Seja qual tenha sido a intenção, depois do que aconteceu ontem na AR,uma de duas: ou o senhor deputado desaparece para sempre da circulação ou, com a ajuda de mais um esforço de originalidade parlamentar noutra qualquer ocasião, assegura um lugar na galeria dos parlamentares mais notados. Nas cortes do final da século XIX e no parlamento da I Republica faziam-se famosos os mais habéis nas artes da oratória e da eloquência, por mais vagas que fossem as ideias, os projectos e até o país de que falavam. Na anterior legislatura do parlamento da Madeira se fez, pela original forma de atuar, um tal Coelho, ao qual confiaram o seu voto para a presidência da república dezenas de milhar de portugueses sempre prontos para apreciar gestos destes. Dentro e fora do parlamento nacional se têm feito notáveis os deputados e outras figuras do bloco de esquerda, dadas a manobras circenses muito aplaudidas pelas gentes de esquerda e invejadas pela "originalidade" por muitos camaradas do PS. Tendo, pois, a vaticinar ao senhor deputado não o eclipse, mas a fama para lá, muito para lá, daqueles 15 minutos. Basta mais uma fábula e já está.
Tem toda a razão, caro Dr. José Mário, são evidentes as várias "habilidades" que alguns políticos-horadores demonstram possuir, com especial evidência para uma que é comum à maioria, inclusive ao Primeiro Ministro; a de não fazerem a menor ideia, do país que governam. Comprova-se o que acabo de referir, nos discursos inflamados de Pedro Passos Coelho antes de ser Governo, onde afirmava pés-juntos que nunca sobrecarregaria as famílias com impostos, com o fim de resolver problemas de finanças públicas. O ano passado, afirmava Pedro Passos Coelho que só concebia o equilíbrio das contas públicas, adoptando cortes na despesa e nunca à custa de receita fiscal, no Pontal, garantia que não traria um novo aumento de impostos... nem directo, nem encapotado. Ora bem... como o Homem é o mesmo, só pode ser outro o país.
Se é palhaçada, está longe de ser desprestigiante para o parlamento. Em rigor, até podemos fazer um referendo para determinar quem é detentor do maior prestígio, se um palhaço, se um deputado, e não me parece haver grandes dúvidas sobre o resultado. E se o voto serve para fazer deles deputados também serve para aferir do seu prestígio, certo? Se acrescentarmos a "palhaço" e "deputado" as hipóteses "cão" e "dejecto de cão" não me parece garantido que "deputado" ganhe o 2º lugar.
Depois, palhaçada é andar a produzir kilogramas de legislação sobre assuntos irrelevantes só porque são da moda. E isso é palhaçada que para além de desprestigiante é dispendiosa. Por isso faz-me alguma confusão que um inútil que nunca teve uma ocupação séria na vida como o Sérgio Sousa Pinto que fez da vida parlamentar a iniciativa legislativa sobre temas da moda se incomode com uma palhaçada que até fica em conta para o estado financeiro do estado.
Na sequência do comentário de JMFA, os deputados continuam a não entender o que lhes é pedido. Eloquência, originalidade, formalidade podem embrulha-la toda e metê-la onde bem entenderem. E se ainda hoje não se envergonham de ser deputados é porque estão mesmo muito longe da percepção que os outros têm deles. Corja de inúteis...
Em aditamento ao Toniler. Jornal Fundão: Jorge Seguro, deputado desta legislatura por um dia (20Jun11): "Os exemplos de irresponsabilidade política que «as últimas semanas» nos têm trazido são demasiado graves para que tudo fique na mesma" (referido a João Jardim/Madeira). Vou mandar-lhe um bilhete, substituindo «as últimas seis semanas» pelos últimos «seis anos». Curioso de ver o seu currículo, deparo com esta - "Deliberação": "Aprovação do consumo de água da torneira na AR". Digam lá se os rapazes não são diligentes, produtivos e profundos.
