terça-feira, 13 de setembro de 2011

Plano de Salvamento do Euro...não tem mesmo salvação?

1.Uma das ideias principais que emergiu de uma distinta plateia de congressistas reunida no último fim-de-semana e que muito terá impressionado o País consiste num Plano para a Defesa (ou mesmo o Salvamento) do Euro...
2.Esse plano assentaria, segundo me apercebi, em 3 pilares: (i) emissão dos tão ansiados Eurobonds, (ii) criação de uma agência europeia de rating e (iii) “orçamento reforçado” (da União Europeia”, supõe-se).
3.Trata-se de um plano tremendamente audacioso, revelador de uma profunda análise das vicissitudes que neste momento avassalam a zona Euro, não estivesse este plano defrontado com 3 "pequenas" contrariedades, 3 “senões” que desafortunadamente colocam em causa a sua viabilidade!
4.O primeiro “senão” advém da insistência nos Eurobonds projecto que, tanto quanto se percebe, está hoje praticamente morto uma vez que opiniões públicas e responsáveis políticos dos países mais solventes do centro e do norte da Europa terão percebido que isso seria uma forma de incentivar o laxismo financeiro por parte dos países financeiramente mais desequilibrados e, ao mesmo tempo, de assumirem responsabilidade pelas dívidas emitidas por estes...
5.O segundo “senão” reside na estafada ideia da criação de uma agência europeia de rating que – uma vez que já existem outras agências de rating na Europa, esta seria “especial”, certamente sujeita a tutela política – teria por missão atribuir RATINGS simpáticos, que fossem de encontro aos interesses das entidades soberanas sujeitas a avaliação...
6.Não é difícil perceber qual seria a credibilidade de tal agência de rating, em especial junto dos investidores preocupados com o risco dos seus investimentos...
7.O terceiro “senão” decorre da concretização da ideia de “orçamento reforçado”: uma vez que o dinheiro que é colocado à disposição da União não “cai do Céu” (ao contrário do que os ilustres congressistas terão suposto, na sua boa-fé), seria necessário, para concretizar tal reforço, que os orçamentos nacionais contribuíssem ainda mais para o orçamento comum...
8....Numa altura em que a generalidade dos orçamentos nacionais se encontra sob enorme stress, adivinham-se as hipóteses de sucesso deste 3º pilar...
9.Em síntese, pese embora a já referida audácia do plano em questão e o inquestionável mérito humanitário da iniciativa, a sua exequibilidade mostra-se muito próxima da total inexequibilidade...parece que este Plano de Salvamento não tem mesmo salvação...
10.Nota final: os ilustres proponentes deste plano são, com algumas adaptações, os mesmos que protagonizaram nos últimos anos uma política económica e financeira que conduziu o País a uma situação de pré-falência...será que isso lhes confere autoridade reforçada para apresentarem um Plano de Salvamento do Euro?...

12 comentários:

  1. Não tenho a mínima dúvida de que o euro tal como agora o conhecemos vai acabar. Que era aquele de que Weber e Stark - e Vítor Gaspar - gostavam.

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  2. Caro Tavares Moreira,

    Entende-se a proposta da agência de rating europeia atendendo ao processo que corre na PGR contra as agẽncias principais. Depois destas irem parar à cadeia por crimes de abuso de posição geoestratégica e cumplicidade dolosa com especuladores de economia de casino, o mundo não pode passar com um tal vazio.

    Quanto à proposta das eurbonds também há um histórico importante em Portugal a levar em conta. Eu lembro-me, por exemplo, dos meus pais terem um vizinho que queria hipotecar o prédio todo como garantia de um empréstimo e os vizinhos só descobriram quando os bancos começaram a enviar a correspondência para assinar. Se há know how no tema é claramente em Portugal.

    Quanto ao reforço orçamental, isso então nem falar. Na realidade, boa parte dos problemas da Europa de hoje residem numa insistência absurda e quase irracional, digo eu que não me acho desprovido, em contabilizar tudo. Há coisas mais importantes que o dinheiro e, portanto, é escusado e quem sabe perigoso andar aí a contar o dinheiro. E as pessoas? Sim, e as pessoas? Portanto, deixemo-nos desta ditadura tecnocrática de contabilizar as coisas e vemos que não há qualquer problema em reforçar o orçamento.

