segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mercados já interiorizaram "default" da Grécia e "gostam" da ideia?

1.Um artigo do conhecido articulista do F. Times Philip Stephens, na edição da última 6ª Feira, apresentava este interessante título “Save the euro – let Greece default”...
2.Nesse artigo P. Stephens defendia, com argumentos aparentemente razoáveis, a ideia de que já toda a gente percebeu que a Grécia “não vai lá”, não consegue cumprir os objectivos estabelecidos no programa de ajustamento e que por isso não se justifica prolongar por mais tempo a agonia da economia grega nem ficcionar a capacidade da Grécia para cumprir o serviço da dívida...
3.Deixem-me citar uma passagem desse artigo que me parece especialmente sugestiva, na versão original: “Given its debt, its budget and current account deficits and its woeful lack of competitiveness, Greece cannot escape the debt trap. Austerity piled on austerity will simply kill the patient”...
4.Resulta desse argumentário, subscrito de resto por outros especialistas cujas opiniões pude ler nos últimos dias, que o importante é (i) controlar a situação dos demais países que apresentam vulnerabilidades, Portugal em particular, convencendo os mercados de que esses outros países terão condições para recuperar, (ii) adoptar medidas imediatas de sustentação dos sectores financeiros e (iii)...deixar a Grécia entrar em incumprimento.
5.Esse incumprimento da Grécia deverá ser adequadamente monitorizado para minorar danos colaterais, mas implicará um nível mais elevado de perda para os credores privados do que aquele (21%) que estava implícito no acordo conseguido na Cimeira Europeia de 21 de Julho.
6.Esse incumprimento não implicará necessariamente a saída da Grécia da zona Euro, tudo depende da capacidade de resposta da Grécia, em cenário de default, para reestruturar a sua economia, tomando as medidas que até agora não se mostrou capaz de executar e de reformar profundamente as suas instituições, acabando com uma carga infindável de mordomias e de proteccionismos que abafam a economia...
7.Pois muito bem, esta ideia de que a Grécia pode entrar em default sem que isso seja “o fim do mundo” para a zona Euro parece estar a ganhar terreno, a conquistar adeptos e, até, a convencer os mercados...que nos últimos dias estão dando inesperados sinais de confiança na superação da crise na zona Euro, em cenário de Grécia em default...
8.Será mesmo assim? Se assim for - o que ainda não tenho por certo, devo dizer - maior será a responsabilidade de Portugal para por a casa em ordem, mostrando que somos mesmo diferentes da Grécia (repetir essa oratória vezes sem conta não basta ou até pode ser contraproducente)...
9.A proposta de OE/2011 bem como a sua aprovação adquirem assim uma transcendente importância. E a sua execução ao longo do próximo ano poderá ficar como um marco histórico...de sucesso (como se espera) ou de desastre de consequências imprevisíveis (que urge evitar a todo o custo).

13 comentários:

  1. Os credores privados não têm o olho para o negócio que aqui o camarada Toni tem. Aqui há uns dois anos, resolvi comprar umas acções de bancos europeus que achei que estavam baratinhas. Um deles chamava-se Fortis e era um monstro no Benelux. Depois mudou o nome para Dexia....

    Obrigações gregas é capaz de não ser mau...

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  2. Há uma coisa que não percebo: Se parece razoável admitir que um excesso de austeridade possa "simply kill the patient", o que já tenho ouvido afirmar não só em relação à Grécia, mas a outros casos, como o nosso, já me custa a admitir que deixar a Grécia chegar ao default a livre do mesmo destino. Será que o paciente pode resistir às consequências do incumprimento? A questão é importante para nós, porque podemos chegar a uma situação semelhante.

