Quando escrevi o texto “Cães...” JMG comentou: “Uma reflexão sobre religião, escrita, pessoas más e cães bons - gostei muito. Devia felicitar o autor e ficar por aqui. Mas não resisto a recomendar, com a autoridade que não tenho, um livrinho de Louis de Bernières, editado há pouco, O Cão Vermelho. Quem tiver gostado do tom leve deste post apreciará o livro.”
Andei à procura do livro e encontrei-o. Acabei de o ler, hoje, ao final da tarde, depois de um longo dia de trabalho, espraiado num belo espaço. Vale a pena ler tão interessante livrinho, aprende-se muito e, no meu caso, recordei com saudade a minha cadela, que morreu velhinha, com dezoito anos. A minha cadela não tinha as capacidades do Cão Vermelho, nem tendência para as longas viagens e estadias fora de casa, nem protagonizou histórias relevantes, mas partilhava de algumas características com o famoso Cão do Noroeste australiano, imortalizado em bronze: lançava uns flatos, intensos e malcheirosos capazes de intervalar uma guerra e era de uma ternura, por vezes, comovente.
Caro JMG, muito obrigado pela sua sugestão.
Andei à procura do livro e encontrei-o. Acabei de o ler, hoje, ao final da tarde, depois de um longo dia de trabalho, espraiado num belo espaço. Vale a pena ler tão interessante livrinho, aprende-se muito e, no meu caso, recordei com saudade a minha cadela, que morreu velhinha, com dezoito anos. A minha cadela não tinha as capacidades do Cão Vermelho, nem tendência para as longas viagens e estadias fora de casa, nem protagonizou histórias relevantes, mas partilhava de algumas características com o famoso Cão do Noroeste australiano, imortalizado em bronze: lançava uns flatos, intensos e malcheirosos capazes de intervalar uma guerra e era de uma ternura, por vezes, comovente.
Caro JMG, muito obrigado pela sua sugestão.
Acabo de receber em minha casa o Sr. Knut, trazendo consigo o seu "Fome" que espero irá alimentar a minha sede de várias coisas.
ResponderEliminarComo criança a quem se dá o doce desejado, desfolhei-o ávidamente. Agora ficará a repousar em cima da mesinha da sala, bem à frente do cadeirão onde habitualmente me sento. Vamos manter os dois um diálogo mudo, até que ele me dirá: estou pronto, vem, vamos percorrer de mão dada o caminho do prazer; o meu, porque me lês, o teu, porque te ofereço a alma.
Contudo, neste primeiro aperto de mão que já demos, ganhei um acepipe... uma entrada, uma pequena fruição, ao ler o pensamento de Antonin Artaud «Aquilo que é importante, parece-me, não é tanto o defender a cultura, cuja existência nunca impediu um homem de passar fome, mas sim o extrair daquilo que se chama cultura, ideias cuja forma motivadora seja idêntica à da fome.»
Esta reflexão conduziu-me imediatamente o pensamento para outros destinos, um deles, o da contrariedade que se vive, efeito das avaliações das empresas de rating, nomeadamente essa última, a Sô Dona Moody's.
Poderíamos aplicar a reflexão de Antonin, também neste contexto?
Ou seja, poderão os nossos governantes reflectir também: «Aquilo que é importante, parece-me, não é tanto o defender "o recurso ao crédito", cuja existência nunca impediu um homem de passar fome, mas sim o extrair daquilo que se chama "trabalho, produção e distribuição", ideias cuja forma motivadora seja "superior" à da fome?»
Vamos ver...