Eu gosto muito do Deputado Pedro Saraiva, tive a sorte de poder trabalhar com ele e respeito-o e admiro-o como profissional excelente e como pessoa.É um homem muito inteligente, muito bom carácter e que acredita que é possível discutir ideias e tomar boas decisões.Tem uma irreverência que faz dele um empreendedor, alguém que ousa fazer diferente e corre riscos para fazer entender os seus pontos de vista. Em vez de fazer um discurso piedoso a pedir sugestões para um tema que ele acharia importante, fez o "pecado" de distribuir post its, provavelmente porque acreditou que talvez assim vissem a proposta com olhos de ver.Foi uma irreverência, daí o escândalo, mas escandaloso é que, pelos vistos, seja tão difícil obter contributos das várias bancadas para algo que se considera importante para o País.Talvez daí a fúria com que o atacaram.Infelizmente, o que passa é o incidente e não aquilo que as pessoas valem, ou o interesse do que propõem no plenário, estar sentado na cadeira muito composto e nunca fazer nada fora da norma nunca suscita críticas e se calhar é a forma de se ser muito considerado. Por mim, ainda bem que este Deputado não é assim, talvez valesse a pena ouvirem o que ele tem para dizer. E, francamente, é uma pena se, como tantos outros, ele vier a desistir.
Eu conheço-o e sou seu amigo. Não ponho em causa as suas capacidade e valor. O que está em causa é algo completamente diferente. Usou uma prática que já foi elogiada por alguns e contestada por outros. A título pessoal, e apesar da irreverência do seu ato "criativo", é mais do que evidente que as reações seriam do teor que temos lido e ouvido. Por mais voltas que queiram dar, o Parlamento não é propriamente um laboratório experimental, é algo que está sob permanente escrutínio dos cidadãos. Claro que está longe de um comportamento tipo Cicoccilina, muito longe, felizmente, mas eu não aprovo certos gestos que possam por mais em causa o funcionamento do Parlamento.
Caro Massano Cardoso, foi um risco, admito perfeitamente, mas se nunca se suscitarem reacções também nunca se conseguirá mudar nada. Esta tinha, sem dúvidas, a melhor das intenções, que não a de ridicularizar o Parlamento. Já tenho visto episódios muito mais desprestigiantes no Parlamento, daqueles que me levam a temer pela qualidade lesgislativa, pelos fundamentos das decisões ou pela falta de contributos que poderiam mudar uma coisa medíocre ou insuficiente noutra capaz.Foi uma brincadeira com um fundo bem sério, acho eu, e tenho esperança (não falei com ele) de que sempre tenha obtido os tais contributos que reclamava. Para lhe dizer com franqueza, achei totalmente descabelado o dramatismo agressivo com que outro deputado se lhe dirigiu, isso é que me chocou.
Parece que se prefere que os deputados atirem insultos verbais e não verbais à tentativa de fazer qualquer coisa de diferente. Numa qualquer empresa isto era considerado um exercício normal, mas como os nossos deputados nunca trabalharam, quero dizer, nunca foram outra coisa que não deputados, acham estranho pedir idéias. É o que temos.
Há, de fato, uma tensão irreprimível para a originalidade. Mesmo onde deve imperar não necessariamente a solenidade, mas práticas de funcionamento das instituições que devem fugir ao espetáculo. Não discuto a intenção do senhor deputado, que terá sido boa, não duvido. Mas não acredito que o parlamento se prestigie ou o trabalho dos deputados melhore com estas originalidades. Alguém acima verberou a reação de outros deputados. Ouvi a de Sergio Sousa Pinto. Mas essa nem comentário merece...
No dia em que o parlamento português atingir o respeito dos seus cidadãos que têm os parlamentos asiáticos, as galinhas criaram dentes. E nos parlamentos asiáticos ferve trolha de criar bicho. Um deputado não é pago para ser cordial, original, eloquente, respeitoso,... isso são características pessoais que só interessam aos deputados e para mais alguma coisa se o conteúdo da sua participação consistir na defesa dos seus eleitores. Nos parlamentos asiáticos recorre-se à estalada se isso for necessário. E por isso têm o respeito dos seus cidadãos que os calaceiros dos deputados portugueses nunca terão. Bravo para o deputado do PSD porque ter levado a defesa dos cidadãos para lá do protocolo. Pena que não tenha aplicado a receita asiática no Sousa Pinto, aí o meu respeito por ele subiria bastante. E se há coisa que falta na política portuguesa é a adopção do par de estalos como ferramenta.
Mas isso é simples. O Tonibler candidata-se e passa em seguida a aplicar a receita aos demais! Um excelente contributo para a tal dignificação parlamentar.
É uma ideia. Ou isso ou ser travesti.Acho que toda a gente passa pela fase de fazer algo de socialmente condenável. Quem sabe se não me dá para um desses lados?...Ou traficante...
Seja qual tenha sido a intenção, depois do que aconteceu ontem na AR,uma de duas: ou o senhor deputado desaparece para sempre da circulação ou, com a ajuda de mais um esforço de originalidade parlamentar noutra qualquer ocasião, assegura um lugar na galeria dos parlamentares mais notados.
