quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Grande ideólogo das SCUT's também está indignado...Stupete, gentes!

1.O Eng.º João Cravinho, grande ideólogo e impulsionador desse extraordinário modelo de financiamento/construção/exploração de AE sem custos para o utilizador (SCUT's) – só possível no pressuposto heróico de que nenhum contribuinte as iria utilizar – veio também manifestar agora a sua indignação contra a odiosa proposta de OE/2012...
2....E fá-lo sem papas na língua, afirmando, tonitroante, que “O Governo ataca a função pública por RESSABIAMENTO NEGATIVO”...curioso conceito este de Ressabiamento Negativo...fico a pensar no que consistirá o Ressabiamento Positivo?
3.Embora já tenham decorrido cerca de 12 anos, recordo-me bem do tempo em que alguns cidadãos pouco esclarecidos levantaram reservas sérias ao modelo SCUT, argumentando que não fazia sentido a utilização gratuita de uma infra-estrutura tão dispendiosa e que não se configurava de 1ª necessidade...
4.Acrescendo que o modelo de financiamento escolhido, por concessão de rendimento garantido para os concessionários com base numa taxa de rentabilidade muito generosa, se apresentava muito mais oneroso para o Estado do que a promoção directa dos projectos, com financiamento do próprio Estado e inscrição da despesa no OE – se necessário recorrendo à emissão de dívida pública, à época de muito baixo custo e sem problemas quantitativos...
5.A estas críticas o Eng.º Cravinho respondia (quando respondia) de forma sobranceira, esclarecendo o Povo de que essas pessoas tinham uma visão puramente financista, de contabilista, não se mostrando capazes de compreender os efeitos altamente positivos sobre a actividade económica das regiões atravessadas pelas SCUT’s que este projecto era garantido gerar... e esse incremento da actividade seria + do que suficiente para compensar os custos das ditas SCUT’s...
6.Os anos passaram,passaram, continuamos à espera dos efeitos das SCUT’s sobre a actividade económica das regiões...e entretanto caímos na insolvência, também com a ajuda precisa das SCUT’s, já não havendo dinheiro para assegurar a rentabilidade aos concessionários sendo por isso necessario transformar as SCUT's em CCUT’s!
7.Mas quem está indignado, afinal, é o Eng.º João Cravinho, que lança agora os mais duros impropérios contra aqueles a quem cabe a triste tarefa de apanhar os destroços e os “cacos” de uma feira de vaidades e de desvarios (que incluía uma “barraca” para as SCUT’s) a qual, como era previsível para os tais cidadãos pouco esclarecidos, se desmantelou e acabou na tragédia a que estamos a assistir!
8.Stupete, gentes!

21 comentários:

  1. Pensar e discutir antes de despejar dinheiro nos problemas.
    Almere Amsterdam toll road not cost effective
    http://www.dutchnews.nl/news/archives/2011/10/almere_amsterdam_toll_road_not.php

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  2. Quando o caríssimo Dr. Tavares Moreira, refere no ponto 3 deste post a duvidosa necessidade de construir algumas auto-estradas e scut's, está provávelmente a esquecer-se de outras "necessidades" que não, as de utilização.
    As mesmas que presidiram provávelmente a outras grandiosas obras públicas.
    Temos no entanto de concluir, que o nosso, é um grande país e que algures, deste nobre solo lusitano, onde, só alguns, poucos, saberão; brotam incomensuráveis fortunas, que urge "despachar" à velocidade TGV, antes que elas (as fortunas) comecem a extravasar e a chegar a mãos indevidas.
    E já agora, aproveitando o "tempo de antena" relembro o almoço agendado pela nossa cara Anthrax para dia 21 (próxima sexta), mas que me parece, está a ficar-se por 2águas de bacalhau". Será?!
    ;)

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  3. Descobri, em Maio, uma nova via (já "ccut"), a A41. Ate tive medo de lá andar, pois, durante todo o percurso, entre a A1 e a A4, o meu carro era o único a circular. E questionei-me sobre os estudos de tráfego (alguém os fez?!...), os custos para o contribuinte e a impunidade dos "crânios" que decidiram a construção daquela via. Certamente ah espera de um desenvolvimento acelerado da área que a A41 atravessa, mas que poucos usam. Pobre pais este...

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  4. Anónimo13:33

    Caro Tavares Moreira, o financiamento de infra-estruturas de transporte, os modelos possiveis e viaveis consoante as caracteristicas do caso específico, não é propriamente rocket science e é algo dominado há muitos anos. Vários organismos de referência (o BEI ou o BM por exemplo) já publicaram coisas sobre o tema. Mas, claro, essa literatura sumamente desinteressante não é para doutas mentes iluminadas, é apenas para os pobres diabos que não percebem nada destas coisas e são meros aprendizes.

    Isto para não falar, claro, da necessidade ou não de construir determinada acessibilidade e dos seus efeitos que não são inerentemente positivos.

