quinta-feira, 7 de julho de 2011

Perguntas que são perplexidades

Ainda a propósito dos ratings, Vitor Bento assina um artigo no Diário Económico onde coloca as perguntas que fazem as minhas perplexidades. Tantos porquês sem resposta, porquê?

"Se se acha que as decisões das agências são inconvenientes e dificultam, desnecessária e desmesuradamente, os processos políticos (e financeiros) de ajustamento, porque é que as autoridades lhes dão a importância que dão e lhes permitem condicionar as suas próprias políticas. Mais concretamente, porque é que o BCE condiciona a sua política de financiamento à avaliação das agências de ‘rating', em vez de usar a sua própria avaliação e/ou a das demais autoridades de supervisão? Porque é que, para o BCE, o ‘rating' da dívida dos países membros do euro tem mais valor do que o juízo dos órgãos comunitários? Porque é que, para o Sistema Europeu de Bancos Centrais, o juízo das agências de ‘rating' é mais importante do que o dos supervisores financeiros, a maioria dos quais integra directamente aquele Sistema?".

5 comentários:

  1. Caro Ferreira de Almeida:
    Essas mesmas questões coloquei eu em comentário ao post de ontem do meu amigo "Começa a ser tempo de acabar com os excessos de ingenuidade"
    http://quartarepublica.blogspot.com/2011/07/comeca-ser-tempo-de-acabar-com-os.html
    dizia eu, e transcrevo:
    "Acontece é que as instituições europeias e reguladores europeus deram largas às agências, ao consagrarem oficialmente os ratings das empresas americanas como forma de aferir o grau de risco e a a solvabilidade dos países. Daí, o Banco Central Europeu e, por arrasto, os Bancos em geral, terem no rating o padrão do risco. Aliás, as garantias dadas ao BCE por empréstimos ao sistema financeiro são avaliadas em função do grau de risco dessas agências.
    No fundo, o que a Agências fazem é recomendações, mas recomendações que as instituições europeias acolhem nos seus regulamentos como letra de lei".

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  2. Anónimo17:10

    Eu li. E pelos vistos Vitor Bento também o leu. Mas, Pinho Cardão, sendo verdade o que ambos dizem, resta a questão: porquê esta fixação?

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  3. Sobre isso aconselho a leitura de um documento escrito em 2001 pelo matemático do ETH Paul Embrechts e mais algumas pessoas que se chama qualquer coisas como "academic response to Basel II" em que um dos pontos é exactamente a importância que é dada pelos bancos centrais (via comité de Basileia) às agências de rating e que, na minha opinião, é tão errada como atribuir essa importância a qualquer outro substituto.
    Os reguladores deviam assegurar que os bancos seguem processos de protecção dos seus depositantes e não dizer-lhes que credores são bons no fim do dia. Essa política devia ser seguida tanto pelos bancos comerciais como pelos centrais e a avaliação deveria ser a de cada um. Quando definimos uma avaliação igual para todos, acabamos por estar todos enganados e terminamos em crises como a do subprime em que todos estavam certos da forma errada.

    Mas este princípio óbvio parece não ter aceitação.

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  4. A resposta é muito simples e pode ser obtida lendo atentamente este texto.

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  5. Anónimo01:12

    Tonibler, o seu comentário é do mais sensato e clarividente que tenho lido.

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