terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cansaço...

Não sei explicar bem o que vou fazer, mas não importa, o que interessa é deixar os sentimentos aflorarem à superfície como lava recalcada ao longo do tempo, o que interessa é encontrar uma qualquer zona mais frágil, mais sensível, que permita passar a ser diferente ou indiferente ao que me rodeia. É o que me apetece fazer neste momento. Sinto um terrível cansaço, não físico, mas moral, ou qualquer coisa semelhante, nem sei bem o quê, também não importa. Não consigo compreender muitas coisas. Eu que julgava não ser destituído de algumas capacidades. Mas para que servem essas capacidades? Para nada ou muito pouco. O problema deve ser o setembro. Uma boa desculpa. Nunca gostei deste mês! Porquê? Sei lá! Talvez devido a ser muito húmido, obrigando-me a sentir uma viscosidade qualquer que me perturba os sentidos e a razão. Não sei, nem me interessa. Nesta altura do ano sinto que sou diferente. Será que é o prenúncio da falta de luz? Não gosto dos dias pequenos, não gosto de me sentir pequeno, mas, de facto, sinto-me cada vez mais pequeno. O que fazer? Uma boa pergunta. Talvez recolher-me ou encolher-me em qualquer coisa ou lugar. É o que me apetece fazer neste momento. Às tantas é o que devo fazer, recolher-me, encolher-me, adormecer ou ser esquecido, tanto faz!
Sinto um estranho cansaço...

15 comentários:

  1. Então Prof. MC?!!
    Diga Não à hibernação! Não, não, não.

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  2. A questão assenta num ponto concreto, cujo, não se resume a não ter ou a deixar de possuir certas capacidades, mas sim; a não ter o uso conveniente para lhes dar...
    Ou seja... é mais ou menos como possuir um puro-sangue lusitano mas estar-se a sofrer de uma crise de hemorroidas.
    A solução, se realmente possuímos um grande gosto pela equitação... está em sacrificar o corpo...

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  3. Eu desconfio dos que nunca sentem cansaço. Às vezes´, mesmo que não haja uma causa próxima, é preciso apelar ás reservas de força, hesitar entre a hibernação, como diz o Massano Cardoso, ou respirar fundo e procurar encontrar à nossa volta as mil e uma razões para nos darmos por muito felizes. O meu amigo tem essa incrível capacidade, é natural que por vezes se sinta esgotado, isso exige mesmo muita energia. Espero que não tarde a carregar as suas baterias, caro amigo, a sua energia e a sua forma generosa e exigente de olhar à sua volta são preciosas. Um abraço!

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  4. Caro Professor Massano Cardoso
    De vez em quando também é preciso carregar energia, descansar um pouco, sobretudo quando se tem uma vida que exige e irradia muita energia. Às vezes o cansaço esconde-nos as forças, mas de repente logo aparecem a lembrar o dom maravilhoso da vida.

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  5. O Prof estava mesmo a precisar de uns dias aqui pelo Sul, numa praia despretenciosa e optima para dar uns passeios a pe, restaurantes simpáticos e com bom peixe, etc. Se complementado com a leitura de "White Tiger" e o testemunho do esforço/profissionalismo/correccao de mão-de-obra ucraniana a que as empresas recorrem para obras, ficaria cheio de energia só de pensar que eh um privilegiado. Ate se sentiria desconfortável por se sentir down...

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  6. Caro(a) MM

    Muito obrigado pela sugestão, muito equilibrada e sensata. Retribuo-lhe a atenção e cuidados recomendando-lhe uma boa obra de Ortega y Gasset, "A Rebelião das Massas", onde o autor fala do "homem-massa", que, também, por extensão, pode ser "mulher-massa". Espero que lhe seja útil...

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  7. Caro Prof Massano,

    Muito obrigada, também, pela sugestão de leitura, que cumprirei logo que possível (estou a acabar "Breve história de quase tudo", de Bill Bryson). Esqueci-me de referir o autor do livro "The White Tiger", que eh Aravind Adiga. E, já agora, devo referir que foi vencedor do man booker prize de 2008.
    A manha esta mesmo a convidar para uma voltinha pela areia molhada e observação da natureza...

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  8. Cara Dra. Suzana,

    Nem imagina como as suas palavras são verdadeiras.

    No entanto, estou convencida que mesmo os que dizem não sentir cansaço - num momento ou noutro - sentem-no. Podem é preferir embarcar numa viagem imaginária e fazer de conta que não. O único problema disso é que a realidade não perdoa e volta sempre para nos assombrar.

    Por isso, sim. Sem dúvida que parar e carregar baterias quando se deve fazê-lo é a melhor opção.

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  9. Alexander.v.nunes@gmail.com

    Caro Prof. Massano Cardoso

    Antes de descansar e se me puder aconselhar, agradecia.

    Procuro uma solução para o caso de uma amiga.

    Após dois anos de tratamentos a um mioma, no H. de Évora, contínua com hemorragias e anemia associada ao mioma.
    A última informação que tinha indicava que o mioma tinha 6cm.

    Porque não via melhoras e estava preocupado com ela, convenci-a a tentar uma segunda opinião num Ginecologista, no qual deposito total confiança. Foi consultada na semana passada. Verificou que ela, não têm 1 mas 2 miomas já com 10cm cada. Sugeriu que se fizesse uma Ressonância Magnética.