ResponderEliminarNas cortes do final da século XIX e no parlamento da I Republica faziam-se famosos os mais habéis nas artes da oratória e da eloquência, por mais vagas que fossem as ideias, os projectos e até o país de que falavam.
Na anterior legislatura do parlamento da Madeira se fez, pela original forma de atuar, um tal Coelho, ao qual confiaram o seu voto para a presidência da república dezenas de milhar de portugueses sempre prontos para apreciar gestos destes.
Dentro e fora do parlamento nacional se têm feito notáveis os deputados e outras figuras do bloco de esquerda, dadas a manobras circenses muito aplaudidas pelas gentes de esquerda e invejadas pela "originalidade" por muitos camaradas do PS.
Tendo, pois, a vaticinar ao senhor deputado não o eclipse, mas a fama para lá, muito para lá, daqueles 15 minutos. Basta mais uma fábula e já está.
Tem toda a razão, caro Dr. José Mário, são evidentes as várias "habilidades" que alguns políticos-horadores demonstram possuir, com especial evidência para uma que é comum à maioria, inclusive ao Primeiro Ministro; a de não fazerem a menor ideia, do país que governam.
ResponderEliminarComprova-se o que acabo de referir, nos discursos inflamados de Pedro Passos Coelho antes de ser Governo, onde afirmava pés-juntos que nunca sobrecarregaria as famílias com impostos, com o fim de resolver problemas de finanças públicas. O ano passado, afirmava Pedro Passos Coelho que só concebia o equilíbrio das contas públicas, adoptando cortes na despesa e nunca à custa de receita fiscal, no Pontal, garantia que não traria um novo aumento de impostos... nem directo, nem encapotado.
Ora bem... como o Homem é o mesmo, só pode ser outro o país.
Não entendo.
ResponderEliminarSe é palhaçada, está longe de ser desprestigiante para o parlamento. Em rigor, até podemos fazer um referendo para determinar quem é detentor do maior prestígio, se um palhaço, se um deputado, e não me parece haver grandes dúvidas sobre o resultado. E se o voto serve para fazer deles deputados também serve para aferir do seu prestígio, certo? Se acrescentarmos a "palhaço" e "deputado" as hipóteses "cão" e "dejecto de cão" não me parece garantido que "deputado" ganhe o 2º lugar.
Depois, palhaçada é andar a produzir kilogramas de legislação sobre assuntos irrelevantes só porque são da moda. E isso é palhaçada que para além de desprestigiante é dispendiosa. Por isso faz-me alguma confusão que um inútil que nunca teve uma ocupação séria na vida como o Sérgio Sousa Pinto que fez da vida parlamentar a iniciativa legislativa sobre temas da moda se incomode com uma palhaçada que até fica em conta para o estado financeiro do estado.
Na sequência do comentário de JMFA, os deputados continuam a não entender o que lhes é pedido. Eloquência, originalidade, formalidade podem embrulha-la toda e metê-la onde bem entenderem. E se ainda hoje não se envergonham de ser deputados é porque estão mesmo muito longe da percepção que os outros têm deles. Corja de inúteis...
Em aditamento ao Toniler.
ResponderEliminarJornal Fundão: Jorge Seguro, deputado desta legislatura por um dia (20Jun11):
"Os exemplos de irresponsabilidade política que «as últimas semanas» nos têm trazido são demasiado graves para que tudo fique na mesma" (referido a João Jardim/Madeira).
Vou mandar-lhe um bilhete, substituindo «as últimas seis semanas» pelos últimos «seis anos».
Curioso de ver o seu currículo, deparo com esta - "Deliberação":
"Aprovação do consumo de água da torneira na AR".
Digam lá se os rapazes não são diligentes, produtivos e profundos.
Eu gosto muito do Deputado Pedro Saraiva, tive a sorte de poder trabalhar com ele e respeito-o e admiro-o como profissional excelente e como pessoa.É um homem muito inteligente, muito bom carácter e que acredita que é possível discutir ideias e tomar boas decisões.Tem uma irreverência que faz dele um empreendedor, alguém que ousa fazer diferente e corre riscos para fazer entender os seus pontos de vista. Em vez de fazer um discurso piedoso a pedir sugestões para um tema que ele acharia importante, fez o "pecado" de distribuir post its, provavelmente porque acreditou que talvez assim vissem a proposta com olhos de ver.Foi uma irreverência, daí o escândalo, mas escandaloso é que, pelos vistos, seja tão difícil obter contributos das várias bancadas para algo que se considera importante para o País.Talvez daí a fúria com que o atacaram.Infelizmente, o que passa é o incidente e não aquilo que as pessoas valem, ou o interesse do que propõem no plenário, estar sentado na cadeira muito composto e nunca fazer nada fora da norma nunca suscita críticas e se calhar é a forma de se ser muito considerado. Por mim, ainda bem que este Deputado não é assim, talvez valesse a pena ouvirem o que ele tem para dizer. E, francamente, é uma pena se, como tantos outros, ele vier a desistir.
