem julgo não ser necessário chegar ao 4º trimestre para se ter uma noção dos impactos mais turbulentos...
    Ou me engano muito ou teremos já um forte aperitivo no 3º trimestre, que de tão forte fará o aperitivo ser confundido com um "main dish"...

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