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  3. Caro Dr. Tavares Moreira,

    Exigir-se-ia um mínimo de pudor por parte dos distintos congressistas mas são infundadas quaisquer expectativas nesse sentido.

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  4. Anónimo17:40

    Caro Tavares Moreira, e alguma vez a moeda única teve salvação? Refiro-me mesmo a desde que nasceu.

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  5. Bizâncio,Bizâncio,
    ou muito me engano,
    ou os nossos distintos opinantes,
    ainda acabam a querer discutir
    o sexo dos anjos. Da Europa.
    Abriram as portas ao Mandarim*,
    agora governem-se.
    *Conforme sonho de Eça, que sonhou matar o Mandarim para lhe ficar com a riqueza.

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  6. Caro Wegie,

    Há ainda outro Euro, que já acabou: o das fantasias cor de rosa.
    Este poderá estar para acabar, como o Senhor prevêm mas ainda não sabemos, mas o outro, das tropelias financeiras e das mascaradas contabilísticas com que a rapaziada rosa ainda sonha, esse está mesmo enterrado.
    E bem enterrado, acrescentarei!

    Caro Tonibler,

    Uma descrição verdadeiramente lapidar, para podermos saborear na 6ª Feira, aos aperitivos, em Arruda dos Vinhos!

    Caro Eduardo F,

    Tem razão, pudor é tema absolutamente desconhecido para estes eleitos!

    Caro Zuricher,

    Remeto, se me permite e não me leva a mal, para a resposta supra, a Wegie...

    Caro BMonteiro,

    Estou para aqui a tentar interpreta-lo, mas creio que vou precisar de um pouco mais de tempo...

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  7. Caro Tavares Moreira:
    Com pilares dessa natureza, então é que o euro rapidamente desapareceria.
    Com uma Agência de Rating a validar loucuras, com os países a transferirem mais dinheiro para Bruxelas e com emissões de obrigações para caucionar todas as asneiras seria mesmo o princípio do fim.
    O que o meu amigo diz imagino que só poderia ser dito ao café, depois de um lauto almoço , e entre dois copos de conhaque.

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  8. Rectifico:o que o meu amigo diz que alguém disse num Congresso, imagino...

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  9. Olhem sabem o que é que esta discussão e situaçõa toda me faz lembrar?

    Uma discussão entre um casal desavindo em que cada um atira as culpas para cima do outro e trocam-se acusações de má gestão doméstica. No entanto enquanto havia disponibilidade, de uma maneira ou de outra, ambos usufruíram dos beneficios da mesma.

    O chato destas relações é que a sua maioria ou acaba em divórcio, ou acaba em homicídio (ou em divórcio e depois homicídio).

    Portanto, a continuar pelo presente caminho já se sabe onde é que vai dar (o que pode variar é o grau de violência). Agora só resta saber se há interesse resolver o problema (e para isso tem de se mudar de rumo), ou se preferem manter a trajectória e assumir as consequências, sejam elas quais forem.

    Estão a ver... a decisão é bastante simples. Só têm de escolher, rapidamente, entre o comprimido azul ou comprimido vermelho. Construção ou destruição. Agregação ou desagregação.

    Quando se sabe o que se quer, a escolha não é assim tão complicada.

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  10. Caro Pinho Cardão,

    E um cognac bem forte, neste caso, daqueles que embaciam por completo a função judicativa...

    Cara Anthrax,

    Comprimido azul? Sabe do que está a falar? Mas isso é um convite matreiro à golfaria mais completa!
    Não fazia ideia que isso pudesse ser solução mas se for...vamos a isso!
    Mais um tema para os aperitivos em Arruda...

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  11. Sei pois!
    Estou a falar do Matrix, pois então. Do que é achava que eu estava a falar?? :O

    Jamais convidaria alguém à ingestão de comprimidos não prescritos só para efeitos lúdicos.

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  12. Com toda a sinceridade, cara Anthrax, convenci-me de que estaria a prescrever, com uma autoridade irresistível, o conhecido e muito popular Viagra...
    Que alívio, depois da sua explicação!

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