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  3. Caro Dr. Tavares Moreira,
    Desde que a "novela" dos apoios comunitários teve início, que a "coisa" me começou a cheirar mal.
    Nunca acreditei em benevolências nem em congregações humanistas, muito menos em que alguém dê de borla e sem interesses à posteriori algo a outro.
    Por isso, sempre fui céptico em relação a tanto altruísmo comunitário. E também, porque nunca vi aquela gente toda de Bruxelas, mais os interesses económicos que defendiam, com os mesmos olhos bonómicos que os restantes e hipnotizados concidadãos do meu país.
    Por isso, toda esta fantochada a que se assiste, não me causa qualquer surpreza. Aquilo que me surpreende, é o facto de muita gente, acreditar ainda numa recuperação, obtida pelo efeito da contracção de mais empréstimos.
    Relativamente à situação da Grécia, desde ha muito tempo que para mim se tornou obvia a impossibilidade de recuperar económicamente, obedecendo às imposições comunitárias.
    Neste contexto e porque a UE acaba por ser co-responsavel pelo suporte financeiro e económico daquele país, penso que a grande preocupação deveria concentrar-se na forma de ajudar a Grécia a conseguir a sustentabilidade pós-euro. Esta sim, é quanto a mim, a grande urgência do momento, que se for encarada a tempo, poderá render frutos, tanto para a Grécia, como para Portugal, reflectindo-se nas economias de outros países que começam a dar sinais de grande fragilidade.
    A questão da injecção de capital, do meu ponto de vista, neste momento já não faz sentido. Aliás, desde ha um bom tempo atrás, que deixou de fazer. Aquilo que poderá garantir a sustentabilidade das economias dos países, num cenário de União Europeia e... mantendo o euro como moeda única, tem de passar forçosamente pelo reequilíbrio das produções e a sua regulação. Digamos que estou a falar de uma aldeia do Asterix, mas em ponto grande.
    Ou então... a alternativa, é distribuir oculos iguais ao do Sr. Alberto da Madeira... daqueles que não deixam ver os buracos...
    Obs: Está-me a parecer, caro Dr. Tavares Moreira, que tanto eu, como o nosso Amigo Tonibler, vamos um destes dias, jantar ao Saraiva, a convite de alguém que muito estimamos.
    ;))))
    (por acaso, eu até devia estar caladinho, porque ainda lhe devo um almoço, relativo à aposta das privatizações. Quer dizer... um almoço não, meio almoço, porque só errei no prazo que estabeleci, de resto...)

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  4. Ah ah ah ah ah ah ah ah ah :D!!!

    Desculpem mas eu acho isto hilariante.

    Depois de estrebucharem, espernearem e ameaçarem com o "default" (woooooooo meeeedoooo), agora já dizem que não faz muito mal. Enfim, aguardamos ansiosamente os próximos capítulos... principalmente a parte do "arranque da economia", que esse é que deve ser giro.

    BTW (aka By the Way), afinal parece que este "burgo" onde me encontro terá de saltar para fora da lista dos organismos extintos/fundidos dado que a Comissão Europeia rejeitou toda e qualquer alteração ao mesmo apresentada pelo Estado Português sem um pré-aviso de, pelo menos, 6 meses. Oooops! Azarucho... E quando chegarmos a Abril de 2012, será provalmente outra coisa qualquer dado que há vários itens por onde se pode pegar.

    Agora digam-me se não será isto um péssimo exemplo de gestão de recursos que põe em causa a produtividade de uma organização? Se quem decide tivesse feito o trabalho de casa, escusavam de ter levado um puxão de orelhas da C.E. Parafraseando o sábio Qui-Gon Jinn no 1º episódio da Guerra das Estrelas "There's always a bigger fish in the ocean".

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  5. how can we fishing-it?
    ;))))))

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  6. Caro Tonibler,

    Tem de me dizer, se fizer esse obséquio, quem é o seu consultor de investimentos...

    Caro Freire de Andrade,

    Eu partilho a sua dúvida, confesso.
    A percepção que tenho é de que, nesta fase e durante mais algum tempo, convém admitir que a Grécia será capaz de se aguentar no Euro após o "default", tomando nesse cenário as decisões que agora, apesar de toda a pressão externa, não se mostra capaz de tomar...
    Depois da situação de default consumada e de a zona Euro se ter habituado à mesma, chegará a altura de reconhecer que, feitas as contas, o melhor mesmo será a Grécia dizer adeus ao Euro...
    Veremos;ainda temos muito que aprender, trata-se de uma matéria inteiramente nova...

    Caro Bartolomeu,

    Por razões que seria fastidioso estar aqui a enunciar - é bem melhor deixarmos isso para um próximo almoço - estamos em desacordo fundamental,mas sempre amigável, no que toca aos remédioa para esta crise da zona Euro...
    Já em parece muito interessante essa sua ideia de distribuir óculos iguais ou semelhantes aos que são usados pelo Dr. Jardim e que têm a inquestionável virtude de não permitir ver buracos...
    A propósito, notícias hoje divulgadas sugerem que já existirão algumas cópias desse tipo de óculos, utilizadas pelos responsáveis financeiros do Hospital de Sta Maria...para além do Instituto do Desporto e quem sabe de mais umas centenas de responsáveis da administração pública encarregados, por orientações superiores, da chamada levitação de facturas!

