domingo, 11 de setembro de 2011

Como se o passado não existisse...

Ouvi parte do discurso de encerramento de António José Seguro no Congresso do PS. Realmente, como pode o PS não fazer contas com o passado, fazer de conta que não deixou uma herança pesada, rasgar a página da sua governação que conduziu o país ao abismo, criticar o governo e falar de um novo projecto de desenvolvimento para o país que é preciso começar já apostado no emprego, no crescimento e no combate à corrupção, que o futuro que querem é um novo futuro.
Está tudo muito certo, precisamos de tudo isso e de muito mais, por exemplo, de um Estado que não falhe na protecção social das pessoas que precisam efectivamente de apoio, em lugar de andar a fazer obras megalómanas e desnecessárias sem dinheiro para as pagar. Um Estado que gastou no supérfluo, agora não tem como cuidar do essencial.
Bem sei, que o novo líder do PS precisa de um novo discurso, precisa de conquistar espaço e oxigénio para respirar, mas convenhamos que não lhe ficaria nada mal, muito pelo contrário, ter sentido de humildade e reconhecimento dos erros cometidos. Sem esta catarse não terá credibilidade para ser oposição construtiva. É por estas e por outras que os portugueses estão desiludidos com a política e com os políticos...

7 comentários:

  1. Anónimo21:52

    Margarida, está para nascer o político capaz de fazer esse acto de contrição. De resto, não foi Antonio Jose Seguro que no mesmo comício em que recusou assumir os erros do passado disse que o discurso dos políticos carece em absoluto de credibilidade?

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  2. Não entendo como se pode esperar que o Seguro não faça de conta que o passado não aconteceu. Afinal, todos os outros fazem a mesma coisa, do Presidente da República ao actual PM.

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  3. Caro Tonibler,

    Pode ter alguma razão, mas neste caso é tão flagrante e o passado é tão recente que choca ouvir condenar o Governo pelo que não fez ainda e deveria ter já feito em 80 dias, argumentando com a situação em que nos encontramos (crise, desemprego, etc.) sem uma referência a quem nos meteu nesta alhada.

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  4. É exactamente o que eu pensei ao ouvir excertos dos discursos de seguro. Seguro parece muito seguro que a crise actual, o alto grau de desemprego, a necessidade de medidas duras de austeridade para combater a dívida e a recessão daí resultante são culpa exclusiva do actual Governo, porque não teve uma política que promova o crescimento nos 80 dias que leva de vida. Até parece que há 81 dias, antes de este Governo tomar posse, o desemprego, a dívida e a necessidade de medidas duras não existiam.
    Bem sei que os casos não são comparáveis, mas veio-me à memória a coragem de Kruchtchov ao denunciar, no XX Congresso do PCUS, os crimes de Estalin. Agora, como diz Margarida Corrêa de Aguiar, é como se o passado não exixtisse…

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  5. Caro Freire de Andrade,

    Por definição, não tenho alguma razão, tenho toda! :)

    Oposição, oposição à oposição e orgãos de controlo existem para benefício dos eleitores/cidadãos, não para benefício dos opositores, opositores a opositores e controladores. Se não estão lá para para denunciar este tipo de coisas, então estão a roubar-nos dinheiro. Quando os opositores e controladores fazem de conta que nada aconteceu, das duas uma, ou os manda prender, ou nada aconteceu.

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  6. Caro Freire de Andrade
    Estou segura que Seguro quer parecer muito seguro que a culpa do estado em que nos encontramos é do actual governo. Como se num passo de magia o passado pudesse ser apagado, toda a gente esquecesse os governos Sócrates. As memórias costumam ser curtas, mas a dimensão da crise não vai permitir esse "delete" assim tão fácilmente.
    Caro Tonibler
    As coisas não assim tão lineares. Não esqueça que somos um país de brandos costumes, fazem-nos maldades e nós aceitamos tudo...

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  7. Mas não nega, cara Margarida, que haja quem seja pago para nos proteger das maldades. E quem é uma maldade igual ser pago para nos proteger das maldades não o fazer.

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