    O problema é que ela foi ao médico de família que se recusa a passar o exame, por indicações superiores. Sugeriu que fizesse um seguro de saúde, para ajudar a pagar os tratamentos.

    Depois o tratamento sugerido, embolização de miomas, custa entre 3500 e 5000 €, varia com a dimensão dos miomas na altura do procedimento.
    Do que investiguei este procedimento só é realizado em Portugal pelo Prof. Martins Pisco, no H. St. Louis em Lisboa. http://martinspisco.hslouis.pt/


    Ela está desempregada, sem meios para pagar tanto o exame como o possível tratamento. Foi professora durante 8 anos e como não teve colocação, perdeu o direito à ADSE. Só resta o SNS que não responde nestas situações.

    Questões:
    1. O Médico devia ou não passar o exame, mesmo que este tenha sido recomendado por outro médico?
    2. O médico ao recusar-se a passar o exame não deveria apresentar alternativas de tratamento/diagnóstico ou deve deixar a doença avançar?
    3. No caso de a minha amiga falecer, vítima deste problema, poderá responsabilizar-se o médico por nada ter feito, ou ela é a única responsável por não ter condições financeiras para se tratar?
    4. Existe alguma forma de o SNS ou a Segurança Social apoiarem estas situações?

    Obrigado pela atenção.
    Alexandre Nunes

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  10. O caso que apresenta merece muita atenção e reflexão. Não sou ginecologista, mas não é preciso ser-se especialista para omitir uma opinião sobre o assunto. A senhora deve ser nova, nova demais para ficar sem o útero, penso eu.
    Quanto aos conselhos e orientações fiquei, não digo estupefacto, mas, indignado. Indignado pela recusa do colega em pedir um exame, RM, devido a "ordens superiores", uma intromissão do poder político na esfera da atividade clínica e uma decadente subalternazição por parte do médico. Claro que o médico tem a liberdade de pedir o que entende, mas é um sinal de respeito colaborar com um colega especialista, logo devia pedir o exame. Quanto ao conselho de fazer um seguro doença é preverso. Não compreendo e não aceito tal atitude. Quanto às responsabilidades do clínico, claro que qualquer um pode ser chamado a responder, caso se verifique dolo ou negligência. Quanto à solução ela deveria ser encontrada dentro do SNS, talvez, para o efeito, deva inscrever-se numa consulta de ginecologia num hospital central, onde poderá ser atendida e tratada de acordo com as exigências do seu estado clínico.
    Gostaria de não ver casos como o que descreve. Espero que tudo corra pelo melhor.

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  11. Peço-lhes desculpa, Senhor Professor Massano Cardoso e comentador Alexandre, pela intromissão neste assunto.
    Considero também aviltante a situa descrita, pela falta de respeito que reflecte, pela pessoa humana.
    Neste caso, porque não é compatível com esperas de soluções que quem tem obrigação de as proporcionar, escusa-se a fazê-lo, ha que encontrar formas de contornar as dificuldades que se apresentam.
    Uma delas, pode ser a de consultar um médico particular que trabalhe também num hospital público, onde depois dê entrada da senhora em causa.
    O ideal, e esperável, seria que o sistema funcionasse como lhe compete, uma vez que isso não acontece... todos os "truques" passam a ser legais...

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  12. Ha tempos contaram-me a história de um médico (cirurgiao) diferente. Confrontado com uma questao de custos pela administração do hospital, teve o cuidado de explicar as razoes por que escolhia/usava determinado material nalgumas cirurgias (basicamente era melhor para o doente por ser menos susceptível de provocar infeccoes que, a ocorrerem, levavam o doente novamente ao hospital, com custos acrescidos nao so para doente como para o hospital) Mesmo assim, diziam-lhe, que nao podia ser. Ao que o médico pediu que lhe fizessem chegar essa instrução por escrito. Esperou, esperou, esperou... ate que se aposentou e foi trabalhar para a privada...

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  13. Caro Professor Massano Cardoso:
    Faço minhas as palavras da Dra. Suzana Toscano...

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  14. "O que há em mim é sobretudo cansaço
    Não disto nem daquilo,
    Nem sequer de tudo ou de nada:
    Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
    Cansaço.

    A sutileza das sensações inúteis,
    As paixões violentas por coisa nenhuma,
    Os amores intensos por o suposto em alguém,
    Essas coisas todas
    Essas e o que falta nelas eternamente
    Tudo isso faz um cansaço,
    Este cansaço,
    Cansaço.

    Há sem dúvida quem ame o infinito,
    Há sem dúvida quem deseje o impossível,
    Há sem dúvida quem não queira nada
    Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
    Porque eu amo infinitamente o finito,
    Porque eu desejo impossivelmente o possível,
    Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
    Ou até se não puder ser...

    E o resultado?
    Para eles a vida vivida ou sonhada,
    Para eles o sonho sonhado ou vivido,
    Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
    Para mim só um grande, um profundo,
    E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

    Um supremíssimo cansaço,
    Íssimo, íssimo, íssimo,
    Cansaço..."
    (Álvaro de Campos)

    Os beijinhos ajudam a combater estas "doenças" da alma, não ajudam?! Pois então... Muitos beijinhos para ti, papá! :)

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