    Cara Anthrax,

    Ria, ria, que o rir faz bem e é contagiante!
    Julgo mesmo que essa é a mais esclarecida forma de reagir a estas notícias...
    Quanto à prolongada sobrevivência do distinto organismo ao qual presta os seus inestimáveis serviços, felicito-a vivamente!

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  7. Perdoem-me a manifesta ignorância, mas, não é a desvalorização da própria moeda o principal mecanismo que permitiria a um país recuperar, dentro dos possíveis, a sua economia, após uma bancarrota/default?
    Como é que a Grécia vai recuperar, estando ainda agarrada ao €uro?

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  8. Caro AF,

    Se eles soubessem como, não passariam o tempo a adiar aquela reunião em Bruxelas para discutir a Grécia.

    Agora, adiaram para 23 de Outubro e se calhar quando chegar mais pertinho da coisa, adiarão novamente lá para Novembro. É uma táctica, um tanto ou quanto, aportuguesada. Parece que está tudo à espera de ver qualquer coisa acontecer, mas não se sabe muito bem o quê.

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  9. Pois, cara Anthrax,

    há uns anos havia os famosos Jogos sem Fronteiras, agora o desporto oficial parece que é o Empurrar com a Barriga, ou Kicking the Can Down the Road (versão "estrangeira" :D )

    Aliás, eu propunha que contratassem o grande Eládio Clímaco para o Telejornal, sempre que houvessem notícias dos "mercados" e das "soluções" e dos "fundos" e coisas semelhantes! Não sei porquê, mas acho que batia mesmo certo! ;)

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  10. Caro Dr. Tavares Moreira;
    Registo com imenso agrado que, no essencial, as nossas opiniões, convergem.
    ;)
    A questão da amizade, nem se coloca, assim como a da gratidão que mantenho para com a sua pessoa, com base nos aspectos que em comentários anteriores tive oportunidade de expressar.
    Quanto ao almoço, apesar de a minha última proposta não ter recebido a unânime concordância dos nossos Amigos Tertulianos, declaro-me inteiramente disponível para o dia, a hora e o local que a nossa estimada Anthrax, queira designar.
    ;)

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  11. Caro Bartolomeu,

    Enfim, chegou o grande momento, que muitos ansiavam e outros tantos receavam: estamos nas mãos de Anthrax!
    Que mais nos irá acontecer?

    Cara Anthrax,

    Apenas um breve esclarecimento, com a devida vénia: esse adiamento a que se refere, com uma certa graça, não pode ocorrer pela razão simples de que está agendada para 15 dias após uma reunião do G20 na qual os líderes europeus nela participantes se comprometeram a apresentar a solução das soluções para os problemas que estão a infernizar a vida da zona Euro...

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  12. Caro Tavares Moreira,

    Afinal o meu "consultor" é melhor do que eu pensava. O Fortis mudou de nome para Ageas e não para Dexia! Ora bolas, afinal não sou accionista de um banco falido e nacionalizado. Eu que já estava a preparar uma fuga para o Brasil como um espoliado de processos revolucionários em curso e, afinal, o banco que nacionalizaram não foi o meu.
    A mim, que me dava tanto jeito um exílio no Leblon...

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  13. Caro Dr. TM,

    Efectivamente, as minhas mãos podem ser instrumentos letais de tortura! :))... e se estiverem agarradinhas a um volante, nem vos conto! Felizmente, deram-me bom-senso e isso impede-me de as deixar agarrar o dito objecto. Mas tudo bem, o prometido é devido. Almoço dia 21/10 em local a designar e eu prometo que não escolho o MacDonalds ;P

    Quanto ao G20, já tinha ouvido falar nisso, mas não acredito muito que daí venha a solução de todas as soluções. Além disso, não encontro grandes razões para a questão grega ser debatida numa reunião do G20. A questão grega deve ser debatida e solucionada dentro da União e não fora dela. Por isso, estar a fazer depender uma possível solução de uma reunião do G20, parece-me algo que enfraquece bastante a posição da U.E e põe em causa a sua capacidade de resolver problemas internos à organização.

    Eu se fosse o Durão Barroso, neste momento, estaria a trepar pelas paredes com a audácia de uma proposta dessas.

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