A solvabilidade dos Bancos portugueses e o rating

Depois do corte do rating da República, a Moody`s cortou o rating dos Bancos portugueses, procedimento habitual nestes casos.
Todavia, e creio que pela primeira vez, o Banco Central Europeu veio a declarar que não iria seguir a recomendação da Moody`s.
Como é conhecido, o BCE estabeleceu como medida de análise de risco dos seus financiamentos os ratings das 3 empresas americanas e da canadiana. Acontece, no entanto, que o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia criaram um organismo regulador para a área bancária, o European Banking Authority (EBA), que vem fazendo os chamados “stress tests” aos Bancos, de forma a avaliar a sua solvabilidade em situações adversas. Todos os cinco principais Bancos portugueses analisados passaram no primeiro desses “stress tests” efectuado há uns 6 meses. Entretanto, todos tomaram medidas adicionais de forma a aumentar os seus capitais próprios, seja através de aumentos de capital, não distribuição de dividendos, emissão de dívida a longo prazo ou mesmo perpétua. Como tal, é convicção que os Bancos passarão também na segunda prova de “stress test” que já foi efectuada e estará prestes a ser divulgada.
Ao não “aceitar” a classificação da Moody`s para os Bancos portugueses, pode-se presumir que o BCE, por certo, já conhece esses resultados. E, como serão satisfatórios, e apenas por isso, agiu em conformidade.
A ser assim, uma boa notícia. Como também a de o BCE considerar e levar em conta a opinião de reguladores independentes europeus, como a EBA. Aliás, mal feito fora que duas instituições europeias, ambas com poderes de "supervisão" na área bancária, andassem de costas voltadas.