ResponderEliminarEu conheço-o e sou seu amigo. Não ponho em causa as suas capacidade e valor. O que está em causa é algo completamente diferente. Usou uma prática que já foi elogiada por alguns e contestada por outros. A título pessoal, e apesar da irreverência do seu ato "criativo", é mais do que evidente que as reações seriam do teor que temos lido e ouvido. Por mais voltas que queiram dar, o Parlamento não é propriamente um laboratório experimental, é algo que está sob permanente escrutínio dos cidadãos. Claro que está longe de um comportamento tipo Cicoccilina, muito longe, felizmente, mas eu não aprovo certos gestos que possam por mais em causa o funcionamento do Parlamento.
ResponderEliminarCaro Massano Cardoso, foi um risco, admito perfeitamente, mas se nunca se suscitarem reacções também nunca se conseguirá mudar nada. Esta tinha, sem dúvidas, a melhor das intenções, que não a de ridicularizar o Parlamento. Já tenho visto episódios muito mais desprestigiantes no Parlamento, daqueles que me levam a temer pela qualidade lesgislativa, pelos fundamentos das decisões ou pela falta de contributos que poderiam mudar uma coisa medíocre ou insuficiente noutra capaz.Foi uma brincadeira com um fundo bem sério, acho eu, e tenho esperança (não falei com ele) de que sempre tenha obtido os tais contributos que reclamava. Para lhe dizer com franqueza, achei totalmente descabelado o dramatismo agressivo com que outro deputado se lhe dirigiu, isso é que me chocou.
ResponderEliminarParece que se prefere que os deputados atirem insultos verbais e não verbais à tentativa de fazer qualquer coisa de diferente.
ResponderEliminarNuma qualquer empresa isto era considerado um exercício normal, mas como os nossos deputados nunca trabalharam, quero dizer, nunca foram outra coisa que não deputados, acham estranho pedir idéias. É o que temos.
Pois é! O Parlamento não é uma empresa, embora haja quem a utilize como tal, e como muito sucesso empresarial...
ResponderEliminarHá, de fato, uma tensão irreprimível para a originalidade. Mesmo onde deve imperar não necessariamente a solenidade, mas práticas de funcionamento das instituições que devem fugir ao espetáculo. Não discuto a intenção do senhor deputado, que terá sido boa, não duvido. Mas não acredito que o parlamento se prestigie ou o trabalho dos deputados melhore com estas originalidades.
ResponderEliminarAlguém acima verberou a reação de outros deputados. Ouvi a de Sergio Sousa Pinto. Mas essa nem comentário merece...
No dia em que o parlamento português atingir o respeito dos seus cidadãos que têm os parlamentos asiáticos, as galinhas criaram dentes. E nos parlamentos asiáticos ferve trolha de criar bicho. Um deputado não é pago para ser cordial, original, eloquente, respeitoso,... isso são características pessoais que só interessam aos deputados e para mais alguma coisa se o conteúdo da sua participação consistir na defesa dos seus eleitores. Nos parlamentos asiáticos recorre-se à estalada se isso for necessário. E por isso têm o respeito dos seus cidadãos que os calaceiros dos deputados portugueses nunca terão.
ResponderEliminarBravo para o deputado do PSD porque ter levado a defesa dos cidadãos para lá do protocolo. Pena que não tenha aplicado a receita asiática no Sousa Pinto, aí o meu respeito por ele subiria bastante.
E se há coisa que falta na política portuguesa é a adopção do par de estalos como ferramenta.
Mas isso é simples. O Tonibler candidata-se e passa em seguida a aplicar a receita aos demais! Um excelente contributo para a tal dignificação parlamentar.
ResponderEliminarÉ uma ideia. Ou isso ou ser travesti.Acho que toda a gente passa pela fase de fazer algo de socialmente condenável. Quem sabe se não me dá para um desses lados?...Ou traficante...
ResponderEliminarTravesti vá que não vá, mas traficante nunca, só se for de ideias!
ResponderEliminarMas ganha-se mais que travesti. Que deputado não, mas mais que travesti, de certeza...
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