segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Pelas terras da Eslávia do Sul-Trogir - VI









Lembro-me que o pequeno Pavilhão da Croácia na Expo 98 me deixou uma assinalável impressão, vindo dessa data a minha vontade de visitar o país. Acontece que o património cultural desse país ultrapassou o que imaginar podia.

Trogir é mais uma cidade monumental carregada de história, mais uma cidade croata Património da Humanidade. Fundada por colonos gregos no século VII a.C., foi romana, croata, húngara, destruída pelos sarracenos no século XI, tártara, húngara, veneziana, do império Habsburgo, jugoslava, italiana, novamente jugoslava e croata.
Situado numa pequena ilha-península, o centro histórico é todo ele um monumento românico-gótico amuralhado e muito bem conservado: edifícios a partir do século XIII, castelo, palácios, conventos, igrejas (dez, destacando-se a Catedral de S. João do século XIII), um belíssimo conjunto, salpicado de excelentes esplanadas apinhadas de turistas. Aliás, o turismo é a principal actividade económica desta cidade de dez mil habitantes.
Trogir, uma verdadeira jóia croata e da humanidade.

6 comentários:

  1. Pergunto-me como é que estes habitantes definem a sua identidade, de quem descendem, com quem se identificam mais? Uma verdadeira viagem no tempo, caro Pinho Cardão!

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  2. Ora aí está uma bela questão que também muito me intrigou e sobre a qual interroguei várias pessoas. Procurarei dar a resposta obtida num dos próximos posts. Mas rapidamente resumirei, dizendo que o sentimento de nação e de identidade croata sempre se manteve, sobretudo na base da língua (croata)e da religião (católica), sendo que as Ordens Religiosas, nomeadamente os Franciscanos, estiveram sempre na linha da frente da defesa dessa identidade. Esse facto é reconhecido e daí a implantação da religião católica na Croácia. Por várias vezes vi,na normal visita a Igrejas e catedrais, e em dias de semana, pessoas a assistirem à Missa. E é interessante notar que o regime de Tito não conseguiu acabar com a prática religiosa.

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  3. Resta ainda dizer que, nos intervalos das invasões, ressurgia o Reino da Croácia. A língua é factor poderoso de identidade. No tempo de Tito, a língua oficial da Jugoslávia era o servo-croata. Com a implosão da Jugoslávia, logo se voltou ao croata. Aliás, o servo-croata era uma língua, imagine-se, com dois alfabetos, o latino, usado na Croácia e Eslovénia, o cirílico usado na Sérvia e Bósnia.

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  4. São construções políticas que, por muito que sejam impostas, não conseguem eliminar a raíz das coisas e a sua razão de ser. O servo-croata foi uma dessas construções, como se vê nem sequer o alfabeto conseguiram uniformizar, mas há ainda hoje muitos políticos convencidos de que a construção de uma coisa comum depende só estudos dos gabinetes e de meia dúzia de protagonistas mais ou menos voluntariosos.A realidade histórica, tão bem ilustrada aqui nestes pots, mostra sempre que não é assim.

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  5. Cara Suzana:
    De facto, é bem verdadeiro que "a realidade histórica mostra sempre que não é assim",com muito bem diz.
    Que essa realidade esteja "bem ilustrada nestes posts", isso mais devagar...Sou apenas um economista curioso pela história, e sabendo que a história, também tão mal tratada no ensino,é essencial para compreender o presente e vislumbrar a construção do futuro.

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  6. Concordo, a desvalorização da História é um absurdo que limita profundamente o conhecimento dos povos, das políticas e a capacidade para enfrentar os problemas com que se defrontam. Limita também a compreensão da língua, uma vez que muitas das obras literárias de valor implicam o entendimento dos contextos históricos e do ambiente em que foram escritos.

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