    Agora, claro, está a conta para pagar.

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  5. Quando nos idos de não-sei-quando, Fontes Pereira de Melo meteu na cabeça que construir infraestruturas iria desenvolver o interior, rapidamente pode constatar que as infraestruturas tornaram o interior mais próximo do litoral e, assim, já se podiam localizar as fábricas longe do interior onde estavam as matérias primas, o que levou a uma fuga das indústrias para o litoral e, com elas, das pessoas.

    Para o Eng. Cravinho, Fontes Pereira de Melo é uma infraestrutura que liga o Saldanha ao Marquẽs e que nada tinha a ensinar sobre o assunto. Somando a isto um raro feeling para a fenomenologia económica e temos aquilo que o futuro designará de Carvinhismo - a política feita de pedir emprestado sem intenção de pagar. Também há quem ache, entre os ressabiados menores que zero do costume, que essa política ficará conhecida apenas como burrice e que dificilmente este país poderá ter a infelicidade de levar com outra aventesma igual.

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  6. Conforme escrevi no post do Pinho Cardão http://quartarepublica.blogspot.com/2011/10/de-quando-em-vez-uma-voz-verdadeira.html, "Lembro-me de uma enorme polémica que há anos opôs Manuela Ferreira Leite e o Eng. João Cravinho sobre as PPP's, e em que ela denunciava com todas as letras o perigo gravissimo que daí adviria para os futuros pagadores. Lembro-me da questão das Scuts estar na agenda ao ponto de ter sido ela a introduzir portagens na CREL, quando Ministra das Finanças, com uma gritaria generalizada de todos."

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  7. Caro Texticulos,

    Pensar e discutir antes de despejar dinheiro nos problemas? Ora, Senhor, isso é discurso do passado!

    Caro Bartolomeu,

    Não, não me esqueço de outras obras faraónicas...só que aqui estamos a tratar somente de uma teoria do desenvolvimento "sui generis", do seu Autor e da sua actual e justíssima indignação!
    Quanto ao almoço, volto a sugerir uma época mais próxima do Natal, aí pelos finais de Novembro - vale?

    Caro MM,

    Mas olhe que há mais, a A17, por exemplo...

    Caro Tonibler,

    Este País (ou Mississipi?) já levou com tais e com tantas avantesmas que mais uma ou outra pouca diferença fará...

    Cara Suzana,

    Muito bem lembrado, recordo-me dessa azeda troca de palavras...
    E o que a "pobre" MFL, essa Financista/Contabilista, foi obrigada a ouvir, na altura!
    Creio que ela sofria de RESSABIAMENTO POSITIVO em relação às SCUT's!

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  8. Agora já não pode levar com mais, caro Tavares Moreira, porque já não há mais altos cargos em organismos financeiros internacionais para onde mandar mais aventesmas. Os outros países também têm que ter um sítio para mandar as deles.

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  9. Quanto mais se desenrola a novela sobre a situação económica e financeira deste país, maior é a sensação de que somos realmente excelentes em truques de magia...

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  10. “O Governo ataca a função pública por RESSABIAMENTO NEGATIVO”.
    Eu até entenderia algum "ressabiamento" do engº Cravinho, se.
    Se o governo já o tivesse feito regressar do seu posto de serviço em Londres.
    Não há pachorra.

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  11. Anónimo21:38

    Sempre me fez espécie o fato de nos últimos tempos João Cravinho ter sido alçado a reserva moral da nação. Ainda bem que há pessoas com memória!

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  12. Caro Tonibler,

    Isso é o que o meu Amigo pensa...lembre-se que esta gente tem uma capacidade sobrenatural para descobrir "tachos" nem que seja na Cochinchina, nalguma Fundação que por láseja criada! Vai ver que ainda vamos contar mais alguns avantesmas!

    Bem lembrado BMonteiro...ou será que o Snr. Eng.º já estará convencido da amovibilidade?

    Caro F. Almeida,

    Reserva sim, moral não...

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  13. Não vejo outro sítio onde deixar isto, portanto vai ser aqui mesmo: Então nem uma palavrinha de um blogue tão cavaquista ao discurso do Presidente sobre a equidade fiscal???

    Estava o PSD tão entretido a apoiar "sim senhor tem que ser" estas medidas de retirar ordenados à FP durante dois anos, e vem o Cavaco e trai a malta desta maneira!

    Um abraço a todos, meus caros! Continuo a acompanhar-vos!

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  14. Anónimo09:18

    Bom olhos o leiam caro Carlos Monteiro!
    Quanto ao que motivou o seu reaparecimento pela minha parte posso dizer-lhe que em Direito conhecemos "silêncios com valor declarativo" ;)
    Agora, cavaquista este blogue?!!

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  15. Trai?!
    Crê mesmo que sim, caro cmonteiro?
    Nesse caso, irá mandar para o TC, a fim de provar a inconstitucionalidade da coisa?!
    E por último, se o tribunal declarar as medidas que cortam os subsídios, inconstitucionais... então Cavaco Silva, não aprova o orçamento... hmmm? não aprova, né verdade?!
    ;))))))))
    Mas ca granda traição, não haja dúvida!

    E mais, já andam por aí uns rumores de golpe de estado... portanto, o melhor é mesmo "alguém" mostrar-se solidáriozinho com os trabalhadorezinhos da funçãozinha publicazinha.
    ;)

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  16. Caro CMonteiro,

    Perdoar-me-á se toquei nalguma corda que lhe seja mais sensível...creia que foi sem intenção!

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  17. Sobre as autoestradas que nos matam à fome há uma pergunta que se pode fazer (trade - off).
    Qual a verdadeira e necessária autoestrada para um país?

    A que começa a não ser utilizada por custos "impostos" impossíveis ao utilizador levando à degradação do percurso: a que começa na nossa boca, passa pelo nosso intestino e desagua nas estações de tratamento, quando não nos nossos sacrificados afluentes.

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  18. «Ou seja, este Orçamento equilibra as contas, segundo o memorando da troika, à custa de uma contracção permanente, feita num acto, brutal, do rendimento disponível. E a troco de quê? Já lá vamos.» PEDRO LAINS


    Pedro Lains tem razão.

    Que se cuide Passos Coelho de fazer de Portugal a Nova Argentina.

    E que não diga que outros economistas e gestores de primeiro nome Pedro não os avisaram. Como social democrata de razão, não de coração, estou com este Pedro, o Lains.

    «E, claro, ninguém com tanta fé notou que os mercados nada notaram sobre o que por cá se está a fazer. Inclusivamente, até podem responder negativamente, esses mercados, por causa da enorme contracção que aí vem, desta desgraçada economia.

    Mas insistamos nos mercados e voltemos ao Chile. Nos anos 1980, um grupo de rapazes de Chicago entrou pela ditadura chilena adentro e "cortou com o passado", fazendo um "ajustamento profundo". Os pormenores não cabem aqui, mas quatro questões importantes cabem: o país era então uma ditadura; não estava integrado num espaço económico e monetário alargado; havia uma enorme taxa de inflação; e os mercados internacionais não estavam de rastos. E o desemprego subiu a perto de 25%, sem subsídios, claro, que isso é para os preguiçosos.

    A estratégia de Vítor Gaspar, sufragada por Passos Coelho, é profundamente desactualizada e mesmo errada. Ela insere-se num quadro mental em que os gastos do Estado provocam inflação, quando estamos numa fase de baixíssima inflação; pressupõe o financiamento nos mercados internacionais de capitais, quando estes estão retraídos em todo o Mundo.

    Há alternativa? Claro que há. A Europa não se gere pelos 5% de ideias económicas que infelizmente foram parar ao Ministério das Finanças. Nem de perto, nem de longe. Passos Coelho tem muito que aprender. Já está é a ficar sem tempo para o fazer. Vítor Gaspar tem um bocado de razão em pensar como pensa. É isso que acontece sempre, entre economistas. Mas deitou essa razão por borda fora, ao ir tão longe, tão fora da realidade do país, do euro e da Europa. Precisamos de recentrar o País, para o que convém começar por reconhecer as causas das coisas»

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  19. Caro José Mário Ferreira de Almeida,

    Também creio que há silêncios esclarecedores... :)

    Caro Tavares Moreira,

    Em nenhuma corda! Partilho das suas convicções sobre a personagem em assunto.

    Sugiro também um exercício à volta do Estado e da Economia: se é para o Estado se retirar tanto da Economia, quando é que se retira de vez em vez de andar ainda a debicar impostos??

    Sim porque pagando ou nao pagando, isto vai dar coisa nenhuma na mesma, portanto seria altura de experimentar o exercicio de deixar o dinheiro todo do meu lado, que eu depois logo me safo...

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  20. Caro Tavares Moreira,

    Penso que depois das afirmações do Cavaco sobre "equidade fiscal" (conceito muito próximo de "defesa misto zona-homem-a-homem"...) a afirmação "há vida para lá do défice" tenha passado para a classe de frases inócuas e sem importância nenhuma. Agora a bitola para frases assassinas de países inteiros passou para outra divisão.

    Eu sabia que JM Coelho era o mais indicado para PR. Não acreditavam em mim...

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  21. Caro Tonibler,

    Acerca do episódio que refere, apenas uma expressão ou comentário: "the mind boggles!"
    Quanto à sua aposta em JM Coelho, teria certamente a virtude de transformar as visitas de Estado em cenas de incontrolável pantomina, enchendo as páginas dos tabloides e ameaçando a fama e a visibilidade da própria Duquesa de Alba!

    Caro CMonteiro,

    Fico mais tranquilo com o seu esclarecimento!

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